Capítulo 29

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Sem revisão

Desculpem!

Meu notebook estragou e só conseguir pegá-lo ontem. Infelizmente não sou daquelas que conseguem escrever no celular.


Não. Walter Prado estava morto.

Apesar da semelhança, o homem sentado do outro lado da mesa, definitivamente não era Walter. Catarina reconheceu estudando-o, um pouco mais jovem, o sujeito tinha o rosto fino e gelados olhos azuis. Aparentava ser um tipo frio e contido, e limitava-se lançar olhares avaliativos quando erguia a cabeça; quanto o advogado bandido, esperava bastante inquieto. Ele resolvera postar-se às costas de sua cadeira na sala de jantar, visivelmente ansioso para que o outro, talvez seu chefe, começasse a interrogá-la.

O estranho, ao contrário de Ricardo, não parecia ter pressa, e examinava detidamente todos os documentos de sua pasta e bolsa. Contendo sua indignação e sem poder se mexer direito, pois seus pulsos e tornozelos haviam sido amarrados, Catarina acompanhava o abuso e recolhendo sua raiva; o prolongado silêncio não a incomodava, fazia parte do plano, apenas uma provocação. Ele parecia desafiá-la a fazer algum comentário e o enchesse de perguntas como ela fizera com Góes.

Rápido, entendeu que aquele artifício não passava um jogo psicológico cuja intenção seria desestabilizá-la, assim, decidiu não cair no jogo e manter-se quieta e esperar. Logo, logo saberia o que os ambos queriam.

- Humm... Muito bem, doutora. Vamos conversar – o tipo finalmente rompeu o silêncio – Antes, devo dizer que admiro seu autocontrole. Outra mulher já estaria chorando e gritando...

- Quem é você? – questionou, apesar de estar numa posição vulnerável, desejou imprimir um tom firme à voz.

- Ah, não me apresentei, que indelicadeza minha... Pela sua reação há pouco deve ter percebido o parentesco com o Walter. Pois é, somos primos. Sou Vicente Ferraz e durante anos, o querido Walter e eu fomos muito ligados.

Um arrepio de medo a percorreu. Por acaso estaria diante de um maluco que a julgava responsável pela morte do outro lunático e queria vingança por isso? Cuidadosamente, começou  a escolheras palavras e pensando em como agir.

- Senhor Ferraz, eu n...

- Calma. – ele levantou a mão numa atitude jovial - Catarina, posso chamar pelo primeiro nome? Se está pensando que desejo qualquer represália pela morte dele, esqueça. Ele está num bom lugar agora. Então, para você compreender o que me trouxe a esta casa, talvez precise contar uma pequena história sobre minha família. Além de parentes, Walter e eu fomos sócios por quase trinta anos, tínhamos negócios que incluíam lanchonetes, bares e boates em três estados. Prado cuidava da contabilidade e por um longo tempo fomos bons companheiros, porém meu primo sempre foi uma pessoa difícil de lidar... e após muitos anos, decidimos que cada um iria para o seu canto, sem ressentimentos. Hoje sei que fui ingênuo em confiar nele.

- Ainda não entendi o que isso tem a ver comigo.

- Calma, estou quase lá. Como se não bastasse sair carregando metade do que conseguimos e, de quebra, ele ainda carregou minha namorada Leide junto. – o tal Vicente explicou cerrando os punhos – Bem, no caso daquela vagabunda, o cretino me fez um favor, o que foi difícil engolir a traição à família. Só recentemente tive acesso ao computador pessoal de Walter e descobri que durante toda nossa sociedade, ele vinha falsificando vários documentos e desviando milhões para uma conta secreta. Sendo exato, 22 milhões de dólares foram desviados.

Gente! Era muito dinheiro.Realmente, O marido de Francileide da Silva tinha contas no exterior. Recordou-se de suas primeiras conversas sobre Prado, a moça sempre reclamava da rigidez do acordo e em uma ocasião, deixara escapar que algumas atividades dele não eram legais, insinuara a existência de contas para lavar dinheiro de procedência desconhecida. Porém,  a ex- dançarina desmentiu tudo alguns dias depois, apenas queria divorciar-se rapidamente. 

Por mais uma vezOnde histórias criam vida. Descubra agora