A paisagem dos bosques de Parc de Noisy traziam uma sensação de intensa nostalgia em Rayane.
Num voto de extrema confiança – e um evidente teste de lealdade e compromisso – Hermione havia se disposto a deixar que ela e Nora se distanciassem do Hotel Le Saint Haledin, à procura de quaisquer novas pistas, ao longo de mais de um quilômetro ao redor do local. Ainda com a identidade das turistas trouxas,
- Estou preocupada.
Rayane manteve a caminhada, dignando-se apenas a arquear uma das sobrancelhas.
- Me diga alguma novidade, Nora – disse, num tom misto de exasperação e humor, dando uma carinhosa cotovelada no braço de Stuart.
- Não é isso, Ray – a jovem viu Nora revirar o olhar – é como… um pressentimento estranho…. e muito ruim – lançou um olhar assustado para o arvoredo adiante, cuja imponente campina já se desfolhava por inteiro com o avanço do outono - esse lugar… me parece tão… inóspito.
- Eu li um glossário no hotel – a campina se fechava em um vasto caminho de árvores, conforme elas avançavam ao longo do território do parque – boa parte dessa área foi abandonada pelo governo trouxa, depois de várias crises financeiras entre os donos das propriedades daqui. É por isso que boa parte de Celles é inabitada.
Nora suspirou.
- Ainda não entendeu, não é…? - Rayane surpreendeu-se com o tom receoso em sua voz – eu acho… que estamos perto. - acrescentou, sombriamente – muito perto, Rayane…
A garota sentiu-se arrepiar. De fato, naquele momento – após caminharem quase meio quilômetro adentro da campina – a atmosfera ao redor delas parecia ter ficado infinitamente mais densa, como se, repentinamente, todo o lugar tivesse decidido destilar hostilidade.
- Pode não haver nada.
- E se houver? - insistiu Stuart – temos que continuar. Weasley disse para levarmos o dia todo se for necessário. Se meu palpite estiver certo…
Rayane não precisou que ela completasse.
- Será o fim da busca – arquejou – e então… Hermione conseguirá o que quer… - fechou os olhos por um momento, inspirando profundamente – ou a Serpente terminará o que começou.
Houve um som suave quando Nora chutou a pilha de folhas que havia adiante.
- Estamos em quatro, Ray. Nãos e sabe quantos bruxos podem haver com a Serpente neste momento. Não temos nenhuma habilidade de combate. E Hermione está grávida! - sacudiu a cabeça, aflita – precisei atravessar metade da Europa para perceber o quanto isso é uma loucura!
Ela assentiu, cabisbaixa.
- Sim, eu sei. Uma loucura completa – piscou, colocando as mãos dentro do bolso da jaqueta enquanto andava – mas temos que tentar. Não chegamos tão longe para desistirmos agora. Se houver uma chance de destruir a Serpente e seus seguidores… nós temos que aproveitá-la. Só assim… nosso mundo ficará em paz outra vez.
- Mas a que custo, Rayane? Você pode até estar disposta a sacrificar tudo… mas eu temo pelo pior. Temo por você… pela pela minha família - segurou-lhe a mão ternamente, sentindo um nó engasgar-lhe a garganta – tenho até mesmo por eles… e por esta criança que ainda está por nascer.
Fazendo com que Nora interrompesse a caminha, Rayane a puxou, acolhendo-a num abraço.
- Eu também… - admitiu, angustiada – eu também estou assustada – afagou-lhe o rosto – mais do que nunca… precisamos de coragem, não é?
- Acho que nosso medo é bem mais forte… - retrucou Nora, ainda deitada sobre o ombro dela.
Blink afastou-se, a encarando
- E quem disse sobre não ter medo? - guinchou, contestando - coragem não é a ausência do medo… mas a superação dele.
Nora riu, perdendo parte de seus trejeitos enrijecidos.
- De onde veio essa Rayane tão filosófica?
O sorriso torto de Rayane esmaeceu.
- Eles arrancaram o melhor e o pior de mim durante todo este tempo, Nora – disse, pesarosa – imagino que isso surgiu…. juntamente do resto…
Antes que Nora pudesse lhe dar qualquer palavra de consolo, no entanto, um som rascante ecoou adiante, fazendo com que suas atenções se voltassem para o ponto onde o barulho havia surgido.
- Mas o que….?
O momento de distração custou caro, já que Rayane não teve tempo de assimilar a presença de quem repentinamente lhe ergueu uma adaga em frente ao pescoço.
- Tente fugir… e eu te mato.
Nora virou-se, atônita, recuando alguns passos. Fitou, horrorizada, o vulto recém-chegado que prendia Rayane pelos braços, ameaçando sua garganta com a lâmina de prata.
Reconheceu o rosto de feições duras sem dificuldade.
- Blackhole – lutou para que o pânico em seu rosnado não fosse perceptível – solte-a agora…!
Quando Nora tentou erguer a varinha, Andrew voltou a apontar o punhal contra o rosto de Rayane.
- Meus parabéns…. - riu-se Blackhole – finalmente nos encontraram – apontou o queixo para Rayane, cujo semblante aflito tornava óbvio seu temor em tentar se desvencilhar – se não quiser que sua amiguinha morra… sugiro que dê meia volta… e vá avisá-los... de que a Serpente os quer em Chateau Miranda.
- Não… - Rayane balançou a cabeça em negativa, choramingando de aflição – Nora… você não pode…!
Rayane sentiu seu peito apertar, vendo o altruísmo cru e apaixonado nos olhos saltados de Nora.
- Tudo bem! Eu vou… eu vou voltar…! - devolveu a varinha aos cós da calça, erguendo as mãos, nitidamente apavorada – por favor… só não faça mal à ela, Blackhole…!
Stuart deu vários passos para trás, desesperada, começando a correr, disparando de volta pelo caminho em que haviam vindo, até desaparecer em meio às árvores.
Rayane estremeceu, ofegante.
- Ora, ora… e não é que a nossa jovem traidora realmente voltou? - Andrew sussurrou – é mais idiota do que eu pensava… mas vai servir ao nosso propósito. Afinal, precisávamos de um estímulo para que caíssem de uma vez em nossa armadilha – inclinou o rosto para o lado, deslizando a lâmina da adaga suavemente pelo rosto de Rayane – já você, minha querida… já não me tem serventia alguma.
Num movimento rápido, girou o punhal, afundando-o várias vezes abaixo de Rayane.
Mal pode emitir qualquer grito de dor. Andrew a golpeou, causando-lhe uma pancada forte na cabeça, que mergulhou-a imediatamente na inconsciência.
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Fênix Negra
FanfictionComo forma de retaliação pela derrota de seis anos antes, uma maldição ancestral - conhecida por outro nome e outra época - é trazida de volta por bruxos das Trevas, ceifando a vida de todas as crianças primogênitas do mundo bruxo europeu. Sendo um...