Capítulo 7

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Sem revisão



- Olha, vó! – Rosa sorriu para o neto Luís, de três anos, todo animado em cima de um pônei.

- Ele tá amando tudo isso. – a mãe disse ao filho mais velho, encostado na cerca e vigiando o sobrinho – Quem vê, pensa que não existem cavalos na fazenda do avô.

- O pequeno já sabe que os meus são os melhores. - Daniel brincou antes de continuar – Seu Antônio não quis vir...

- Seu pai já viajou este ano, esqueceu? – eles riram da piada familiar. 

Por ter medo de voar, Antônio Camargo tinha uma regra: só entrava em um avião uma vez por ano e como já viajara com Jonas meses atrás Daniel podia esperar a visita do pai, quem sabe, no próximo ano. Rosa acenou de novo para o pequeno neto e voltou-se para ele – Foi bom ver meus filhos. Jonas está bem, graças a Deus. Quanto a você... Tudo bem?

- Por que não estaria? –desconfiado, Daniel respondeu com uma pergunta.

Rosa fez uma careta. Ficava impaciente pelo filho ficar sempre na defensiva quando o assunto era falar seus sentimentos. Daniel foi uma criança quieta, que amadureceu rápido demais para o seu gosto. Talvez por causa da influência nem sempre bem vinda do pai de seu marido, seu menino aprendera a se retrair durante o tempo em que seguia o pai e o avô pela fazenda. Cedo demais tornara-se  consciente, como filho mais velho, do que era esperado para ele.

Para a mãe, viera dali a dificuldade de Daniel em dividir seus problemas. Queria ser cautelosa, porém a necessidade de saber o que se passava na cabeça deste filho super reservado foi mais forte.

- Sonia Heckmann ligou na semana passada, falou durante horas sobre Sophia, como vocês ficam lindos juntos... Até aí tudo bem, ela sonha em ver a filha caminhando em direção ao altar contigo e nem esconde, confesso que também adoraria ver isso acontecer. – Rosa continuou ignorando a cara fechada do filho - Achei esquisito ela comentar, no meio da conversa, sobre uma mulher negra e alta chamada Catarina. Como não me perguntou nada diretamente, fui evasiva... Queria confirmar se era mesmo sua ex-mulher.

Ele desencostou-se da cerca, respirou fundo e colocou as mãos nos bolsos da calça. Catarina. Estava inquieto desde o último encontro, recusava-se a dar ouvidos a insistente voz de sua consciência que o censurava desde aquela noite. Talvez tivesse sido duro demais com ela.

- Sim, era Catarina Novaes.

- Querido, se quiser continuar com Sophia deve contar sobre Catarina.

- Sei. Sei também que Sophia vai ficar magoada por não ter contado logo de cara. - ele comentou rapidamente dos encontros inesperados e completou - No começo era só uma pequena omissão que teria tempo para corrigir e agora a situação saiu do controle com Catarina aparecendo aonde quer que a gente vá. Tô me sentindo preso na armadilha que eu mesmo criei. Maldita mulher! Sempre atrapalhando minha vida - praguejou irritado.

- Olha, você odeia interferências em sua vida particular, mas quanto mais essa situação durar pior será. Conte a sua namorada agora. Imediatamente. Pois, Sophia merece a verdade. Eu a conheço há muito tempo... ela é uma alma generosa e saberá te perdoar. – Rosa tocou o rosto do filho – Ah!... E Catarina não vai desaparecer só porque você quer.

- Pois devia. – ele resmungou.

- Não diga bobagens. – Rosa censurou o filho – Embora durante esses anos tenha sentido vontade de caçar essa mulher e lhe dar uns bons tapas por ter magoado meu filhinho. Megera sem coração!

Por mais uma vezOnde histórias criam vida. Descubra agora