O passado no presente

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Portage, Wisconsin.

Uma dor insistente fazia com que Danielle se virasse de um lado para o outro na cama. Sua cabeça latejava, mas ela insistia em abrir os olhos e voltar a dormir.

Quando percebeu que não ia conseguir, decidiu que era a hora de encarar qualquer que fosse a situação que a esperava.

Enquanto focalizava a visão, percebeu que a cama macia onde estava era grande e não pertencia ao lugar onde ela e Rachel se escondiam antes de ser atingida.

O quarto era escuro, mas a luz da janela fazia com que o local se iluminasse.

Aos poucos sua audição foi se estabilizando, fazendo com que Dani conseguisse distinguir passos na escada. Quando a porta se abriu, sua voz rouca não escondeu a surpresa.

_ Garry?

Ela continuava surpresa e tentou se levantar para que pudesse ver o homem melhor. Ele logo foi ajudá-la vendo sua dificuldade.

Rachel entrou no quarto logo em seguida.

_ Pois é. - ele mostrou um sorriso de canto. - Acho que não te vejo desde o dia que você saiu de casa e não deu satisfação nem mesmo para seu namorado. Que era eu, a propósito.

Ela passou a mão no rosto, tentando inutilmente que a dor de cabeça passasse. Rachel caminhou até a mesa de cabeceira, enchendo um copo d'água.

_ Não me diga que ainda está magoado. - ela zombou, mesmo com a dor. Rachel lhe estendeu um comprimido e o copo de água. - O que é isso? Espera que eu aceite que você me drogue depois de ter me nocauteado?

"É só um remédio para a dor de cabeça" a voz da lobisomem ecoou em sua cabeça, fazendo-a se lembrar da dificuldade de Rachel de se comunicar com terceiros e, não ser da época em que namorou Garry.

Ela aceitou o remédio, observando os dois enquanto virava o copo todo.

_ Então... Posso saber o que está acontecendo? - ela se remexeu nas cobertas, vendo Rach dar a volta na cama e se sentar em uma ponta.

Garry não havia mudado muito desde a última vez que se viram. Em questão de manias, ele ainda era o mesmo. Nunca tirava o sorriso do rosto, seja ele de deboche, felicidade... Ela se lembrava de não ter contado ao homem sobre seu plano de largar a caçada, pois nunca havia o visto triste e não queria ter uma última ideia errada sobre o rapaz. Em fisionomia, em contra partida, por mais que já tivesse uma quantidade considerável de tatuagens quando estavam juntos, ele agora tinha mais. Tinha o corpo todo coberto, com alguns trechos brancos em execeção. As tatuagens iam até seu pescoço, tendo nele, uma linha grossa nos dois lados.

Pareceu loucura quando os dois começaram a namorar, seus avós piraram, sua mãe mais ainda. Ele era um caçador sem precedentes. Por mais que todos o conhecesse, era apenas isso. Um jovem caçador que mandava bem no que fazia. Para Dani, ele contava que tinha família na Austrália, que é de onde veio.

Ele começou a frequentar muito a fazenda, indo durante altas temporadas e chegando a ficar um mês inteiro por lá, passando casos adiante e andando atrás de Danielle por todo momento. Ela amava aquilo. Era nova, com sonhos, mas Garry era uma boa diversão.

O homem percebeu que ela o encarava, fazendo o mesmo e a deixando desconfortável.

_ Rachel me procurou mais ou menos um ano depois que vocês se conheceram. - ele finalmente falou. - Você havia contado sobre mim como um "ex namorado da cidade pequena de onde veio", mas ela, como uma criatura, me conhecia como um caçador.

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