Funeral

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Suspiros e lamentos eram os únicos sons audíveis na pequena campina.

A jovem de cabelos negros ladeou Hermione, pousando gentilmente a mão sobre seu ombro.

Estava fazendo um belo dia de sol, sem nuvens. O clima parecia zombar do estado de espírito dos que ainda estavam sobre a Terra.

- Ele propôs fazer uma cerimônia conjunta... mas os pais... não concordaram – sussurrou – registraram todas as ocorrências nessa madrugada.

Apenas uma parte de Hermione parecia ouvir o que Oliviene Stark lhe dizia.

Sentiu seu olhar pousar-se sobre o rosto sofrido da amiga.

- Quantas? - Gina soluçou ao lado da secretária.

Oliviene fechou os olhos, aflita.

- Em toda a Inglaterra... quase todos os primogênitos de pais bruxos, de seis anos de idade para baixo... - a moça secou algumas lágrimas que caíam conforme falava – seiscentos e vinte e cinco.

Seiscentas e vinte e cinco. Seiscentas e vinte e cinco crianças mortas.

Hermione reabriu os olhos, ofegando ligeiramente.

- Quase todos? - a auror indagou, cerrando os dentes.

Stark hesitou antes de responder.

- Não – Oliviene passou as mãos pelos cabelos – não.... Há... sobreviventes... - pareceu odiar acrescentar a última frase – de famílias puro-sangue.

Uma parte da jovem pareceu rir de modo sôfrego.

O coraçãozinho de sua Rose nunca mais voltaria a bater. Mas os de dezenas de outras criancinhas mimadas ainda batiam.

Desejou pro um momento que uma delas tivesse morrido no lugar de sua filha.

E então sentiu nojo de si mesma.

Sentiu alguém abraçá-la pela cintura. Reconheceu aquele gesto de conforto, e não vacilou em enterrar-se nos braços de Rony, soluçante.

O rapaz também chorava, afagando-lhe os cabelos.

- Eu sei... eu sei... - ele ciciou, trêmulo.

Os demais presentes não tardaram a se emocionar quando os pequenos caixões começaram a chegar no local de enterro.

Fleur já estava instável antes mesmo do velório começar. Devido á isso, quando finalmente viu o caixão da filhinha Victorie, ela não aguentou, desfalecendo inconsciente nos braços do marido.

Harry e Gina, ainda abraçados, pareciam ter esgotado todas as suas forças, apenas assistindo, aos soluços, os caixões de Teddy e Tiago serem ladeados ao lado das covas.

Rony sentiu a esposa recuar a cabeça de seu ombro, virando-se na direção do último caixão que chegava.

Não era maior do que um pequeno caixote. Havia sido feito em madeira negra, como o chão do quarto no qual ela gostava tanto de brincar.

Olhou de relance as pequenas lápides. Em cada uma, decoradas com belas molduras douradas, encontravam-se as sorridentes versões fotográficas de cada criança.

Rose ostentava um sorrisinho reprimido, como se segurasse uma adorável gargalhada. Inconsciente do que acontecia no mundo terreno, alheia ao sofrimento de seus observadores, a pequena criança permaneceria numa eterna e serena contemplação, descansando em paz.

O mesmo não se podia dizer de sua mãe enlutada.

- Espere!

Todos os presentes ergueram as cabeças para Hermione, que adiantou-se, indo até o caixão menor, entregando algo nas mãos de um coveiro penalizado.

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