Sem revisão
- História bem mirabolante. – Heitor comentou após o irmão explicar, de forma resumida, a presença de Catarina no haras na manhã seguinte. Todavia, Daniel evitou contar sobre a mãe dela, por enquanto. Um problema de cada vez. Eles estavam no seu escritório e aguardavam a chegada do detetive Hélio Salvador. – Mano, aproveite que estamos sozinhos aqui e responda sinceramente se acreditou nessa história. Então, alguém entrou no apartamento e saiu sem levar nada... Sei lá, tudo me parece meio extraordinário, como aqueles filmes de espionagens que a gente assiste.
Daniel interrompeu o que fazia e refletiu. Para ele, não era apenas questão de acreditar, o momento exigia bem mais, pois as provas eram quase inexistentes, o momento exigia confiar. Pensando assim, voltou-se para o irmão instalado confortavelmente em seu sofá.
- Você conhece Catarina, Heitor. Ela é uma mulher pé no chão demais para sequer pensar em criar uma história como essa. Confio nela sim e, por isso, o Salvador está vindo aí pra deixar tudo em pratos limpos.
Heitor deixou o sofá, andou pelo escritório. Preocupado, começava a sentir o quanto o irmão estava envolvido com Catarina e o modo como havia deixado seus negócios de lado e fitou Daniel antes de falar.
- Dan, entenda uma coisa, eu gosto de Catarina só que... porra! Fico pensando se não está perdendo o foco por estar envolvido demais com essa mulher... Você tinha uma viagem de negócios importante ontem e deu o cano nos caras. Nunca fez isso antes, mano – Heitor viu a expressão do irmão se fechar.
- Isso é uma piada? Justamente o cara mais irresponsável do planeta vem me cobrar qualquer coisa e desde quando te dou licença pra se meter em minha vida?
- Quando interfere nos negócios eu me meto sim. Quantas vezes você e o pai não repetiram essa ladainha pra mim, hein? – Heitor relembrou nervoso- Ok. Eu sou o irresponsável e todo mundo tá acostumado. Mas, entende que chegar lá e avisar na última hora que você não daria as caras pegou muito mal. Lidamos com essa gente há anos e confiam em você, sua presença acalma. –
Ele ligara para Heitor e o instruíra a presidir uma reunião em seu lugar. Pelo jeito, não fora boa ideia, pois sócios eram pessoas retrógadas. Gente estúpida. Praguejou, imaginando a expressão desgostosa dos homens durante o encontro, eles se acostumaram a lidar com Antônio ou ele e menosprezavam o irmão, por acharem-no sorridente demais.
Uma batida leve na porta anunciou a chegada do investigador. Heitor deu um tapa nas costas do gigante de olhos escuros astutos e fala mansa chamado Hélio Salvador.
-Salvador, obrigado por ter atendido meu chamado tão rápido. – o recém-chegado e o namorado da advogada trocaram um forte aperto de mão e o detetive, que se igualava em altura com Daniel, respondeu dando uma olhada ligeira pelo escritório.
- Sem problemas. Pode me contar direito o que aconteceu?
- Um minuto. – Daniel pediu um café para o visitante enquanto terminava de assinar alguns documentos e dispensava Heitor, que saiu contrafeito.
Há algum tempo o irmão vinha se mostrando insatisfeito e irritado com alguma coisa. Bom, pensaria nisso depois. Focou sua atenção no homem de rosto redondo e cabeça raspada parado na janela; alto e largo ele mais parecia um segurança de boate. As aparências enganam, nem por um segundo duvidou da capacidade de homem. Ele levantou-se para procurar a namorada.
- Bom, vou precisar chamar...
- Uau! Quem é aquela deusa malhando ali? – Desconfiado, o dono do haras aproximou-se do investigador e acompanhou com fascinação horrorizada Catarina em roupas de ginástica, alongando-se em uma viga da varanda. Parecia acalorada depois da corrida, os cabelos presos no alto da cabeça realçavam o rosto bonito e formavam uma bagunça sensual.
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Por mais uma vez
RomancePara alguém acostumado ao sucesso como Daniel Camargo um casamento fracassado era um erro que devia ser completamente esquecido, uma página virada em sua vida... Só não esperava que um incidente trágico ameaçasse trazer o passado de volta o obrigand...