MANÁOS

Marcha de Valetes

Servo que segue o rumo das águas

Servo que arde em fúria

Servo que é uma fera

Servo que é não é mais quem fora

Qual de vós traireis seu rei?

Qual de vós permanecereis na lei?

Qual de vós almejareis reinar?

Qual de vós sabereis honrar?  

Copas, Ouros, Espadas e Paus

Água, Terra, Ar, Fogo

a quem tu serves neste jogo?

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Estevão saiu do baile com a garrafa de vinho na mão. Havia tirado-a da mão do garçom poucos minutos atrás usando seus truques na manga. Sempre ter o nome na lista por ser amigo de longa data de um estranho. Eis aí nobre uso do dom que recebera. Brincar com as memórias dos outros era um hobbie de seu rei, não dele. Cansou-se de tentar agradar Judite que só tinha olhos para Charles que,  por sua vez, não tinha olhos para ninguém.  Diferentemente do olhar opaco do líder, o aprendiz tinha olhos brilhantes. Todavia, agora o brilho era por causa das lágrimas que tentava esconder. Havia bebido demais. Valete de Copas marchava rumo à ruína. Naquela madrugada, Heitor encontrava-se com Roger na Universidade de Manaós para instruir meia centena de jovens sobre a guerra que viria. Assim, dois Valetes marcharam rumo à aliança dos reinos. Contra as expectativas que carregava nas costas, Lanzo encontrava-se num galpão, sujo, checando cada carcaça de Devil  recolhida após o último confronto. Seu rei havia tentado livrar aquelas máquinas de guerra de seus aspectos demoníacos, mas o resultado era claramente uma fileira de  Frankensteins ainda mais aterradores os quais chamou de Titan.  Valete de Paus marcharia para o campo de batalha antes que o sol raiasse. Mesmo que concordemos com a ideologia de outrem, nossas ações são frutos de nossas escolhas.   Ainda que seguíssemos alguém nós sempre caminharemos com nossos próprios pés. Cada um marcha rumo o próprio destino. Não pensemos nele como um futuro imutável, mas um fim certo para todas as estradas.