Capítulo 47

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Ele sorri com o canto da boca.

- Prometa-me que não irá tentar matar ninguém hoje... - suas palavras não soam como pedido e sim como exigência.

- Não vou prometer nada, já é muito eu estar indo me sentar na mesma mesa que você e Alicia! - ele revira os olhos e se aproxima do meu ouvido.

- Se não fizer nenhuma travessura eu lhe recompensarei... - engulo seco.

- Não quero nada que venha de você! - ele se afasta e gargalha "eu contei alguma piada?!" Ele para de rir e coloca as mãos sobre a cama, me deixando entre elas.

Se aproxima demais do meu rosto e olha dentro dos meus olhos, sinto minha respiração ficar irregular e estou um pouco tonta com a proximidade "Deve ser o ódio! Certeza!"

- Minha doce criança sei alguns dos seus passos, mas me pergunto se já teve o prazer de ganhar um beijo... - a pergunta faz meu rosto esquentar e sei que estou corada. Ele solta um riso travesso, tira uma das mãos da cama e apóia no meu queixo.

Ele está se aproximando demais e acabo fechando os olhos, parte de mim quer um beijo dele, mas ele não faz. Abro os olhos e ele está rindo. Rindo de mim e da minha estupidez.

- Não vou te beijar Ada! Não quero beijar você... - estou confusa.

- Por quê? - ele se afasta e caminha para a porta.

- Por que isso me causaria dor, não quero sentir dor. - ele sai do quarto, fico me sentindo mal.

"O que foi isso?" Me sinto uma boba e sinto raiva ter desejado beijar ele. Não quero mais me sentar a mesa, por mim não faz diferença se vai ou não cair uma tempestade.

"Não vou!"

Saio do quarto e vejo as ninfas, fadas e seres alados caminharem para a direção da sala de jantar. Chamo uma delas.

- Será que poderia pedir para que me trouxessem um prato de comida? - ela parece estranhar meu pedido, mas assente.

Volto para a cama e me sento na beirada, pego uma de minhas asas e começo a acariciar, algum tempo depois os trovões aumentam e tenho a impressão que a culpa é minha, abro a janela e vejo que o tempo está bem pior.

Volto a fechar as janelas e caminho para a cama, sento próxima a cabeceira e espero meu jantar, mas ele não chega, o que leva a concluir que a moça não avisou para mim. Suspiro.

Acabo adormecendo.

***

Acordo com uma sensação de estar sendo observada, não abro os olhos e escuto estrondos no céu. É possível escutar a chuva cair lá fora e o vento sopra tão forte que assobia.

Abro os olhos com cuidado e um grito irrompe da minha garganta, Faruk está me observando dormir.

- O que faz aqui!? - pergunto me sentando próxima a cabeceira com as asas abertas.

- Olhando você dormir... - espremo meus olhos para olhar mais de perto e aparentemente ele esteve..."chorando?"

- Você está bem? - ele consenti.

- Não consigo dormir apenas...

- E por que veio me observar?

- Disse que iria jantar conosco, mas não apareceu...

- Não gostei da forma que me tratou, então não quis ir... - digo com a voz abafada. Ele se senta na minha frente e segura meu rosto com as mãos.

Meus cabelos começam a brilhar do nada, e me sinto envergonhada. Ele parece estar fascinado com o que vê e sorri.

- Queria que eu tivesse te beijado? Achei que odiasse - decido eu mesma beijar ele, se ele me amar de verdade talvez isso acalme ele e essa chuva passe.

Sem que ele possa reagir dou um beijo nele, a sensação é muito boa "deveria ter beijado antes!" Ele me afasta de repente e me olha confuso, seus olhos estão violetas e os trovões pararam, agora apenas chove e venta.

- Por que fez isso? - ele me olha incrédulo.

- Não quero ver pessoas ou criaturas mortas amanhã quando eu acordar... - ele ri amargamente.

- É por isso? - pergunta ainda rindo - foi por isso Ada? Para não ter que ver seu povo sofrer! Você só me beijou para tentar acalmar esse maldito tempo! - os trovões voltam e com mais intensidade "Deu errado..."

- Você não se cansa em fazer mal para Pearl? É sempre assim! Você fica de mal humor o tempo fecha! Está triste começa a chover! Está preocupado ou o dia não está tão agradável, o tempo fica cinza! Você só trás desgraça para Pearl! - ele abaixa a cabeça e passa a mão pelos cabelos.

- Pare de falar como se eu fosse o culpado por tudo! Se fosse para mim escolher, essas coisas não estariam acontecendo! Acha que quero que meu humor influencie no tempo? Não seja tola! Eu não pedi isso! - ele levanta a cabeça e me olha como se a culpa fosse minha. Engulo seco. Realmente a culpa é um pouco minha, já que minha família que causou tudo isso.

- Desculpe... - não sei o porquê, mas começo a chorar, Faruk suspira e me abraça.

- Quem te contou? - nego com a cabeça, não quero dizer a ele quem foi que contou sobre tudo de ruim que já fizeram a ele - Conte criança! Quem foi que te contou sobre mim? - ele pergunta docemente.

- Você vai machucar eles? - ele ri.

- Provavelmente.

- Não vou dizer! - "idiota!"

Ele me solta e vejo que o tempo está mais calmo, a chuva mais amena e os trovões acalmaram também, porém o vento ainda está forte.

- A culpa não é sua Ada... - ele segura uma mecha dos meus cabelos e começa a brincar - a culpa é daquela maldita bruxa! - ele acrescenta.

- Mas foi meu avô que começo isso tudo - digo secando o rosto.

- Não se culpe por isso, minha intenção ao trazer você para cá, era fazer você assumir sua posição de guardiã e voltar para mim... Eu sei que é egoísmo te querer por perto, mas olhe só - ele aponta para cima - você me faz bem e consequentemente faz bem a Pearl. Sua casa é aqui.

- Quero ficar perto de papai e Tessa, quero voltar a ter a minha vida! Jamais vou esquecer do que fez a dona coruja e minha mãe. - ele segura meu rosto e me beija.

Seu beijo é exigente e cheio de culpa, aos poucos ele aprofunda o beijo e me puxa para seu colo, ele segura firmemente a minha nuca para que eu não saia do seu colo, coloco minhas mãos sobre seus ombros. Ele se afasta e apóia sua testa na minha.

- Não quero que me perdoe, mas peço para que fique comigo. - sua voz está mais rouca.

Saio do seu colo e encolho contra a cabeceira.

(Retiro o que disse dias atrás, eu até gosto um pouco dele)

Faruk - Amando o Inimigo (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora