Full House

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Era uma contagem regressiva para o fim. O mover dos ponteiros no relógio de bolso que Alexandre levava consigo faziam soar um compasso. Tic-tac-tic-tac-tic-tac-tic-tac-tic-tac-tic-tac-tic-tac-tic-tac-tic-tac-tic-tac-tic-tac-tic-tac-tic-tac-tic-tac-tic-tac-tic-tac-tic-tac-tic-tac-tic-tac-tic-tac-tic-tac. A ânsia crescia a cada segundo. Crescia a cada tic-tac. Aquele relógio havia sido um presente de seu pai que havia recebido de seu avô. Esse relógio sobreviveu duas guerras... Espero que dê sorte, pensou. Sorte não era tudo. Ele precisava de aliados. Espero que o plano dela tenha dado certo. A rainha de paus convocou os outros reinos com aquela carta que você já leu. Agora, o rei esperava o resultado. A catedral de Santo Adolfo, ponto de encontro costumeiro, estava fechada na madrugada e o porto da cidade foi o local escolhido para a reunião. O tempo passava e ninguém chegava. Tic-tac-tic-tac-tic-tac-tic-tac-tic-tac-tic-tac-tic-tac-tic-tac-tic-tac-tic-tac-tic-tac-tic-tac-tic-tac-tic-tac-tic-tac-tic-tac. Se aquele relógio não fosse tão especial, já teria sido jogado no rio. O homem chegou a pensar que era em vão ele estar ali, porém um assovio rompeu o silêncio daquela madrugada fria. Finalmente.

– Boa noite, nobres – disse Nobunaga,

– Que a paz do nosso Senhor Jesus seja convosco – respondeu Cesar com um sorriso otimista.

– Paz – sussurrou Judite.

– Estão todos aqui, Alex – disse a outra rainha.

– Não estão – retrucou o rei de espadas.

– Alguém sabe onde está a parceira dele?

– Não faço ideia de onde ela esteja – disse Judite.

– Não podemos fazer isto sem ela.

– Se você não sabe onde está sua rainha, por que um de nós deveria saber?

Ele nada respondeu. O silêncio se apoderou deles, mas o rei de paus sabia que não havia tempo a se perder.

Nice.

– E agora? – O Rei de Espadas questionou.

– Tomaremos este porto com ou sem ela!

– E qual o plano?

– E precisamos de um plano?

– Sim.

– Por que?

– Somos cinco eles são...

– Não. Não somos cinco, somos um!

– O quê?

– Full House, meu caro.

– Três reis, duas rainhas. As quatro facções unidas... Tem que dar certo!

– Talvez não seja impossível, mas...

– One Minute! Existe mais uma coisa importante a ser dita!

– Diga-nos logo, homem!

– Teremos reforços, em breve. Um daqueles contêineres está carregado de pessoas... As crianças-anjo que eu tanto procurava antes que anjos de verdade viessem até nós. Quando as tropas ghoul descobriram ondem estavam, raptaram-nas. Consegui fazer um acordo com as que conseguiram escapar...

– Eu não acredito! Você quer dizer... os experimentos do Dr. Schossig?

– Exatamente.

– Achei que fosse uma lenda urbana.

– E o que é real pra você, Cesar? O que difere as palavras escritas na sua bíblia para as palavras que eu falo?

– A fé que tenho nelas.

– Nice! É exatamente isso que mantém um mito vivo! Tente não entender esta palavra como algo ofensivo, rapaz. Um dia nós também seremos mito, se é que já não o somos. O que faz tudo valer a pena é saber que alguém acredita em nós. Agora, temos trabalho a fazer!

E, com estas palavras de Alexandre Ribeiro, o grupo se preparavam para encarar uma noite turbulenta. O número do contêiner estava anotado na borda de uma folha de jornal que o rei de paus guardava em sua carteira. Cada um deles sacou sua arma e se posicionou. Era ora do show. Nada poderia dar errado, pensou. Contudo, ele estava errado.

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