Capítulo 5

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Bernardo Campos

Na tarde anterior, depois que deixei Olívia em casa, fiz homeoffice e trabalhei até tarde para comparecer ao escritório mais cedo do que o normal. Íamos começar o projeto de um prédio empresarial e estávamos fechando os últimos detalhes para darmos início a obra.

Focado em cálculos quase intermináveis, estava eu há mais de uma hora sentado cauculando números básicos de um alicerce perfeito, para a quantidade de andares e materiais que seriam utilizados. Enquanto isso, os arquitetos projetavam o design do prédio mediante ao que estava em alta.

Em meio a tudo, recebi uma mensagem que me tirou a concentração. Eu iria xingar, mas me animei — e relevei a intromissão — assim que li o nome de Olívia na tela. Abri a mensagem, rindo logo em seguida.

"Acabo de receber uma ligação da moça confirmando sobre minha irmã ter ido fazer alterações."

"Podemos resolver mais alguma coisa ainda hoje, não é?"

"Podemos. Onde você trabalha? Tem um alfaiate maravilhoso para fazer seu terno de padrinho."

"Vou te buscar na USP no final da aula."

E foi a última coisa que eu respondi, antes de voltar aos projetos. Montei no excel uma planilha de materiais e mediante a altura, profundidade e largura, cauculei o mais próximo que iríamos precisar de materiais.

Terminei os cálculos, fazendo por fim a impressão da planilha. Entreguei para outro engenheiro da construtora analisar e mandar para o chefe confirmar a compra dos materiais.

Na obra, eu era um dos responsáveis pela segurança e qualidade do serviço dos trabalhadores contratados para subir o prédio de dez andares a ser construído até maio. Tínhamos na obra, trinta homens trabalhando arduamente de segunda à sábado, pois precisávamos entregar no prazo para que não gerasse nenhuma multa.

Fora que eu estava responsável também, pelas redes de instalações elétricas e hidráulicas assim que o prédio estivesse quase concluído. Porém, eu já tinha calculado os materiais necessários, para obter uma quantidade aproximada.

Os designers de interiores já se preparavam para a decoração interna do prédio, devido ao fato de ser um local comercial para salas de atendimento de alguma coisa que ainda não havia sido decidida pelo proprietário.

Organizei a mesa e lembrei do horário que tinha combinado com Olívia — que para variar, estava atrasado. Não demorou muito para chegar até a USP e encontrar a loira sentada em um dos bancos por ali.

— Achei que não viria mais — ela entrou no carro, arrumando o cabelo.

Ela estava linda, devo dizer. Usava um vestido claro florido, sapatos de cadarço de veludo e o cabelo loiro solto. Tinha a maquiagem suave e uma bolsa nas costas.

— Acabei me atrasando, pois estava finalizando uma remessa de materiais do projeto que estou engajado — expliquei, acelerando o carro. — Onde iremos?

— Pensei na sua roupa para o casamento e acho que já tenho um modelo em mente para você.

Olívia explicou todo o caminho, dizendo ser no mesmo local que Rogério havia feito a prova, pois era um lugar de confiança. Por outro lado, Karina havia escolhido algo da Rua das Noivas, no bairro da Luz, centro de São Paulo. Tudo extremamente caro para exibir para os convidados — aquilo não poderia ser mais o perfil dela.

Entramos no estabelecimento e fomos muito bem recebidos. Expliquei como queria meu terno — mesmo que Olívia dava retoques aqui e ali —, e o senhor começou a fazer as medidas de acordo ao que ia explicando. Deixei tudo pago — pois parecia que o rapaz do recebimento estava se gabando com a qualidade de tudo ali —, e ainda dei um trocado de caixinha.

Como Cancelar um Casamento [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora