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O rapaz largou caneta e papel sobre a mesa e seguiu ao banheiro para lavar a face.  No caminho, pôs a água de seu chá para ferver. tarde, não tarde, tarde.  Digo, era noite. Madrugada.
Odeio datilografar. Sinto falta da liberdade de escrever a punho. Me pergunto qual a vantagem de toda esta tecnologia? Antes eu era um entusiasta com tudo isto, porém agora vejo-me odiando toda esta parafernália. Vossa mercê não deve estar interessada na minha opinião. Claro! Eu deveria ser imparcial, todavia não lhe garanto que serei capaz. Não sou historiador e no momento minha formação não importa. Retomando o que eu iria contar... segue a história:
Ele lavou o rosto amarelo e esfregou as mãos molhadas sobre os olhos puxados. Estava cansado, sim, mas a paixão lhe tirava o sono. Quase esqueceu que iria preparar seu chá, mas o fervor da chaleira provocou um som que lhe alertou. Quase. Como os jovens são vulneráveis quando apaixonados. Lembro que meu primeiro beijo foi aciden... Mais uma vez me perco. Perdoe-me. Se estás lendo isto, fui capaz de reunir relatos sobre os fatos ocorridos. Não é uma tarefa fácil, porém considero importante registrar o momento histórico em que anjos tornaram a caminhar sobre a terra e como seus campeões decidiram agir. Ja contei um pouco sobre o rei do fogo e agora a pouco esforçava-me para relatar o momento em que o rei do ar começou a trocar cartas com sua rainha. Não foi tarefa fácil obter uma cópia da carta, mas encarreguei-me de garantir esta e outras provas. Com apenas dois competidores talvez você possa pensar que a história se trata de um jogo de xadrez. Contudo, não é bem assim. Na verdade, nem todos os jogadores fizeram suas ações. Einstein ousou dizer que "Deus não joga dados", mas ele nunca falou nada a respeito de cartas.

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