Caça às Bruxas

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Ronald já estava há várias horas de Londres quando as investigações começaram.

Havia seguido a pista de uma bruxa que encontrou no centro da cidade, cujas informações alegavam que tinha presenciado a fuga de uma jovem encapuzada, em direção à estrada que levava ao interior do país.

Seu coração palpitava angustiadamente dentro do peito, conforme se enredava cada vez mais pela paisagem bucólica dos bosques do sudeste da Inglaterra.

Ainda não conseguia acreditar no que havia ouvido na reunião dos aurores. Nunca havia esperado tanta insensibilidade e frieza, daqueles que haviam sempre sido seus melhores companheiros de trabalho.

Os únicos que julgava inocentes daquela decisão errônea eram Harry e Neville.

Ambos haviam passado pelo mesmo sofrimento que ele, e não os culpava por não tomarem parte de sua busca por Hermione. Ao contrário dele, ainda tinham suas esposas e família para cuidarem. Não podiam se arriscar.

Encontrava-se dividido nesta questão. Queria fazer o que era certo, e doía-lhe virar-se contra a decisão a as pessoas que tanto admirava e respeitava.

Mas Hermione era tudo que havia restado de sua família enlutada. E não podia ficar simplesmente esperando que a Ordem a caçasse, enquanto sua mulher estava completamente destroçada emocionalmente.

Havia tomado sua decisão. E não voltaria atrás.

Atravessando a fronteira de East Sussex, encontrou um pequeno bar à beira da estrada, - estranhamente movimentado, para um estabelecimento que se costumava ver frequentado apenas durante noite.

Interceptou uma das garçonetes na varanda, crente de que ela teria alguma informação sobre Hermione.

- Bom dia – cumprimentou-a – a senhorita poderia me ajudar?

A jovem lançou-lhe um olhar assustado, a cabeça estremecendo de forma tensa. Rony ofegou baixinho, reconhecendo a expressão vidrada de quem havia sido obliviada.

- Eu... eu... - encolheu-se a moça – eu não me lembro... de nada...

Suspirou, contraindo os dedos das mãos.

- Tudo bem... se acalme – disse calmamente – o que houve com você?

- Não sei – fungou a garçonete, tentando se livrar do tique nervoso que a fazia menear o queixo o tempo todo em direção ao norte – estava trabalhando nos fundos... um bruxo entrou aqui e - massageou a testa, fechando os olhos – eu não sei... ele saiu... e o bar estava... vazio...

- Um bruxo? - interessou-se – como ele era? Consegue se recordar?

- Não muito – a garota choramingou – um rapaz... em vestes escuras... - parecia se esforçar para recordar – o vi... indo em direção à estrada... com uma garota...?

A nova informação foi um soco no estômago do ruivo.

- Uma garota? - arquejou.

- Acho que sim... ouvi só... cochichos – balançou a cabeça em negativa – sinto muito... eu realmente não...

- Ei. Tudo bem – pousou a mão no ombro da garçonete – melhor descansar. Estou indo atrás de quem obliviou você. Melhor descansar... - sorriu fracamente – obrigado por me informar.

Ela jogou-se contra o banco da varanda, guinchando.

- Não há de quê....

Dando as costas para a garota, Ronald retomou sua caminhada, deixando o estabelecimento e dirigindo-se atordoado estrada afora.

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