A Ameaça

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- Rosie! Volta aqui!

Um grito agudo e alegre ecoou pelos corredores, seguido do som de pequenos passos apressados e desengonçados.

Rony atravessou o corredor, quase trombando com o pequeno bebê, que desviou elegantemente do pai, engatinhando velozmente para baixo da mesa de centro da sala de estar.

- Nossa – o rapaz segurou o riso, vendo a esposa, com os braços ocupados por uma toalha, tentando alcançar a criança.

- Não fique aí parado – ralhou Hermione, agachando-se – me ajude a tirar essa menina daqui!

- Sabia – Rony revirou os olhos, postando-se ao lado da mulher – ei, princesa. Saia daí. Você precisa tomar banho.

- Banu naum! - balbuciou a pequena, sacudindo a cabeça.

Hermione lançou um olhar condescendente ao marido.

- Rony...

- Ok – bufou o ruivo, erguendo as mãos para baixo da mesa – venha com o papai, florzinha. Não vou deixar a mamãe te levar pro banheiro. Prometo.

Era impossível não perceber a crua desconfiança nos olhos grandes e claros da menininha, cujos bracinhos gorduchos se cruzaram surpreendentemente, como faria um adulto contrariado.

Foi o bastante para Hermione desmanchar a expressão exasperada e começar a rir, fazendo coro com Rony.

- Fala sério – o jovem pai desatou a gargalhar – até nisso era é a sua cara, Hermione.

Contagiada pelo humor dos pais, Rose arrulhou, abrindo um sorriso cheio de covinhas. Talvez pela curiosidade, esgueirou-se lentamente para fora da mesa, como se procurasse o motivo deles estarem rindo tanto.

Foi a deixa para Rony capturar a pequena fugitiva, erguendo-a em seu colo, e inclinando a cabeça para não receber um minúsculo murro no rosto, assim que Rose começou a espernear.

- Papa... banu naum! - guinchou, parecendo extremamente magoada pela armadilha.

- Ei, querida – Hermione afagou as costas da bebê – olha... se você deixar a mamãe te dar banho... prometo que passearemos na casa da vovó amanhã. E vamos tirar os gnomos do jardim dela. Quer ver os gnomos?

Os olhos de Rose se arregalaram de animação.

- Nomu? Nomu faz vuuu? - perguntou, erguendo os braços, num imitação de voo.

- Sim... eles vão voar – olhou com censura para as feições risonhas de Rony - quer vê-los amanhã?

- Qué – assentiu a bebê.

- Então vamos tomar banho, mocinha.

Rose aparentou analisar suas poucas opções. Por fim, resignada, inclinou-se para o colo da mãe, deitando a cabecinha em seu ombro.

- Bate aqui – brincou, batendo a palma da mão na do marido.

Rony sorriu.

- Nunca subestime o poder do suborno. È o que eu sempre digo.

- Até por que você nunca subornou ninguém na sua vida, não é? - provocou Hermione, rindo, desaparecendo no corredor com a filha em seguida, fingindo não ouvir a exclamação falsamente indignada de Rony.

Antes que pudesse sequer terminar de retirar as roupinhas da filha, porém, foi interrompida pelo alvoroço de uma coruja, cujas garras tamborilavam de modo urgente na janela do banheiro.

Hermione suspirou, colocando Rose na banheira, certificando-se que um feitiço a impedisse de escorregar para dentro da água. Abriu a janela, recebendo a carta que a coruja trazia nas patas, voltando a fechá-la assim que a ave deixou o local.

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