A falta que você me faz

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  Lebanon, Kansas

Seu peito subia e descia com a respiração pesada. Havia dormido um sono profundo, mas não tinha a intenção de despertar. Depois do que passou, não sabia se queria ter sobrevivido. Ela não sentia dor, o que a fazia se sentir surpresa. Só possuía um peso sobre seu corpo, como se continuar sem consciência fosse a melhor opção.

Danielle decidiu lutar, abrindo os olhos e constatando que havia ficado desacordada por muitos dias, pois a pouca luz do quarto a maltratava. Sua garganta estava seca, mas ela também não queria falar. O seu antigo quarto no bunker estava do jeito que havia deixado, com exceção de uma poltrona onde Dean dormia. Dani involuntariamente sorriu, sentindo as lágrimas escorrem por seu rosto e não tendo controle algum sobre elas. Havia passado por um tremendo trauma e perceber que a imagem do homem não era uma miragem era o que mais a confortava.

Ele acordou, ouvindo o soluçar da mulher. De inicio, se esqueceu de toda raiva que sentia e instantaneamente se ajoelhou ao lado da cama, segurando sua mão. Danielle tentava falar, mas não conseguia. Ele lhe deu um pouco de água, ajudando a beber.

_ Eu nem acredito. – ela falou entre o choro, segurando e olhando para suas mãos entrelaçadas.

_ Nem eu... – Dean fez o mesmo.

Ela continuou chorando e o Winchester decidiu que não queria intervir. Havia passado por inferno na Terra e era mais do que normal que tivesse aquela reação.
Quando viu que ela estava melhor, soltou sua mão, se virando para o criado mudo e fingindo organizar as coisas. Dani percebeu que o humor do homem não era dos melhores e que não queria contato.

_ Eu não entendo... – ela olhou para as próprias mãos. – Me lançaram na lava.

Dean se virou novamente, tentando saber sobre o que ela estava falando. Sabia que havia sido torturada, mas não exatamente o que aconteceu.

_ Quem te jogou?

_ Eve. – ela vasculhou sua mente em busca de lembranças. – Ela queria que eu dissesse sim. Foi quando você me salvou.

Ele se sentou outra vez na poltrona, colocando os cotovelos sobre os joelhos e unindo as mãos.

_ Quando eu te peguei, você estava se contorcendo no chão. – contou. – Suas mãos e pés ardiam em fogo e seus olhos refletiam chamas, mas não havia lava. Era uma tortura psicológica.

Danielle se lembrou do momento e aquilo lhe trazia dor. Queria não poder se recordar do que havia passado, mas sabia sobre tudo, até os detalhes. Eve a manipulou de tal forma que a fez acreditar em tudo que estava colocando em sua mente.

_ Você tinha cortes nas costas, alguns hematomas pelo corpo. – Dean continuou contando. – Nós tratamos enquanto você dormia e seus poderes ajudavam na cura.

_ Quanto tempo eu dormi?

_ Uma semana.

Ela afirmou, dando um rumo aos pensamentos soltos que possuía. As coisas começavam a se encaixar, o que tornava a compreensão muito mais fácil. Ela prezava isso, já que todo o resto de sua vida era uma loucura.

Voltou-se para Dean, que não conseguia encará-la. Imaginou que ele nunca fosse a procurar, mas o subestimou novamente. Ela tinha certeza sobre os sentimentos do homem depois de tudo que ele fez, mas sabia o quanto a decepção o controlava naquele momento.

_ Me desculpe... – ela sussurrou, mas Dean a ouviu.

Ele balançou a cabeça em afirmação, não conseguindo esconder mais a raiva.

Desde que trouxeram Danielle de volta para o bunker, não teve coragem de abandoná-la, por mais que estivesse possesso com a ideia de que ela escolheu ir embora. A mulher havia se tornado o que tinha de mais importante – junto com Sam – e tudo o que passou, as noites em claro imaginando o que havia acontecido com ela... Dean não queria perder as esperanças, pois não suportaria descobrir que ela havia morrido. A inconsequência da mulher tinha o deixado transtornado a ponto de perder as forças toda vez que imaginava um mundo sem ela.

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