Capítulo 11

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Papai me olha confuso.

- Por que querida? Não gostou? - quero dizer que Severo está aqui e que me encontrou, mas a única coisa que sai é um suspiro. Papai liga o carro e saímos em direção ao mausoléu!

Estou preocupada com Rocca e dona Coruja, decido que amanhã vou questionar Severo sobre isso! Mesmo que minhas pernas fraquejem e minhas mãos fiquem trêmulas e eu chore! Mesmo que ele me xingue de insolente, desprezível, tola e todos os adjetivos possíveis para me rebaixar, mesmo que eu tenha que sacrificar minha boa educação e trate aquele maldito com grosseria.

Papai estaciona o carro na garagem e quando estamos quase entrando em casa, papai me chama.

- Ada! Gostaria de ir comigo ver as flores? - papai pergunta esperançoso, esperando que eu vá e particularmente não iria, porém estou imaginando que a moça dos cabelos azuis deve estar lá e tenho certeza que Severo também.

- Sim papai, só um instante... - corro e jogo a mochila na poltrona que papai costuma se sentar e volto.

Saímos em direção a floresta, ainda vai demorar cerca de uma hora para anoitecer e então vou tranquila tendo em mente que a lanterna do meu celular é o suficiente caso voltemos depois que a escuridão tiver se estabelecido.

Chegamos a entrada da floresta e logo abaixo vejo a moça de cabelos azuis, ela e seu lobo caminham a alguns metros de distância de nós, certifico-me de que papai não verá ela.

Andamos por alguns minutos e logo estamos perto das flores, papai observa encantado.

- Sua mãe era tão boa que até mesmo a terra prestou homenagem em seu leito de morte! - fito papai com o coração apertado, pois na verdade sei que as flores nasceram, pois mamãe deveria ser algum tipo de criatura mágica de Pearl.

- Verdade papai! Mamãe era muito boa! - tento consolá-lo.

'Ada'

Ouço a voz de Severo ecoar em minha cabeça, ele está aqui. Olho para papai e vejo que ele está distraído olhando para as flores.

Olho em volta apavorada em busca de Severo! Vejo uma névoa se transformar em Severo, ele está vestindo da mesma forma que cedo, porém tem uma cartola sobre sua cabeça. Ele está me encarando e sorrindo atrevido! Fecho o olhar e cruzo os braços.

Ele some novamente e volto a procurar por ele. Dou um grito quando vejo papai caindo no chão.

- Papai acorde! - estou sacudindo papai, mas ele não responde. "Sei que foi Severo, aquele desgraçado!" - apareça covarde! - sinto um vento sobre minha nuca e me levanto abruptamente, engulo seco e me viro - O que você fez com meu pai, seu demônio! Responda! - Severo está me encarando sem dizer uma palavra. Meus olhos ficam marejados. Volto a me abaixar e me certifico de que Papai esteja respirando. Ele está e sinto uma onda de alívio percorrer minha mente. "É agora!"

- Onde está Rocca? E dona Coruja? O que fez com eles? - lágrimas correm meu rosto - Por que matou minha mãe? Por que não me deixa em paz! - seu olhar é indiferente as minhas lágrimas e sua posição não muda.

- Seus protetores? Aquelas criaturas infames e desnecessárias? Estão bem! - sinto um alívio - quando me cansar delas pretendo enforcar ao bronco e esfolar sua corujinha! - olho horrorizada para seu rosto que não expressa sentimento algum! - Já sua mãe... - vejo tristeza em seu semblante e logo seu rosto volta a ficar impassível - sua adorável mãe não se comportou Ada, ela foi rebelde e desobediente! - não suporto ouvir mais uma palavra!

Cerro meus punhos e começo a socar Severo.

- Desgraçado! Assassino! Assassino! - ele não se move e deixa que eu deposite toda a minha raiva nele. Por fim segura meus punhos. Sem forças para lutar eu simplesmente caio de joelhos diante dele, ele não solta meus punhos. Não aperta para machucar e nem afrouxa para me soltar.

- Chore pequena Ada, chorar faz bem para a alma! - "cretino!"

- Não venha falar sobre alma Severo! Você é um desalmado e cheio de pecados! Eu te odeio com todas as minhas forças! Jamais me casarei com você! Jamais direi seu nome em voz alta! Você vai pagar Severo! Por tudo! - levanto a minha cabeça e olho para cima, Severo está sério e do nada começa a gargalhar sem parar! O tempo todo. "Está rindo da minha dor!". Me debato tentado soltar meus punhos, mas Severo me puxa enquanto ri e prende minhas mãos atrás das minhas costas, segura firmemente e me envolve em seus braços. Ele para de rir.

- Não seja estúpida! Você fará o que eu quiser! Ou pretende que eu tire a vida do seu papai agora mesmo - "ele não teria coragem!"

- Você não faria i...

- Você não sabe do que sou capaz Ada! Não conhece minha história! - sua voz é sádica, sinto minha garganta queimar e gosto de bile em minha boca.

- Seu monstro! - grito o mais alto que posso. Ele se curva e diz em meu ouvido.

- Você quem escolhe, minha criança! Ou cede aos meus caprichos ou perde tudo que mais ama e vem viver comigo a força. Serei sua única família, seu único abrigo. - sinto-me frágil e incapaz.

Olho para seus olhos e eles estão cintilando a cor violeta. Pisco algumas vezes e me encontro presa em seu olhar.

- Darei um prazo para que você decida o que quer! Se vier por bem, eu pouparei as pessoas que ama, se não aceitar eu tiro todas as suas escolhas e você retorna para casa, de onde nunca deveria ter saído! - sinto como se uma adaga tivesse atravessado meu peito.

- Quanto tempo? - pergunto entre soluços.

- Uma semana, criança! Caso não faça o que quero, eu vou revelar toda a minha bagagem de vida para seu papai, caso ele resista a todas as informações e não morra, ele jamais sairá de um sanatório. Está nas suas mãos Ada! Faça a escolha mais inteligente. - minhas mãos não estão mais presas e ele evaporou da minha frente.

- Papai! - ajudo ele a se levantar e abraço ele fortemente.

- O que aconteceu querida! Por que está chorando? - ele acaricia meus cabelos.

- Vamos voltar, por favor! - ele me solta e caminhamos calados até em casa.

Faruk - Amando o Inimigo (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora