Capítulo 4

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Olívia de Castro

Terminei de me arrumar, colocando um jeans e um moletom quente. São Paulo era assim: um dia calor, noutro simplesmente frio. Era de fato uma cidade que precisava ser estudada.

Arrumei o cabelo que estava bagunçado e desci as escadas, encontrando toda minha família na sala de jantar tomando café. Parecia até aquelas famílias de comercial de margarina, feliz como se nada acontecesse além da famigerada harmonia.

Sentei em um dos lugares vagos e coloquei leite em uma das xícaras, misturando com um pouco de achocolatado — não tenho preferência entre Toddy ou Nescau. Busquei pelas torradas e pelo requeijão no meio da mesa.

Meu pai conversava com minha mãe e Karina sobre o casamento que estava chegando. Valentina se lambuzava em um pão com nutella. Terminei de comer ainda em silêncio, quando ouvi meu pai chamando.

— Não irá para faculdade hoje? — perguntou-me deixando de lado sua xícara com café.

— Ah, não... — terminei de engolir minha torrada. — Tenho algumas coisas para resolver e vou aproveitar que não tenho aula hoje.

Isso não era mentira. A professora havia mandado um aviso, dizendo que havia acordado com o estômago indisposto e que não passava bem.

— E onde vai? — perguntou Karina, olhando-me de esguelha. — Queria tanto que me fizesse um favor e fosse no buffet dar uma olhada nos preparativos. Estou um pouco sem tempo e acho que você poderia fazer isso por mim, não?

Merda, eu só podia ter salgado a santa-ceia para ter que ajudar no casamento do ano. Será que a Karina não tinha noção?

— Tudo bem, posso fazer isso — respondi depois que mamãe me deu uma olhada bem feia, basicamente me obrigando a fazer aquilo.

O buffet não era nada perto de casa, muito pelo contrário: era na zona leste, perto da igreja. Decidi que ir de transporte público seria melhor, além de mais econômico. Você já viu o preço da gasolina?

Fui recebida pela cerimonialista do buffet, que foi muito simpática por sinal. Ofereceu-me um mix de frutas logo na entrada e como não era besta, aceitei de bom grado.

— Podemos começar a visita ao salão, que tal? — Kendra sugeriu, arrumando os óculos. — Sua irmã entrou em contato com a gente, disse que você viria representá-la!

O salão onde seria o casamento era enorme, devo acrescentar. Tinha espaço para quinhentas pessoas ou mais e eu realmente não via necessidade naquele requinte todo que Karina queria.

— Já temos a liberação do sistema feito pela sua irmã para darmos início nas escolhas, mas no final precisaremos enviar para ela via e-mail.

— Pode deixar que eu repasso tudo para ela, anote meu e-mail, por favor — puxei meu celular. — Qualquer alteração, eu mesma faço com vocês. Sou madrinha e aparentemente estou responsável por essa parte do buffet.

— Ok.

Ela passou a digitar algumas coisas e consegui ver pelas lentes de seus óculos que ela respondia uma mensagem no chat do Facebook.

— Uma mulher ia vir para acompanhar a visita, mas acabou de desmarcar — comentou o que respondia.

— Eu me atrasei, mas... — voz parou assim que me virei para ver quem era.

Estava Bernardo parado na porta do buffet, vestindo uma bermuda caqui e uma regata preta, mostrando várias de suas tatuagens. O cabelo estava preso em um coque samurai, dando um charme maravilhoso com a barba. Ele era muito sexy e não era difícil notar; tinha pose de badboy de novela das 19h e ao mesmo tempo de homem de atitude.

Como Cancelar um Casamento [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora