Sem revisão
Quando Catarina ouviu os sons de vozes vindos da sala, apressou-se em colocar de volta os fones de ouvidos e aumentar o volume da música ao máximo. Som muito alto podia te deixar surdo. Ela lera em algum lugar. Oh, que se dane! Talvez fosse preferível ser surda a escutar gritaria e choro, pensou amarga. Tudo porque contou para mãe que vira o safado do Osmar de gracinhas com outra.
Sentia que faltava muito pouco para Teresa aceitá-lo de volta. Não aconteceria se dependesse dela. Então, por acaso, o viu e decidiu segui-lo. O pegara em flagrante e, dessa vez ela esperava que Teresa o chutasse para sempre. A garota pulou da cama quando a mãe entrou no quarto e arrancou seus fones.
- Vou te fazer uma pergunta e se mentir para mim... – ela ameaçou e apontou Kátia, parada na porta olhava as duas, meio ressabiada – Você realmente viu o Osmar com alguém ou está inventando?
- É claro que vi o safado de conversinha com uma "zinha". – ela confirmou chateada, pois não tinha o costume de dizer mentiras.
- Pense bem, Catarina. Porque a Kátia me disse que no dia e hora que você diz ter visto Osmar, ele fazia um trabalho para ela. – Teresa puxou a amiga e a fez encarar a filha – Repita o que me contou.
A garota observou a mulher, nitidamente sem graça, hesitar e, sem olhar diretamente para ela começou.
- O homem tava lá em casa trocando o pneu do meu carro... Olha, menina você deve ter confundido ele com alguém... Fiquei sabendo que o Osmar tem um primo parecidíssimo com ele.
Mentirosa ordinária. Desgraçada do inferno. Catarina teve vontade de gritar. Ela sabia muito bem quem vira e essa... Estava encobrindo a mentira. Na certa, o cafajeste prometera algo aquela interesseira. Que ódio! Tinha raiva das duas mulheres ali, da falsa amiga (seu pai estava coberto de razão já que nunca gostara de Kátia) e da mãe, por preferir acreditar naquela gente sem caráter.
- Está bem. – Teresa concedeu - Pode ter sido uma confusão, afinal Mauro e eu não criamos nenhuma mentirosa. Agora, preste atenção, porque se tiver inventando pra me separar do Os...
- Pelo amor de Deus! – a filha explodiu, revoltada pela falta de confiança da pessoa mais importante de sua vida. – Se está tão doida para voltar com ele, vá! Corra! Só não use o nome do meu pai. O coitado deve tá se revirando na cova com tudo que está fazendo.
- Você e seus dramas, Catarina. Seu pai morreu. Entenda isso. Eu senti muito, mas ele não vai voltar e preciso de...
- De alguém para apagar seu fogo!- o tapa que levou ao terminar essas palavras fez seu rosto queimar. Surpreendida, levou a mão ao lugar; sentiu os olhos encherem d'água enquanto via Teresa levar a mão à boca, sufocando um soluço e tão surpresa quanto ela. Nunca batera na filha. Devido a sua infância atribulada, abominava a violência física. Iria se desculpar, contudo a garota já saía porta afora desesperada.
Xxx
- Suas notas despencaram e se continuar assim, precisarei chamar sua mãe aqui. – a professora Helena concluiu antes de finalmente dispensá-la. Ela deu de ombros, desinteressada. Duvidava que sua mãe fosse se importar também. Atualmente, tudo girava em torno de Osmar e seus interesses. Precisava cuidar do seu amor, Teresa sempre dizia. Quando crescesse entenderia, por enquanto; considerava-a muito criança para compreender essas coisas de gente apaixonada.
Credo! Se gostar significava fazer papel de boba, então, jamais gostaria de ninguém. Seria como a tia Manoela que nunca se casara. Sorriu ao pensar na velhinha independente e alegre; ela afirmava ser uma mulher à frente de seu tempo. Tinha ideias esquisitas e, às vezes, nem entendia direito o que falava. Podia confiar nela como sua protetora, sempre ficava do seu lado durante as brigas em casa e, a danada conseguia até botar medo no Osmar! Ah, querida tia Manô. Ela a ajudava a suportar o tormento que vivia.
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Por mais uma vez
RomantikPara alguém acostumado ao sucesso como Daniel Camargo um casamento fracassado era um erro que devia ser completamente esquecido, uma página virada em sua vida... Só não esperava que um incidente trágico ameaçasse trazer o passado de volta o obrigand...