Promessa

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Eu sabia que minha confusão pessoal não dava a ela certeza do que se passava na minha cabeça, sabia que aos olhos dela eu era apenas sua melhor amiga paranóica que tinha implicância com seu namorado. A partir daquele momento eu tive que pensar, pensar em como agir e em como aceitar isso. 

Desenhava linhas aleatórias em um caderno qualquer em cima do balcão da loja de tabacos do meu pai. Eu não conseguia pensar ou explicar sem desenhar algo semelhante ao que se passava. Camila se tornou o meu pior sonho mas eu não poderia chamar isso de pesadelo. 

- Lauren, preciso que coloque preço nas novas narguilés que chegaram - meu pai tomava a caneta de minhas mãos enquanto apontava para algumas caixas no depósito. 

Sem rodeios fiz o que ele pediu. Era segunda feira, não tive coragem de ir a aula e eu não sabia ainda como proceder à péssima notícia dada ontem. 

O dia se passou em extrema lentidão, não só ele como aquela semana. Minha desculpa quando ligaram da escola era que eu estava com uma virose terrível mas que voltaria na segunda. Camila me mandou mensagens todos os dias assim como as meninas, todas preocupadas comigo e minha "virose". Eu só respondia que estava melhorando.

Sábado e domingo viajei para a casa de campo dos meus pais, me desliguei do mundo e pensei, pensei bastante e cheguei a uma única conclusão. Eu a esqueceria, eu a deixaria ir e viver o seu namoro adolescente sem interrupções eloquentes de uma pessoa confusa quanto ao que sentia.

Na manhã de segunda feira apenas segui a rotina padrão, levantar atrasada, escutar discursos maternais, encontrar Ally e caminhar para a tortura. Quando adentrei o portão me deparei com Normani que tinha vindo em minha direção, em disparada, me apertado contra seus seios em um abraço de urso.

- Eu pensei que você ia morrer Lauren - jurava ter visto ela quase chorar em uma cena dramática. - Você está bem ?- me afastou tocando em meus dois braços me analisando de cima a baixo.

- Sim mamãe, eu tomei todos os meus xaropes, isso estava longe de me levar a morte Mani, por Deus - ela sorriu me puxando novamente para ser abraçada. 

Ao longe eu percebia a movimentação, Dinah conversava com os garotos do time, Ally já estava agarrada ao pescoço de Troy e Camila parecia nervosa contando algo para Lucy. Eu queria que o Sivan estudasse na mesma escola, que tivesse a mesma idade, nessas horas ele sempre me ajudava a agir.

O sinal havia tocado, todas me abraçaram e como sempre o abraço de Camila vinha mais demorado, intenso e inebriante.

Eu me sentia mal ao notar Austin a aula toda com ela, o garoto fazia questão de sentar na cadeira de trás e trocar carícias ali na minha frente. Ela sequer notava meu desconforto e Lucy sempre tentava abafar toda aquela euforia. 

- Você sabe que a tendência é piorar não é ?- Olhei para o casal e voltei a encarar Lucy jogando minha cabeça sobre meus braços na mesa. - Não se torture Lauren, você não merece isso. 

- Não estou me torturando - bufava enquanto a encarava. - Eu só estou fazendo uma pesquisa de campo, quanto tempo vai durar pra ela perceber que ele não consegue nem ao menos ter maturidade?

- Espero que isso ela já saiba! - soltei uma risada baixa sentindo cutucões em meu ombro.

- Lolo, meu coração está fazendo aquilo de novo - a encarei tentando assimilar o que seria "aquilo de novo".

- Como assim Camila?

- Aquela coisa de disparar e eu não estou conseguindo respirar. - Camila as vezes tinha algumas crises, ela ficava apreensiva e seu coração batia descontrolado. Lembro que ela fez uma pilha de exames há um ano mas não deu em nada segundo os médicos. 

I hate u, i love uOnde histórias criam vida. Descubra agora