Música: Bebe Rexha - Sweet Beginnings
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Minha mãe sempre disse que tudo na vida precisa de mudanças. Das mais simples coisas, como a marca do café que você compra, até coisas grandes, como se mudar para uma cidade nova. Ela achava que toda mudança resulta em alguma mudança nela mesma, fosse boa ou ruim, e mamãe adorava mudar. Não só física como psicologicamente.
Mas agora mamãe está morta, e eu estou me mudando para Nova York para cursar o primeiro ano na faculdade.
Sempre foi um sonho meu cursar Artes em qualquer faculdade, desde que fosse nos Estados Unidos. Mas esse sonho parece mais distante do que nunca agora que eu não tenho minha mãe para presenciá-lo comigo.
Claro, eu tenho meu pai, mas ele não é o mesmo. Desde que ela morreu, há dois meses, ele se trancou no quarto e não sai sequer para almoçar. Minha avó, uma senhora muito saudável para seus 65 anos e que mora conosco, é a única com permissão para entrar no quarto dele e leva sempre suas refeições. Acho que conheço mais qualquer estranho que encontro na rua do que meu próprio pai.
- Ansiosa? - a voz de vovó desperta-me de meus devaneios, e olho para ela.
"Não tanto quanto se mamãe estivesse aqui", penso, mas não digo em voz alta.
- Um pouco - respondo, voltando a olhar pela janela e vislumbrando o contorno dos prédios da faculdade. Chegamos.
Eu ganhei uma bolsa na UNY - Universidade de Nova York - devido ao meu esforço e dedicação (e ajuda de colegas da classe ao lado, se é que me entendem), excelentes notas e baixa renda. Provavelmente a recente morte de minha mãe também tenha contribuído, já que a condolência e os pêsames são distribuídos gratuitamente para todos com morte recente na família.
Quando vovó estaciona o carro, pela primeira vez nos últimos anos eu me pergunto se é isso que eu realmente quero para minha vida, mas afasto logo essa questão para longe. Abraço a senhora, prometendo ligar sempre que possível (isso, para ela, significa todos os dias, sem falta) e pego minha mala no carro. Aceno para ela e direciono-me para o prédio dos dormitórios femininos.
Eu ainda não sei quem é minha colega de quarto, mas espero que pelo menos possamos ser cordiais uma com a outra, já que passaremos um bom tempo juntas e dividiremos o mesmo espaço.
O prédio é bem grande, e possui uma sala comum central onde muitas pessoas estão reunidas. Existem três corredores e uma escada que levam aos quartos e a outro andar, respectivamente. Desviando de algumas pessoas, sigo para as escadas, subindo-as até chegar ao terceiro andar.
Confiro no papel em minha mão o número de meu quarto. 5C. É a terceira porta do corredor à direita, e eu respiro fundo antes de finalmente abrir a porta.
A primeira visão que tenho do quarto me surpreende um pouco. Uma garota e um garoto estão se agarrando em cima da cama de solteiro, e eu pigarreio, chamando a atenção dos dois.
A garota automaticamente empurra o garoto para longe e levanta-se, tentando desamassar a camisa-vestido. Ela sorri para mim, suas bochechas cobrindo-se de um leve tom avermelhado.
- Olá! - diz ela, e percebo que me analisa. - Sou Jesy Nelson, sua nova colega de quarto. Desculpe pela cena. Meu namorado não sabe se segurar.
O garoto na cama abre a boca para falar algo, mas antes que o faça Jesy ergue o dedo indicador para ele, calando-o. Ela estende a outra mão para mim.
Retribuo seu sorriso e aperto sua mão.
- Jade Thirlwall.
- Aquele ali é Jake Roche, meu namorado, que está de saída - ela aponta para ele, que se levanta de sua cama. Jake vai até Jesy e deposita um beijo rápido em seus lábios, logo passando por mim e se despedindo com um aceno de cabeça.
Jesy Nelson é claramente quem manda nessa relação.
Coloco minha mala no chão e passo os olhos pelo local. As paredes são brancas, e duas camas de solteiro ocupam o lugar. Duas cômodas grandes estão ao lado das camas, e uma televisão pequena está em cima de um hack portátil ao lado da porta. E, não menos importante, um pequeno frigobar.
Ao todo, o quarto é espaçoso e bonito. Com o tempo, tenho certeza de que cada uma de nós conseguirá decorá-lo um pouco e deixá-lo com a nossa cara.
- Bonitinho, certo? - Jesy percebe meu olhar, sentando-se na cama. - Seremos umas das únicas a ter apenas duas ocupando o quarto, sabia? Já vieram avisar enquanto você não chegava.
- Isso é bom? - pergunto, já abrindo minha mala e começando a tirar as coisas de dentro. É melhor arrumar logo, então me sobra um tempo para conhecer melhor o campus depois.
- É sim, assim não tem o perigo de chegar alguma garota chata ou irritante - ela deita na cama, encarando o teto.
Então ela me considera legal, huh?
Coloco minhas roupas empilhadas ao meu lado e abro as gavetas de uma das cômodas.
- Você já arrumou suas coisas?
- Já, sim, estão na outra cômoda - ela responde. - Conheço seu sotaque de algum lugar. De onde você é?
- South Shields, Inglaterra.
Pelo canto dos olhos, vejo Jesy sentar-se na cama.
- Sério? Eu tenho uma amiga que também veio de lá. Precisa de ajuda aí?
Duas pessoas de South Shields na mesma universidade? Isso é algo que eu realmente não esparava.
Assinto com a cabeça, e Jesy senta-se ao meu lado, ajudando-me a guardar minhas coisas. Alguns minutos depois já terminamos, e continuamos sentadas no chão, conversando.
É o segundo ano de Jesy aqui, e ela está cursando Direito. Descubro que ela sempre quis fazer esse curso pois sente o direito de defender os cidadãos honestos do mundo corrupto. Também descubro sobre seu relacionamento com Jake, que já dura três anos, e que pretendem se casar depois de terminar a faculdade.
- E você? - ela pergunta, mexendo nos cabelos ruivos e jogando-os para o ombro direito. - Tem namorado? Ou joga no outro time? - ela ergue as sobrancelhas duas vezes, sorrindo.
Sou assumidamente bissexual, o que já me rendeu coisas boas e ruins. Minha família nunca teve nada contra isso, e sempre apoiou que eu seguisse meu coração. O problema sempre foi e sempre será a sociedade, a razão pela qual sofri bullying e fui obrigada a trocar de colégio certa vez pois o diretor achou que eu estava "influenciando as meninas a gostarem de meninas" - o que, para ele e para a maioria dos pais dos alunos, era expressamente errado.
- Sou bissexual - digo a ela, tendo completa certeza de que não irá me julgar.
- Eu sabia! - ela diz e eu a encaro, confusa. - Eu reconheço de longe, e ou você era lésbica, ou bi. Aliás, eu também sou. Tive muita diversão antes de conhecer meu namorado.
Rimos, e ouço algum celular vibrar por perto. Tenho certeza que não é o meu, já que sou expressamente proibida de deixar o aparelho no silencioso pois vovó fica preocupada.
Jesy levanta-se e pega o celular de cima de sua cama. Ela digita por alguns segundos e então ergue os olhos para mim.
- Ei, está tendo uma festa de boas-vindas em uma fraternidade aqui perto. Quer ir?
É uma ótima oportunidade para conhecer melhor as pessoas daqui e me enturmar mais. Levanto-me e passo as mãos pela calça jeans.
- Só vou trocar de roupa, tudo bem?
Jesy aguarda mexendo no celular enquanto eu visto um cropped branco e uma saia de cintura alta da mesma cor. Por cima, um casaco simples não muito quente em um rosa claro. Olho-me no espelho, certificando-me de que meu cabelo está aceitável, e pego minha bolsa.
- Pronto - anuncio, chamando a atenção de Jesy. Ela me olha e sorri.
- Essa vai ser a melhor festa da sua vida - ela garante, levantando-se e indo até a porta, e eu apenas rio e a sigo.
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In The Name Of Love | Jerrie
Fiksi PenggemarVocê iria contra tudo que acreditava ser certo? Você iria contra as regras impostas pela sociedade? Você iria contra a sua própria família? O que você faria em nome do amor?