Capítulo 34

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Arrasto as correntes pelo quarto enquanto caminho. Sinto como se fosse enlouquecer e sei que falta pouco.

Depois de horas sentada no chão chorando decidi me levantar e vestir um vestido adaptado para seres alados, além disso ele ainda estava adaptado para as correntes.

Sinto que minha vida está em ruínas, creio que a culpa foi minha, a morte de dona Coruja não teria acontecido se eu não tivesse pensado só na vingança, não teria acontecido se eu não tivesse sido egoísta, não teria acontecido se eu não tivesse recusado a proposta de Faruk.

"Papai" sinto meu coração doer, tenho a impressão de que nunca mais verei ele e isso está me deixando apavorada.

Vez ou outra ouço passos no corredor, mas infelizmente minhas correntes chegam até a entrada e puxam de volta para dentro. Estou me sentindo muito mal e meu coração está apertado.

Olho pela janela e vejo que as nuvens do céu estão cinzas e o movimento no castelo aumentou. "Amanhã é o baile!"

Não quero mais viver! Se eu pudesse me matar... Mas as opções de suicídio dentro desse quarto estão escassas.

Tento me distrair, mas minha cabeça dói. Ouço toques na porta e serviçal entra pela porta, estou exausta demais para me levantar da cama.

- Diga o que quer e saia! - exclamo.

- O senhor Faruk quer saber se vai jantar com todas as convidadas do baile, aparentemente elas ficarão aqui mais uma semana, pois o baile foi adiado. - reviro os olhos.

- Pois diga ao senhor Faruk que nem morta sento na mesma mesa que ele! - minha paciência está esgotada com esse cretino.

- Sim vossa majestade - me assusto e levanto abruptamente e me aproximo da serviçal.

- Por que está me chamando de vossa majestade? - "se Faruk pensa que vou me casar com ele, ele está redondamente enganado!"

- Por que a senhorita é a herdeira do trono e deve assumir a coroa mesmo que Faruk não queria, todos aguardam sua coroação para que as coisas melhorem. - pisco várias vezes seguidas.

- Então quer dizer que posso assumir? - ela assente. "Sinto um gostinho de vitória, ele é um pequeno sabor, mas já estou feliz!"

- Porém tem que se casar! - "claro! Era bom demais para ser verdade!"

- Necessariamente tem que ser com Faruk? - ela consenti "Ótimo! Estaca zero!"

Dou sinal para ela se retirar, ela me reverência e sai, vejo Faruk me olhar por milésimos de segundo e a porta se fecha. Sabendo que ele está ali resolvo gritar.

- Estúpido! Cretino! Covarde! Monstro! Assassino! - as lágrimas brotam nos meus olhos e sento no chão com as mãos no rosto. Choro como um bebê.

Meu conto de fadas era perfeito! Imaginava um homem lindo se casando comigo e dizendo que me amava, mas não esperava que fosse um louco centenário que me mantém aprisionada.

Sinto minha boca secar e seco as lágrimas, levanto relutantemente e caminho até a porta, abro cuidadosamente e não vejo Faruk, então escancaro a porta e sento na saída. Minhas asas ficam do lado de dentro do quarto e meu corpo do lado de fora, elas estão relaxadas atrás de mim e vez ou outra acaricio elas.

O toque causa uma sensação de paz e conforto, afinal não é tão ruim ter asas. Elas são da mesma cor que meus cabelos.

Vejo a porta que trás para esse corredor se abrir e um ser alado vir até mim, suas asas são cinzas assim como seus cabelos, ele se senta ao meu lado, cruzo os braços e faço um bico.

- Oi... - ele me cumprimenta - se lembra de mim?

- Não faço questão! - ele está me olhando então resolvi olhar para ele também.

- Sinto muito pela sua situação...

- Não quero sua piedade, se quiser pode ir embora! - ele continua sentado do meu lado.

- Você vai fugir se eu te soltar? - "oi? Ele quer me soltar!" Encaro ele e me aproximo tanto que ele se afasta um pouco.

- Você me soltaria?

- Bem... Bem eu... Na verdade não posso, mas se eu pudesse... Você fugiria? - "tolinha! Lógico que ele não vai soltar!"

- Não faz diferença! - dou de ombros e me afasto dele.

- Na verdade faz! Por que se você fugir Pearl será destruída pouco a pouco. - "sempre a mesma coisa!"

- Foi Faruk que pediu para você perguntar! Pois se foi, diga a ele que odeio ele, e que a terra pode me esmagar mas não. Me. Caso. Com. Ele! Entendeu? - ele assente e se levanta. Reviro os olhos. "Sério que Faruk mandou o carinha aqui para me atormentar! Babaca!"

Fico por horas sentada ali e várias mortais, seres alados, fadas e outras criaturas femininas passam com roupas extravagantes, todas me olham com tristeza e algumas dizem para mim ser forte e salvar Pearl.

Sorrio sempre que recebo um incentivo.

Elas gostam de mim! Todas gostam, menos as fadas, ou elas são tão feias que a alegria ou a tristeza ficam escondidas por trás da carranca.

Estou com muita fome e ninguém vem para me servir. Resolvo gritar.

- Ainda estou viva! Eu também como! Será que poderiam me trazer pelo menos os restos! - "Fala sério! Me esqueceram mesmo!"

Fico mais alguns minutos sentada e já estou quase pegando no sono quando sinto um toque em meu braço, abro os olhos vagarosamente e vejo o imbecil parado a minha frente.

Meu primeiro instinto é tentar pular no pescoço dele, mas ele se afasta e me olha com tristeza. Ele segura um prato de comida.

- Trouxe seu jantar - sua voz é falha.

- Já que foi você quem trouxe prefiro passar fome! - me levanto e volto para o quarto batendo a porta com toda a força. Grito para que ele escute - Babaca! Assassino! Cretino!

Respiro fundo e corro para a cama, me jogo de bruços e grito conta a cama. Fico remoendo a raiva que sinto dele e sentindo minha barriga implorar por comida, por fim acabo adormecendo.







( Gostando? Deixe sua opinião! Particularmente eu odeio Faruk! Sim! Odeio! Não consigo amar ele... E olha que eu que estou escrevendo...

Bem...

Bjs no core ^_^)

Faruk - Amando o Inimigo (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora