Sem revisão
Roberto guardou seus pertences na gaveta e a trancou. Estava pronto para ir. Sexta-feira. Teria, enfim, um final de semana de descanso. De folga na boate pensava em ver a mãe, no interior. Voltaria a tempo para a apresentação no domingo à noite.
- Trabalhando após o expediente, Érica?
- Oi, estou terminando de digitar as alterações num contrato, Pedro precisa disso na segunda.
Ela estava esquisita desde cedo. Calada e pensativa; se falaram várias vezes, e ela foi prática e objetiva, sem ironias ou comentários desagradáveis. Aquilo estava estranho.
- E o encontro com as outras para a cervejinha de toda sexta. Esqueceu?
- Não quis ir hoje. – ela deu de ombros fingindo pouco caso e continuou digitando.
Ah, tá. Desconfiava de qual seria o problema dela. Érica e as colegas do prédio tinham o hábito de sair para beber e paquerar toda sexta-feira. Aparentemente, uma delas, a novata, fizera comentários maldosos sobre peso da secretária de Pedro. Pelo jeito, as demais não se mostraram solidárias com a companheira de farra e ela resolvera se excluir. Mulherada sem noção! Apesar de não se darem bem teve pena dela, debaixo da aparência desleixada Érica era sensível. Roberto ficou junto a mesa, pensativo.
- Quer ajuda? – perguntou sem pensar e recebeu um olhar atravessado.
- Não! Tô Dispensando gozação. Já sabe da fofoca que tá rolando e veio rir da minha cara. – ela respondeu magoada vendo-o parado.
Roberto sentou. Nem a achava tão gorda, o aspecto descuidado, a roupa feia e sem graça aumentavam sua figura. A infeliz não realmente não tinha amigas que, com delicadeza, pudessem lhe dar dicas para melhorar esse visual ultrapassado. Encarou o vestido verde horroroso, mal cortado não ficava bem em ninguém. Havia um bolero marrom de mangas ¾ jogado sobre a mesa. As peças formavam dupla inesquecível e o rapaz teve dificuldade em eleger a mais feia.
Érica levantou para imprimir o documento e ele esbarrou no tinteiro manchando a coisa marrom.
- Olha o que fez, garoto? – a mulher inutilmente tentou limpar a mancha – Minha blusa favorita, estragada! E custou tão caro, devia exigir que me desse outra.
- Nossa! Que desastrado. Sinto muito, Érica. Faço questão de te dar outra já, conheço uma loja incrível e por acaso ganhei um cupom de desconto... – ele ganhara de Gisele e pensou em comprar um presente para mãe. Érica precisava mais, decidiu recolhendo sua bolsa e a dela. Os dois desceram o elevador, aproveitou e enviou uma mensagem à vendedora. Simpática e antenada, a persistente moça convencera Catarina a levar quase a loja inteira.
Deu uma outra olhada no vestido pavoroso e suspirou. Este seria um trabalho realmente duro, torcia para que Gisele estivesse preparada para a façanha.
Xxx
Catarina retirou os óculos escuros e apertou a mão do simpático Jorge Dória, gerente de concessionária e amigo de Pedro.
- Catarina Novaes, nem parece que esteve doente. Tá cada dia mais linda. – o homem negro, careca e de barba bem aparada admirou a beleza mulher de sua altura dentro num vestido azul e branco.
- Menos, Jorge. – Pedro, de mau humor, refreou o amigo.
- Obrigada, Jorge. – ela sorriu educada reparando os carros a sua volta.
- O senhor delicadeza aqui explicou o tipo de veículo que está procurando. Finalmente resolveu trocar o seu. – fez um gesto para que os dois o acompanhasse.
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Por mais uma vez
Roman d'amourPara alguém acostumado ao sucesso como Daniel Camargo um casamento fracassado era um erro que devia ser completamente esquecido, uma página virada em sua vida... Só não esperava que um incidente trágico ameaçasse trazer o passado de volta o obrigand...