Verbo conjurar

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Clifton, Colorado.

Estavam na estrada há mais de nove horas e ainda tinham mais seis horas até chegarem em seu destino. Haviam tomado o caminho mais longo devido à obras e acidentes nas duas rodovias principais.

Dani não falou durante toda a viagem, assim como Dean. Não se falaram antes de sair e mal trocavam olhares. Todavia, quando a conexão dava uma força, seus olhos se encontravam e parecia haver um mundo de coisas para serem ditas.
E realmente existia, mas ninguém tinha coragem de se pronunciar.

Danielle não queria, mas possuía uma proteção natural que nem mesmo ela entendia. Talvez seja por isso que nunca se apaixonou. Mas com Dean era diferente, ela havia usado sua proteção contra ele, mas isso não era nada quando os dois estavam juntos. Ela tentou de todas as formas e usou o ódio como ferramenta para esconder o que nem mesmo ela compreendia. Na infância era antipatia, ela realmente o odiava. Entretanto, quanto mais o tempo foi passando, ela entendeu o ponto de vista de Dean e descobriu que haviam muito em comum. O fato era que os dois eram extremos: possuíam traços incrivelmente semelhantes, mas nem tudo coincidia, as divergências eram gritantes.
Danielle só sabia que era como estar na beira de um precipício, mas não um daqueles que a mataria. Ela sabia que havia um rio lá em baixo e que a correnteza a levaria para um lugar novo e imprevisível. Ela só não sabia se valia a pena pular ou não. Possuía uma atração por Dean inexplicável e queria se jogar em sua águas, mas não queria colocá-lo em perigo. Nem se colocar.
Ela sabia que se pulasse, suas defesas seriam inúteis.
Danielle tinha medo de se apaixonar.

Dean, que se manteve calado enquanto encarava a pista molhada, olhou brevemente pelo retrovisor e viu Dani se encolher em seu casaco fino.
Ela observava as gotas de chuva escorrerem pelo vidro e se mantinha alheia ao seu contato.

A noite anterior havia sido esclarecedora e todos os seus pensamentos passaram por uma mudança.
Sim, ele a queria de qualquer forma e ainda achava isso perigoso demais. Mas Dean sempre gostou de perigo.
Percebeu que seu maior medo era não ser um sentimento recíproco, mas alguém que se entrega daquela forma não pode afirmar ser indiferente. Ele sabia que ela também sentia.
Dani havia concordando que esse envolvimento destruiria tudo, mas Dean estava disposto a sofrer essa catástrofe.
Ele não desistiria.
Observou-a mais uma vez e acabou se perguntando quais seriam seus pensamentos. Quando ela se virou e voltou seus olhos para o retrovisor, fazendo contato visual, ele teve certeza que compartilhavam dos mesmos julgamentos.

(...)

Mesmo revezando o volante com Sam, a viagem havia ficado muito cansativa. Por isso, decidiram parar em uma pequena cidade do Colorado. O hotel era um pouco caro demais para os padrões dos Winchester, uma coisa três estrelas, mas tiveram que pagar mais para poderem ficar com um quarto de três camas, já que aqueles que haviam porta de conexão estavam ocupados.

Danielle entrou no quarto estalando o pescoço. Ficar sentada durante todo esse tempo havia acabado com os seus ossos e músculos.

_ Quem vai para o banho primeiro? - ela perguntou, se virando para os irmãos e forçando uma cara de extremamente cansada para que eles pudessem cair em seus caprichos.

_ Você pode ir. - disse Sam, jogando a bolsa sobre a cama do canto.

Danielle o observou, depois olhou para Dean, que havia ocupado a cama da outra ponta. O problema não era nem dormir no meio, mas sim com ele ao lado.
Sam percebeu o incomodo, mas não se pronunciou.

A garota separou sua roupa e foi ao banheiro.

Quando viu que estavam sozinhos, Sam aproveitou para falar com o irmão:

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