Capítulo 35

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Acordo com pássaros cantando em minha janela, olho para o céu na esperança de ver o sol, mas as nuvens continuam cinzas. "Como podem seguir o humor de Faruk? Por que ele!"

Me sento na cama e ouço minha barriga roncar. Coloco a mão sobre ela.

- Agora não neném! Infelizmente teremos que esperar a boa vontade de alguém!

Espero durante alguns minutos e decido ir até a porta, vejo meu café da manhã no chão, recolho a bandeja e entro para dentro.

Sinto-me aliviada por não ter sido esquecida aqui. Olho para a bandeja e encontro frutas e uma xícara de... "água? Leite? Café? " De alguma coisa.

Tomo um gole e sinto o sabor maravilhoso que tem o líquido! Começo a comer e a tomar tão avidamente que pareço uma predadora comendo sua presa.

Ao terminar me sinto bem melhor e caminho com a bandeja em direção a porta " essa corrente está me deixando irritada!"

Abro a porta e sou de cara com Alicia, meu sangue começa a ferver nas veias e sei que meus olhos estão vermelhos, pois ela se encosta contra a parede do outro lado e me encara assustada.

Minha raiva é tão grande que atiro a bandeja no chão.

- Faruk! - ela sussurra.

Sinto minhas forças dobrarem e puxo o punho preso a corrente, ouço um estralo e sinto meu braço livre, quando vou grudar em seu pescoço, sinto mãos quentes prenderem meus punhos e me rodarem contra a parede.

- Ada não faça isso! - Faruk exclama em meu ouvido.

- Me larga! - grito irada.

- Por favor pare de comportar como uma assassina! Você não é uma assassina! - Faruk vai aumentando o tom de voz a cada palavra.

- Pois terei o prazer de me tornar uma! - solto uma risada amarga. Vejo Alicia correr para fora do corredor e fechar a porta.

Faruk me gira bruscamente e prendi minhas mãos no topo da minha cabeça, ele segura somente com uma mão e mesmo que eu force, estou presa. Minhas asas estão esticadas cada uma para um lado.

Faruk usa a outra mão para arrebentar o resto da algema que está no meu braço. "Ele vai me soltar!"

- Vou pedir que eles arrumem sua corrente... - ele está muito próximo, "próximo até demais!"

- Se afasta de mim Faruk! Me deixa em paz! - ele dá um sorriso fraco e afasta o rosto.

Vejo guardas entrarem pelo corredor.

- Arrumem a corrente de Ada! E dessa vez coloquem uma mais forte - ele se dirige para um dos rapazes, tento me debater, mas Faruk me prensa mais contra a parede - Se vocês adiantarem o serviço, serei grato! - reviro os olhos.

- Pode me soltar, não vou fazer nada - "Claro que isso não inclui que ficará vivo!"

- Não acredito em você meu amor, não ainda! - ele continua me prensando e segurando meus braços "ele com certeza é mais forte que as correntes!"

- Pare de me chamar de meu amor! Eu não sou seu amor e menos ainda sua! - vocifero.

Faruk não responde somente continua me segurando, após longos segundos ele diminui a pressão e afrouxa meus braços.

"Minha chance!"

Solto um pulso e soco seu estômago, corro em direção a porta, mas Faruk surge como fumaça em minha frente e me joga contra o chão.

Sinto uma dor aguda atravessar minhas asas, e sei que quase me machuquei. Faruk agarra os meus punhos e segura cada um de um lado do meu corpo. Seu maxilar esta contraído e seus olhos estão inexpressivos.

Sinto-me aprisionada e sem que eu perceba estou chorando e soluçando sem parar. Vejo seres alados passarem por nós e um deles proferir.

- As correntes estão prontas senhor! - eles saem e me deixam sozinha com este monstro.

Ele não me solta e nem se levanta, só me encara, e eu estou chorando sem parar feito uma boba!

- Me deixa ir para casa, por favor! - vejo seu semblante ficar entristecido. Minha voz sai baixa.

- Não Ada! Sua casa é aqui - me debato em baixo dele e ao ver que não consigo sair, desisto.

- Se você realmente me ama como diz, me deixa ir embora, me deixa ser feliz... Isso é crime de onde eu vim! Se chama cárcere privado - estou soluçando, mas o choro cessou.

Ele assente

- Eu sei...- ele gira meus braços até o topo de minha cabeça e prende com uma mão, "não quero lutar mais! Não agora..."

Ele me puxa e levanto, arqueio minhas asas e sinto uma fisgada "acho que machuquei!"

Sigo seus passos fungando e quando ele prende um dos meus braços sinto vontade mata-lo, mas não sou forte o suficiente.

- Me disseram que você já foi bondoso... - ele termina de prender e solta meu braço.

- Bondade é sinônimo de fraqueza Ada! - seu tom é frio.

Não digo mais nada e me afasto da porta, viro-me e caminho para a cama, sinto os olhos de Faruk me acompanhando.

Deito na cama e me encolho por um momento me pergunto se ele vai ficar no quarto por muito mais tempo, quero não ter que olhar para ele.

Passa algum tempo e levanto minha cabeça para olhar. Faruk está sentado do lado de fora da porta me observando, seu olhar é vazio e ele parece estar distante, perdido em pensamentos.

Decido que não quero mais ver seu rosto e caminho até a porta, vejo Faruk me encarar e passar a mão pelos cabelos, suas asas estão cobrindo parte do chão, ignoro seu olhar de cachorro que caiu da mudança e bato a porta com força.

Grito para a porta e espero que ele escute.

- Vai a merda! - "OK! Não é a frase mais criativa, mas Tessa fazia muito isso, mandar eu ir a merda, e foi a única coisa que veio a cabeça".

Suspiro e caminho de volta para a cama. Lembro de quando Tessa e eu fomos tomar sorvete, lembro de como ela foi corajosa me ajudando, lembro dos momentos que ela me fez rir e me consolou... "Sinto falta dela e de papai..."

Sinto falta da minha vida normal...

Faruk - Amando o Inimigo (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora