Bônus (Sophia)

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Sophia

Daniel afastou os cabelos loiros da mulher e beijou seu pescoço.

- Humm!... Maneira deliciosa de acordar, hein? - Sophia gemeu sem abrir os olhos. De bruços e com o corpo parcialmente coberto, cansada da noite de amor.

- Preciso ir – passou a mão pelas costas lisas dela – Não queria te acordar, mas sei que detesta quando saio sem me despedir.

A loira se virou na cama dando a visão de seus seios pálidos e redondos.

- São cinco da manhã... –a mulher ajeitou-se e ficaram deitados de frente, ela com um braço apoiando a cabeça, com a mão brincou com os pelos do peito de Daniel.

- Tenho trabalho me esperando. – beijou a mão dela e se levantou da cama enorme – Esqueceu que sou um cara do interior e lá acordamos com as galinhas?

- Você trabalha muito e se diverte pouco. – ela gritou vendo-o entrar no banheiro.

- Me diverti muito ontem. – ele voltou, encostou-se na porta do banheiro, seu corpo alto e forte tomando quase todo espaço, cruzou os braços muito a vontade com sua nudez.

- Quer dizer que sou só uma diversão pra você? – ela fez um muxoxo fingido estar brava.

O olhar preguiçoso de Daniel percorreu a mulher enrolada nos lençóis brancos completamente amassados e iluminada pela luz suave das luminárias. Ela tão linda. Por dentro e por fora.

- Uma bela diversão, devo acrescentar. – ele veio até ela e a fez sentar, mergulhou as mãos na cabeleira loira e segurando sua nuca – Mas é muito mais que isso e você sabe.

- Sei, mas de vez em quando gosto de ouvir do homem que amo o quanto sou importante. – ela correu os dedos pálidos sobre o rosto escuro sem barbear. Adorava o contraste entre suas peles.

- Soph, gosto muito de você. Sempre foi minha melhor amiga e, por isso, sabe que não sou bom demonstrar sentimentos. Preciso que saiba o quanto amo esse seu caráter e a maneira gentil e aberta como trata os outros, mesmo achando que muitos não merecem... – ele afirmou fitando os maravilhosos olhos azuis – Sou um sortudo em namorar você de novo. Agora me deixe ir.

Daniel lhe deu um beijo e, dessa vez Sophia ficou em silêncio e deixou que ele se fosse. Não queria bancar a insegura. O homem mudara sua vida e sentia uma gratidão enorme por esse sujeito tão complicado. Sorriu melancólica. Estava encrencada, pois havia se apaixonado novamente.

Xxx

Algumas horas depois ela dirigia para loja. Aguardava o sinal abrir, pegou o celular. Na tela havia uma foto de um menino loiro, de olhos azuis como os dela. Seu filho Arthur, de 12 anos. Ele estava na Alemanha com o pai neste momento. Ficava de coração apertado toda vez que o filho viajava para se encontrar com Michael. Contudo, não podia fazer nada a respeito, ela e o ex- marido tinham um acordo: durante o ano,  pai e filho passariam pelo menos duas semanas dias juntos.

Tinha 22 anos quando conheceu Michael Horn. Como centenas de modelos, desembarcara em Nova York em busca de fama e dinheiro. Para ela, sobreviver nesse meio era uma luta constante, nunca estava magra o suficiente, sentia-se deprimida. A morte do pai no Brasil aumentou esse sentimento. Talvez tenha sido por isso se ligado tão rápido em Michael. Viram-se pela primeira vez num ensaio, onde ele era o fotógrafo contratado. Horn era sedutor, experiente e quinze anos mais velho. Viveram juntos por onze anos até o marido a trocar por uma modelo de 18 anos. Voltou pra casa com filho totalmente falida e infeliz.

Porém, tudo aquilo ficara para trás e, quatro anos depois, graças a ajuda de Daniel, se reergueu. Atualmente era uma orgulhosa de seu próprio negócio. Satisfeita, entrou na loja.

- Bom dia, meninas! – cumprimentou as três funcionárias e viu uma moça sentada em uma mesa redonda, próxima ao caixa.

- Tomara que o dia seja bom, porque pela sua cara a noite foi ótima. – Isabel comentou sarcástica.

Morena, de cabelos curtos, olhos castanhos e alta Isabel Ruiz tinha um rosto comprido mais interessante que bonito. Excelente administradora, sabia conter os excessos da dona da loja. Sophia sabia comprar e vender, contudo fracassava quando o assunto era controlar as finanças da loja. A loira considerava  a administradora era seu anjo salvador.

- Bom dia, mal humorada! – apertou de leve o braço dela e se sentou – O que foi? Não dormiu bem?

A mulher resmungou alguma coisa incompreensível e consultou um dos vários os papéis e alguns catálogos sobre a mesa. Sophia pegou um.

- Pensei em comprar alguns itens da coleção da Nina Archer.

- Precisamos conter os gastos. Nina é a estilista do momento, então todas as peças estão com os preços nas alturas. Acho melhor esperar pelo os desfiles dos outros estilistas na próxima semana para ver as novidades... O que temos em caixa agora irá pagar funcionárias, fornecedores e quitar o empréstimo do banco. – Isabel encarou a loira de cabeleira trançada jogada sobre um ombro, linda em um vestido azul de um ombro só. Resolveu implicar um pouco com a amiga – A menos é claro, que queira pedir ao seu namorado rico...

- Ok. Já entendi, sua estraga-prazer. Nada de compras por enquanto. – Sophia cedeu – E não vou mais pedir dinheiro a Daniel, ele já me deu demais... Não vou correr para ele toda vez que tiver um problema. Quero sair sozinha do buraco em que me meti.

- É isso aí, garota! – Isabel sorriu e aplaudiu, olhou para a porta a expressão se fechou – Por falar em estraga-prazer sua mãe está vindo e esse é meu sinal para dar o fora. – ela recolheu rapidamente tudo que havia em cima da mesa e subiu para o pequeno escritório no segundo andar.

Sophia suspirou desejando ter a mesma chance de se livrar de Sonia Heckmann. Observou a mãe parar e reparar tudo a sua volta com o olhar reprovador.

- Como vai, mãe? – ela beijou o rosto bonito muito parecido com o seu. Com quase 60 anos Sonia conservava a beleza que fizera ser eleita a mulher mais bonita de sua cidadezinha, no sul do país.

- Bem. – a mulher sentou ao lado da filha e completou desgostosa - Pensei em convidar minhas amigas para vir, graças Deus não vieram para ver essas araras vazias...

- Não exagere, mãe. Ainda tenho uma boa variedade de peças aqui e lá em cima. Preciso controlar os gastos.

- Fico impressionada com sua capacidade de desperdiçar oportunidades que a vida te dá. Nessa loja entram algumas das mulheres mais influentes do estado, é a ocasião perfeita para expandir os negócios e, quem sabe, abrir outra loja. Se necessita de dinheiro para repor mercadorias tenho certeza que Daniel...

- Não vou pedir nada a ele.

- Por que não? Vocês vão se casar.

- Quem te disse?! – Sophia riu da mãe e seus delírios. A rica família Camargo era o alvo mais recente de Sonia, ela desejava fazer parte dela a qualquer custo – Estamos namorando há poucos meses.

- Não vai deixar esse homem escapar de novo! Fico muito contrariada quando penso que o abandonou para se casar com aquele Michael. Velho pervertido. – Sonia declarou ressentida.

- E eu fico chocada em ver como consegue distorcer os fatos para se adequar à realidade em que vive. A gente terminou bem antes de eu sair do país. Com sua benção, inclusive. Era a minha chance de ser rica e famosa e não podia perder tempo com um mulherengo do tipo de Daniel Camargo, você dizia. – Sophia se calou ao ver duas amigas chegando – Bem, agora  me dê licença, porque preciso trabalhar.

Sonia ficou pensativa. Planejava uma visita ao interior de Minas, onde conversaria longamente com Rosa Camargo sobre os filhos. De modo algum deixaria Sophia estragar sua vida novamente. Era questão de tempo a filha se casar com Daniel, cuidaria disso pessoalmente.

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Por mais uma vezOnde histórias criam vida. Descubra agora