Capítulo 22

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Sem revisão

Capítulo dedicado às mulheres que sofrem, sofreram ou sofrerão qualquer tipo de abuso, assédio e descriminação dentro ou fora de suas casas.


- Delicioso! Vocês não sabem o que estão perdendo... – Depois de tomar um café completo, Pedro atacava uma porção de pastéis de nata com entusiasmo. Ele, Catarina e Ricardo Goés, o advogado recém-contratado, tomavam café da manhã na padaria perto do escritório. Os sócios, clientes antigos, tinham até uma mesinha reservada a eles e longe da muvuca do início da manhã.

- Eu prefiro pegar mais leve para dar conta do dia. – Ricardo respondeu terminando a refeição. De altura mediana, pele e cabelos claros, rosto redondo e olhos azuis sagazes o homem juntara-se à firma há cerca de um mês – Ok. Preciso ir.

- Ótimo profissional. – Pedro elogiou – Foi uma excelente contratação já que o cara trouxe alguns clientes bem importantes.

- Ele parece saber o que faz. – a sócia concordou continuando a devorar seu café, mais simples e bem menos calórico que o do amigo. Decidida a fazer sacrifícios, Catarina comia pão integral com queijo branco e café preto.Tinha certeza de que o passeio de lancha com Dan lhe rendera alguns quilinhos.

- Por falar em bons profissionais, encontrei o velho Silveira e ele está indo morar em Portugal. Pretende passar o resto dos seus dias na "terrinha". Era o sonho dele, lembra? – Abelardo Silveira foi seu professor de direito civil na faculdade – Por isso, o velho está vendendo aquele casarão que você adorava e fiquei pensando.... Por que não fica com ele?

- Pedro, seria uma boa se tivesse dinheiro sobrando. – possuía boas recordações da casa de quatro quartos (dois deles sendo suíte) três salas grandes e um jardim lindo ficava situada numa região nobre do Rio de Janeiro. Sorriu nostálgica, o professor fazia jantares memoráveis naquele lugar e sempre convidava seus alunos mais chegados. Nessas ocasiões, o professor e outros colegas promoviam verdadeiros debates, eram tão inspiradores que ela saía de lá cada vez mais apaixonada pela carreira escolhida.

- Engraçado, está sem dinheiro, mas os brincos em sua orelha contam outra história. – apontou a joia e Catarina levou as mãos às orelhas, tocando os brincos de diamante e rubis que ganhara de Daniel. Gostou tanto que ainda não tivera coragem de tirá-los. No dia a dia, nem usava joias, o medo da violência vinha obrigando a gente a rever de comportamentos.

- Dan me deu. – guardaria seu adorável presente logo que pusesse os pés em casa.

- Nada como ter um namorado rico – Pedro finalmente terminou de comer e limpou a boca – Seguinte, Catarina você sempre gostou daquela casa velha, a localização é fantástica. Fica perto de tudo, devia pensar melhor e fazer uma oferta ao Sil. Para aluna predileta, ele venderia na hora. Se é o dinheiro que tá pegando pode pedir par...

- Não. Pedir qualquer coisa ao Daniel está fora de questão. – Catarina cortou o sócio, embora tentada a comprar a casa, jamais pediria grana ao namorado.

-... Pedir um empréstimo ao seu melhor amigo. – Pedro finalizou ignorando a interrupção – Criatura, a gente se conhece faz tantos anos e nunca pediu nada. Ao contrário, sempre segurou minha barra com o papai e tentava me livrar das garras das minhas ex- esposas gananciosas. Deixe de orgulho besta e aceite. Vá realizar seus sonhos, garota.

Catarina abaixou a cabeça, com desculpa de mexer na bolsa, disfarçou a emoção. Querido Pedro. Como não percebera sua generosidade durante todos esses anos? Oh, sim. Ela estava tentando manter a pose fria e durona, evitando que ele se aproximasse e negando-se a reconhecer, por trás do exterior alegre e meio irresponsável, o sujeito incrível que ele era.

Por mais uma vezOnde histórias criam vida. Descubra agora