Ela não pode ter ido embora

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Depois de uns vinte minutos pensando. A porta do quarto se escancara e eu quase caio pra trás de susto.

- O que você tem ? - Henrique falou se ajoelhando entre minhas pernas.

- Nada. - falei baixo.

- Como não tem nada ?! Você saiu da aula sem nem esperar o toque,todos ficaram perguntando o que você tinha. Tive que inventar uma desculpa pra professora que te chamou e você não deu ouvidos.

- Eu não ouvi ela me chamar. - falei a verdade. Não escutei ninguém me chamando.

- Sabia que não tinha escutado. Você estava aérea demais hoje... O que aconteceu ? - falou olhando nos meus olhos e eu tirei a vista pra não chorar.

Eu tenho que ser forte,eu preciso ser forte por ele.

- Henrique... eu preciso te contar uma coisa. - falei séria e ele se afastou um pouco assutado.

- Quer terminar comigo ? Sei que não temos nada oficial,mas eu estou respeitando o seu espaço Mel...

- Para ! - falei alto. - Não é isso.

- Então o que é ? - levantou e sentou na mesma cama que eu,ficando de frente pra mim. Respirei fundo e olhei pra ele.

- Há coisas na vida que a gente tem que aceitar. Quando nascemos, nossa família faz uma festa. Quando estamos crescendo,somos motivos de orgulho para nossos pais. Quando desobedecemos,somos motivo de tristeza. Quando atingimos nosso objetivo,somos o motivo deles agradecerem por ter nos botado no mundo. Muitas vezes xingamos eles e falamos coisas que não devíamos dizer,pois eles são as pessoas mais importantes das nossas vidas. Não devíamos magoá-los e nem muito menos decepcionar eles. Eles nos deram a vida,por isso devíamos agradecer a eles todos os dias por isso. Mas não é isso que fazemos... na maioria das vezes,muitos reclamam quando mudam de escola,outros reclamam quando eles não dão o que querem,outros reclamam por a comida estar ruim... Muitos,não sabem dar valor a vida. Tinham que agradecer por ter pai e mãe, saudáveis e com vida. Muitas vezes desperdiçamos momentos em que era essencial dizer um: "Mãe eu te amo." ,independente de quem seja,éramos pra chegar e dizer o que sentimos para aqueles que estão ao nosso lado,pois não sabemos o dia de amanhã. Pode ser que seja tarde demais.

- Mel... Por que está me falando isso ? - perguntou me olhando com inocência nos olhos.

- Você já vai entender... - falei,me aproximei e respirei fundo antes de continuar. - Ontem quando eu saí da sala e vocês foram pra educação física, minha intenção era ir pra o quarto e ver o que o Victor tinha falado comigo. Pois,quando saí de manhã, não deu tempo de ver o que ele queria. E depois que voltamos do refeitório, a primeira coisa que eu fiz foi dormir. Quando foi hoje de madrugada recebi um telefonema que não era o que eu esperava. Fiquei triste e pensando em como te contar isso.

- Me contar o que ? Mel você está me assustando.

- Você vai ter que ser forte... Quem me ligou foi o Victor e me disse aos prantos que... A sua mãe faleceu hoje de madrugada Henrique. - falei suspirando.

- O quê ? - perguntou me olhando sem cor.

- A sua mãe... Ela não está mais entre a gente. - falei.

- NÃO ! - gritou e começou a chorar. - Não, não pode ser. - se ajoelhou no chão e colocou o rosto entre as mãos, chorando muito. - Ela não pode ter me abandonado... Não, não... Por que ela fez isso ? - ele chorava compulsivamente.

Me aproximei dele e toquei em seu ombro,fazendo ele me olhar com desprezo. Recolhi minha mão no mesmo instante. Ele levantou e permaneceu com o olhar vazio e o rosto cheio de lágrimas.

Amor ProibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora