Capítulo 17

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Olívia de Castro

Minha cabeça doía tanto que pensei dez vezes antes de abrir os olhos e receber o novo dia; o tão esperado 20 de dezembro. Olhei para o lado e nem sinal de Bernardo. Na verdade eu só lembro de coisas até o momento em que vomitei, porque depois eu não lembro de nada. Fui tomada pelo inconsciente e espero ter simplesmente dormido.

Vi um bilhete ao lado da cama com dois analgésicos e um suco verde. Bebi fazendo careta, pois aquilo era horrível.

Desci as escadas ainda com o vestido da noite anterior e procurei por pó de café nos armários. Coloquei na cafeteira e abri outros armários, encontrando o meu sonhado chocolate. Peguei algumas frutas que estavam na geladeira e enquanto comia, ouvi a porta da frente sendo fechada declarando a chegada do dono da casa.

Virei para trás e Bernardo entrava pela cozinha em direção a lavanderia com um balde cheio de coisas dentro, alguns panos na outra mão e de bermuda. Acredito que não tenha me visto, pois continuou o caminho para lavanderia assobiando tranquilamente.

— Nem te vi aí. Bom dia! — ele passou novamente por mim, pegando uma garrafa de água na geladeira.

— Bom dia — murmurei antes que ele saísse da cozinha.

— Aliás, acho que não — jogou-se no sofá. — Sua cara está péssima.

A cafeteira apitou e coloquei o café dentro de duas xícaras, levando uma para Bernardo e a outra para mim. Aconchegados no sofá, apreciamos o silêncio e também o cheirinho de café recém feito.

— Desculpa por ontem — confessei, vendo-o pegar o notebook.

— Relaxa, bonita, acho que você precisava de uma bebedeira.

Depois disso, ele permaneceu em silêncio mexendo em seu notebook e fiquei alheia a tudo o que fazia. Optei por ligar a TV e me livrar daquele tédio, já que era quase a hora do almoço.

Assisti por alguns minutos, até ele colocar a xícara sobre o centro e concentrar-se ainda mais no que fazia. Curiosa, tombei a cabeça em seu ombro e comecei ver a quantidade de números distribuídos em uma planilha no excel. Ele continuou concentrado, finalizando algumas contas que eu não compreendia merda alguma e por fim, salvou e mandou para alguém por e-mail.

— O que é isso? — não calei minha curiosidade.

— Umas planilhas que precisava finalizar — ele colocou o notebook na mesa de centro e passou a mão pela minha perna.

— E por que não foi trabalhar no escritório hoje?

— Você está aqui e daqui a pouco as moças chegam para cuidar de você — explicou, olhando para a TV.

— Cuidar de mim?

— Sim, a situação que você estava ontem a noite merecia uma babá! — disse batendo a mão na minha perna de leve. — Fora que temos uma festa para arruinar — ele explicou e eu fechei os olhos relembrando do dia de hoje. — Já pedi o almoço, deve estar chegando. Acha que em três horas elas conseguem terminar tudo?

— No máximo quatro — respondo-o assim que ele se levanta. — O que estava fazendo antes de eu acordar?

— Lavando o carro.

— Por que? — perguntei estranhando. — Não era mais fácil no lava-rápido?

— Alguém vomitou no meu carro — respondeu simplesmente e eu arregalei os olhos.

— Espero que não tenha sido eu, espero que não tenha sido eu — supliquei como Harry fez quando não queria ir para Sonserina embaixo do Chapéu Seletor.

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