Capítulo 20

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Sem revisão



Quando Catarina ouviu os sons de vozes vindos da sala, apressou-se em colocar de volta os fones de ouvidos e aumentar o volume da música ao máximo. Som muito alto podia te deixar surdo. Ela lera em algum lugar. Oh, que se dane! Talvez fosse preferível ser surda a escutar gritaria e choro, pensou amarga. Tudo porque contou para mãe que vira o safado do Osmar de gracinhas com outra.

Sentia que faltava muito pouco para Teresa aceitá-lo de volta. Não aconteceria se dependesse dela. Então, por acaso, o viu e decidiu segui-lo. O pegara em flagrante e, dessa vez ela esperava que Teresa o chutasse para sempre. A garota pulou da cama quando a mãe entrou no quarto e arrancou seus fones.

- Vou te fazer uma pergunta e se mentir para mim... – ela ameaçou e apontou Kátia, parada na porta olhava as duas, meio ressabiada – Você realmente viu o Osmar com alguém ou está inventando?

- É claro que vi o safado de conversinha com uma "zinha". – ela confirmou chateada, pois não tinha o costume de dizer mentiras.

- Pense bem, Catarina. Porque a Kátia me disse que no dia e hora que você diz ter visto Osmar, ele fazia um trabalho para ela. – Teresa puxou a amiga e a fez encarar a filha – Repita o que me contou.

A garota observou a mulher, nitidamente sem graça, hesitar e, sem olhar diretamente para ela começou.

- O homem tava lá em casa trocando o pneu do meu carro... Olha, menina você deve ter confundido ele com alguém... Fiquei sabendo que o Osmar tem um primo parecidíssimo com ele.

Mentirosa ordinária. Desgraçada do inferno. Catarina teve vontade de gritar. Ela sabia muito bem quem vira e essa... Estava encobrindo a mentira. Na certa, o cafajeste prometera algo aquela interesseira. Que ódio! Tinha raiva das duas mulheres ali, da falsa amiga (seu pai estava coberto de razão já que nunca gostara de Kátia) e da mãe, por preferir acreditar naquela gente sem caráter.

- Está bem. – Teresa concedeu - Pode ter sido uma confusão, afinal Mauro e eu não criamos nenhuma mentirosa. Agora, preste atenção, porque se tiver inventando pra me separar do Os...

- Pelo amor de Deus! – a filha explodiu, revoltada pela falta de confiança da pessoa mais importante de sua vida. – Se está tão doida para voltar com ele, vá! Corra! Só não use o nome do meu pai. O coitado deve tá se revirando na cova com tudo que está fazendo.

- Você e seus dramas, Catarina. Seu pai morreu. Entenda isso. Eu senti muito, mas ele não vai voltar e preciso de...

- De alguém para apagar seu fogo!- o tapa que levou ao terminar essas palavras fez seu rosto queimar. Surpreendida, levou a mão ao lugar; sentiu os olhos encherem d'água enquanto via Teresa levar a mão à boca, sufocando um soluço e tão surpresa quanto ela. Nunca batera na filha. Devido a sua infância atribulada, abominava a violência física. Iria se desculpar, contudo a garota já saía porta afora desesperada.

Xxx

- Suas notas despencaram e se continuar assim, precisarei chamar sua mãe aqui. – a professora Helena concluiu antes de finalmente dispensá-la. Ela deu de ombros, desinteressada. Duvidava que sua mãe fosse se importar também. Atualmente, tudo girava em torno de Osmar e seus interesses. Precisava cuidar do seu amor, Teresa sempre dizia. Quando crescesse entenderia, por enquanto; considerava-a muito criança para compreender essas coisas de gente apaixonada.

Credo! Se gostar significava fazer papel de boba, então, jamais gostaria de ninguém. Seria como a tia Manoela que nunca se casara. Sorriu ao pensar na velhinha independente e alegre; ela afirmava ser uma mulher à frente de seu tempo. Tinha ideias esquisitas e, às vezes, nem entendia direito o que falava. Podia confiar nela como sua protetora, sempre ficava do seu lado durante as brigas em casa e, a danada conseguia até botar medo no Osmar! Ah, querida tia Manô. Ela a ajudava a suportar o tormento que vivia.

Por mais uma vezOnde histórias criam vida. Descubra agora