Capítulo 15

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Sem revisão


Roberto guardou seus pertences na gaveta e a trancou. Estava pronto para ir. Sexta-feira. Teria, enfim, um final de semana de descanso. De folga na boate pensava em ver a mãe, no interior. Voltaria a tempo para a apresentação no domingo à noite.

- Trabalhando após o expediente, Érica?

- Oi, estou terminando de digitar as alterações num contrato, Pedro precisa disso na segunda.

Ela estava esquisita desde cedo. Calada e pensativa; se falaram várias vezes, e ela foi prática e objetiva, sem ironias ou comentários desagradáveis. Aquilo estava estranho.

- E o encontro com as outras para a cervejinha  de toda sexta. Esqueceu?

- Não quis ir hoje. – ela deu de  ombros fingindo pouco caso e continuou digitando.

Ah, tá. Desconfiava de qual seria o problema dela. Érica e as colegas do prédio tinham o hábito de sair para beber e paquerar toda sexta-feira. Aparentemente, uma delas, a novata, fizera comentários maldosos sobre peso da secretária de Pedro. Pelo jeito, as demais não se mostraram solidárias com a companheira de farra e ela resolvera se excluir. Mulherada sem noção! Apesar de não se darem bem teve pena dela, debaixo da aparência desleixada Érica era sensível. Roberto ficou junto a mesa, pensativo.

- Quer ajuda? – perguntou sem pensar e recebeu um olhar atravessado.

- Não! Tô Dispensando gozação. Já sabe da fofoca que tá rolando e veio rir da minha cara. – ela respondeu magoada vendo-o parado.

Roberto sentou. Nem a achava tão gorda, o aspecto descuidado, a roupa feia e sem graça aumentavam sua figura. A infeliz não realmente não tinha amigas que, com delicadeza, pudessem lhe dar dicas para melhorar esse visual ultrapassado. Encarou o vestido verde horroroso, mal cortado não ficava bem em ninguém. Havia um bolero marrom de mangas ¾ jogado sobre a mesa. As peças formavam dupla inesquecível e o rapaz teve dificuldade em eleger a mais feia.

Érica levantou para imprimir o documento e ele esbarrou no tinteiro manchando a coisa marrom.

- Olha o que fez, garoto? – a mulher inutilmente tentou limpar a mancha – Minha blusa favorita, estragada! E custou tão caro, devia exigir que me desse outra.

- Nossa! Que desastrado. Sinto muito, Érica. Faço questão de te dar outra já, conheço uma loja incrível e por acaso ganhei um cupom de desconto... – ele ganhara de Gisele e pensou em comprar um presente para mãe. Érica precisava mais, decidiu recolhendo sua bolsa e a dela. Os dois desceram o elevador, aproveitou e enviou uma mensagem à vendedora. Simpática e antenada, a persistente moça convencera Catarina a levar quase a loja inteira.

 Deu uma outra olhada no vestido pavoroso e suspirou. Este seria um trabalho realmente duro, torcia para que Gisele estivesse preparada para a façanha.

Xxx

Catarina retirou os óculos escuros e apertou a mão do simpático Jorge Dória, gerente de concessionária e amigo de Pedro.

- Catarina Novaes, nem parece que esteve doente. Tá cada dia mais linda. – o homem negro, careca e de barba bem aparada admirou a beleza mulher de sua altura dentro num vestido azul e branco.

- Menos, Jorge. – Pedro, de mau humor, refreou o amigo.

- Obrigada, Jorge. – ela sorriu educada reparando os carros a sua volta.

- O senhor delicadeza aqui explicou o tipo de veículo que está procurando. Finalmente resolveu trocar o seu. – fez um gesto para que os dois o acompanhasse.

Por mais uma vezOnde histórias criam vida. Descubra agora