Capítulo 6 - III

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Olívia de Castro

Sentei em uma das espreguiçadeiras, voltando ao assunto com minhas amigas. Dessa vez elas falavam sobre menstruação, absorvente, ob e coletor menstrual. Entre todas eu era a única que ainda usava absorvente, pois tinha receio de usar os demais.

— O coletor é muito bom — declarou Mônica. — Além de super higiênico é amigo do meio ambiente.

— Prefiro o coletor também — Priscila concordou. — Gastei uma vez apenas e uso sempre.

— Eu me dou muito bem com o ob, então para mim é muito bom e não pretendo trocar! — Aline deu sua opinião.

Eu só escutava, pois minha mente estava bem longe dali. Deixei meus olhos fitarem Rogério que conversava com os outros caras animado. Coitado, achava que estava entrando para o grupinho. Pensando que era assim, fácil.

Por fim, decidi beber alguma coisa, mas quando fiquei e pé, vi Karina abordar Bernardo que estava na churrasqueira. Ele estava um pouco assustado com a sua atitude e bom, eu não gostei.

Ela vai mesmo dar em cima dele enquanto está com Rogério bem na cara dela???????

Sinceramente? Karina era de se vomitar.

Optei por entrar na piscina com os meninos, e acabei conversando um pouco sobre futebol e alguns filmes. Homens às vezes tinham assuntos tão chatos e outros legais.

— Mano, não tem uma cerveja — conferi todas as latas na beirada da piscina. — Cuidado ou daqui uns dias vocês estão barrigudos com tetinha.

— A linda quem fala — Rafael me empurrou, aproveitando para me dar uma rasteira dentro da água e me afundar na psicina.

— Ai, seu imbecil! — emergi, jogando o cabelo para trás e me desequilibrando.

— Opa — ouvi a voz rouca de Rogério logo atrás de mim e suas mãos tocando minha cintira.

Rapidamente, me livrei de seu toque, sabendo que poderia me causar ainda algum dano e era absolutamente tudo que eu menos queria. Levei na esportiva e pedi desculpas, voltando a brincar com os outros meninos.

Eu, de todas as amigas era a solteira. Bernardo de todos os amigos era o solteiro. Eu não era praticante de sexo casual. Nesse um ano sem Rogério, não aconteceu e claro que me sinto uma virgem. Bernardo, com certeza se aventurou, ele era tranquilo e seguro de si. Aliás, eu não devo cuidar da vida sexual de ninguém além da minha, sendo assim...

— Olívia? — Rogério me chamou, saindo da piscina como eu acabara de fazer. — Olha, sei que do jeito que nossa amizade acabou não foi muito legal, mas seria interessante se nos dessemos bem. Acho que precisamos disso para que nossas diferenças sejam anuladas.

— Rogério, nós não tivemos nada além de uma amizade com benefícios, que você mesmo desfez sem me comunicar a verdade — suspirei, querendo ser abduzida. — Era só dizer que tinha se apaixonado pela minha irmã e fim. Não teria ficado todo esse clima.

— Estou perdoado? — abriu o sorriso de lado que eu tanto amava ver nos meus dias de faculdade.

— Sim, faz tempo que sim.

Não, não está.

— Que bom então — ele riu de novo. — Você e aquele cara estão namorando?

— Por que? — estreitei os olhos curiosa com a pergunta espontânea dele.

— Não sei, pareceu — deu de ombros. — Ele não te respeita na frente dos próprios amigos, ridículo.

— Rogério, nós somos apenas amigos, algum problema com isso? — coloquei as mãos na cintura.

— Não, longe de mim — ele negou veemente. — Ele só não me parece uma boa pessoa. Você merece mais; uma pessoa melhor. Ele não é bom o suficiente para você.

Então o planinho sujo meu e de Bernardo estava mesmo dando certo!? E o que Rogério esperava? Que eu fizesse a pergunta ridícula que toda mocinha de livros faz? Aquela típica "e quem é bom para mim, então?" No fim que ele quebrou a cara.

— Enfim... E aí, ansioso para o casamento? — ou catástrofe, devo corrigir.

— Nunca estive tão feliz em toda minha vida.

Por um momento eu parei para pensar se meu planinho era realmente correto. E sim, completamente.

— Que bom, fico tão feliz por vocês! — sorri falsa. — Tenho um grande presente para vocês. Acredito que vocês irão amar!

— Estou ansioso para isso!

— Eu também.

Acabou que depois dessa conversa merda, nós nos separamos. Ele voltou para a noiva e misteriosamente meu parceiro de crime havia sumido. Procurei-o por ali, mas sabia que alguma coisa havia acontecido em relação à Karina. Resolvi deixar para conversar sobre isso depois, afinal, ele merecia um espaço.

Organizamos a área de lazer e Aline e Rafael subiram para levar as coisas na casa de Bernardo. Aproveitei para pegar uma carona com minha irmã e o noivo.

— Então, Oli, mamãe irá com você comprar o sapato do casamento! — informou minha irmã, quando estavamos à caminho de casa. — Não compre nada exagerado, lembre-se bem. Brincos e colares que façam jus à elegância do seu vestido.

— Eu sei, Kari. Você não passará vergonha comigo — mas sim com toda sua festa.

— É meu grande dia e eu mereço uma festa maravilhosa, não é meu amor? — ela selou os lábios com os de Rogério.

Ew. Nojentos.

Desci do carro de biquíni e entrando em casa. Papai e mamãe estavam assistindo desenho com Valentina, que me olhou assustada.

— Por que você está pelada? — ela arregalou os olhos.

— Cala boca, pivete.

Subi direto para o meu quartobe a única coisa que fiz, foi bater a porta e me jogar na cama. Ainda não entendia aquele turbilhão de sentimentos dentro de mim, sendo que muita coisa mudou com o passar do tempo.

Continuei viajando em pensamentos, até que ouvi gritos e eu tinha certeza que eram de Karina e Rogério no quarto ao lado. Busquei pelo copo que tinha no banheiro e colei-o na parede, pronta para ouvir toda a discussão.

— Você estava se esfregando com ela que eu vi, Rogério. Você tem vontade de voltar com ela? Basta me dizer! — Karina gritava a plenos pulmões.

— Qual seu problema, Karina? Nós conversamos, apenas. Só não entendi o motivo de toda aquela sua carranca quando o cabeludo estava com sua irmã, muito menos quando você ficou falando com ele na churrasqueira! — Rogério devolveu.

— Nós somos amigos, Rogério.

— Pensei que você tinha me dito que não falava com ele desde o casamento... — um silêncio se apossou de tudo.

— Eu não falo, ok? Só chamei para conversar, falei somente de Olívia com ele, falei que se eles estão juntos, eu apoio, e fim.

Minha deixa era essa. Tirei o copo da parede, e busquei pelo meu celular em cima da cama. Cacei o número de Bernardo e mandei uma mensagem.

"O plano deu certo, estão tendo uma DR por nossa causa!!!"

Mas ele não me respondeu por uma semana.

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Como Cancelar um Casamento [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora