Capítulo 30

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Chego na cozinha procurando desesperadamente por um copo de água.

- Ei! Preciso que me ajude a limpar o salão principal! - uma senhora de meia idade se dirige a mim.

Assinto.

- Preciso tomar um copo de água antes, estou com a garganta seca... - finjo procurar um copo de água e ela me entrega.

- Beba logo! Precisamos deixar tudo pronto para amanhã! As convidadas chegam hoje. - logo percebo que estão todos se preparando para o baile.

- Sim senhora! - tomo o copo de água apressada e acompanho a senhora de meia idade.

Sinto meu coração saltar quando passo por Alicia, minha vontade é esganar ela agora mesmo, mas resisto a vontade de fazer alguma besteira e vou para o salão principal.

Ajudo a senhora a limpar e ouço a voz de Faruk adentrar o salão, "droga! Os encontros aqui dentro são frequentes demais".

Olho de soslaio e vejo ele se sentar na poltrona negra, cada asa sua descansa de um lado da poltrona.

Ouço atentamente a conversa entre ele, um ser alado e uma fada.

- Quero que vocês mandem uma guarnição para a floresta enganosa, outra para a trilha de pérolas negras, Ada não deve estar muito longe. Tragam ela viva! - "Aí! Eles pensavam em me matar?!"

- Claro senhor... Só uma pergunta ela irá assumir a coroa? - o ser alado pergunta entusiasmado. "Poxa! Devo mesmo ser importante para eles... Também com um monstro governando, um desconhecido é mais desejado".

- A coroa é dela por direito e só poderei continuar governando caso ela se casar comigo - "ele só quer se casar comigo por causa das coroa! Cretino!"

- E o baile majestade? - ouço a fada perguntar e reviro os olhos "Ta cancelado né amor! Eu estou viva!"

- Ocorrerá normalmente, Ada voltando ou não! Comunique a todas as criaturas de Pearl, quero que todas estejam presentes. - "Oi? Normalmente? Como assim?"

- Certo majestade! - Vejo a fada se distanciar e ouço a voz de Alicia surgir, quase caio para trás.

Mantenho minha mente clara e procuro não me estressar muito. Não quero que o brilho dos meus cabelos ultrapassem a toca. Olho novamente de soslaio e vejo Alicia carregar minha mochila e jogar no colo de Faruk, ela parece irada.

- O que significa isso Faruk? Quando pretendia me contar sobre Ada? - ela está gritando no salão.

- Não ia te contar - sua voz sai despreocupada.

- Por quê? - ela grita.

- O que queria que eu fizesse Alicia?! Achei que ela estava morta e os motivos? Saudades da mãe! - Faruk lança as palavras com ódio.

- Mas ela não morreu! Então não me culpe.

- Ainda não te perdoei pelo que fez! - suas palavras saem amargas e sinto meu coração palpitar.

Faruk não é um desalmado! Ele não perdoou a irmã pelo assassinato de mamãe.

- Ela mereceu Faruk! Por culpa dela você se transformou em um monstro e cada dia que passa está mais severo, ela não podia ter privado você de ver Ada crescer, ela não podia ter privado você de mostrar o seu lado bom! E agora o que restou? Apenas uma criatura repugnante e monstruosa - ela solta uma gargalhada - não venha dizer que sente culpa pelo que fiz! Você não sente Faruk, nunca sentiu! Eu sei bem do que você é capaz e não acredito em uma palavra de acusação que me lançar. Sabe por que você se entristece? Por que sua amada Ada jamais irá te perdoar por você ter permitido que eu a matasse! - ela grita para todos ouvirem e sinto uma vergonha alheia por Faruk "mas ele tentou impedir a morte dela, não é? Aliás eles eram amantes!" Vejo de soslaio Faruk se levantar e agarrar o pescoço da irmã, ele levanta ela com uma mão só.

- Se você se dirigir a mim com a mesma arrogância novamente eu juro que arranco sua cabeça e jogo seus restos no lado de almas perturbadas. - seus olhos estão vermelhos e suas asas estão abertas. "Ele parece um anjo! OK! Talvez um anjo caído!"

Ele lança Alicia no chão e vejo alguns guardas levantarem ela e levarem para fora do salão. Se ele fez isso com ela imagina o que faria comigo! Não quero jamais deixar Faruk bravo.

Fico mais algumas horas ajudando a senhora a limpar o salão é sempre mantenho meu rosto virado na direção oposta de Faruk. Em nenhum momento encaro ele, ele logo me reconheceria e eu estaria morta! Consigo ver meu pescoço sendo arrancado por um ogro, ou decapitação, ou esfolamento.

Terminamos de limpar o salão e sinto que vou desmaiar, é impossível sair daqui sem virar para o lado de Faruk.

Olho de soslaio para ele e vejo que ele está apoiando sua cabeça em um dos braços firmados na poltrona.

Saio caminhando depressa com a cabeça baixa e o olhar disfarçado para ele.

Me dirijo de volta para a cozinha e começo a pensar qual seria a melhor hora para atacar Alicia. Tenho que ser rápida e silenciosa pois assim que extermina-la tenho que ir atrás de Faruk e fazer o mesmo, não posso demorar muito entre um ataque e outro.

Depois de pensar muito sobre isso estou esgotada. Agradeço que não tenha mais nada para fazer e me distancio dos outros empregados.

Sinto tanta falta de papai que chega doer em meu coração, sei que tenho errado bastante principalmente com papai, mas é necessário que eu faça alguma coisa pelo bem do meu povo.

Não posso simplesmente abandonar essas criaturas que eu aprendi a amar em tão pouco tempo, corre nos meu sangue o dever e responsabilidade por eles.

Mesmo que para isso eu tenha que sacrificar a vida de duas pessoas e sujar minhas mãos de sangue. Mesmo que eu tenha que me tornar uma pessoa ruim para salvar quem eu amo. Mesmo que signifique ser estraçalhada no processo, mas não permitirei que meu lar sofra nas mãos de Faruk mais e nem permitirei que papai corra riscos de vida, não sem lutar! Sem correr atrás da minha liberdade.

E não vou cometer o mesmo erro de mamãe, não vou cair nas garras de Faruk e me tornar seu objeto. Não permitirei que aquele monstro troque um dedo em mim.

Faruk - Amando o Inimigo (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora