O grupo passaria mais uma noite na pensão, antes que a viagem finalmente prosseguisse.
Tudo que Rayane sabia era que Hermione havia decidido manter sua descoberta em segredo, e que passaria noite inteira debatendo as próximas etapas do plano com Renato.
Devido a isso, tanto ela quanto Nora haviam sido preventivamente alocadas em um dos quartos do andar, sob pretexto de não interferirem no debate.
Blink sabia que a bruxa faria de tudo para que Cavallone não soubesse de sua gravidez – o que incluía manter Rayane a uma distância considerável de seu conturbado comparsa.
- Isso é loucura – Nora ofegou, andando pelo quarto – ele vai descobrir mais cedo ou mais tarde… e isso vai colocar toda essa loucura a perder!
- Eu disse isso a ela – retrucou Rayane, revirando o olhar – mas Hermione… está totalmente cega por essa sede de vingança. - acrescentou, num tom de voz baixo e sombrio – ela não vai parar, Nora.
Viu Stuart enrijecer, abraçando o próprio corpo.
- Estou com medo, Ray… - ofegou desoladamente, erguendo o olhar para Rayane.
- Ah, Nora – a garota a abraçou, sentando-se ao seu lado no colchão, afagando-lhe carinhosamente as costas – eu também estou… mas não podemos perder a cabeça agora. Tivemos sorte… e não quero que esta segunda chance seja desperdiçada em vão.
Sua mão passeou suavemente pela pele do rosto de Nora, que arquejou baixinho.
- Rayane…?
Quando voltou a encará-la, Rayane sorriu de modo curioso,
- É… realmente não quero.
Nora mal guinchou quando Rayane tomou-lhe o rosto nas mãos, inclinando-se, sorvendo seus lábios num beijo ansioso.
- Humm..! - suspirou, retribuindo e abraçando-se em Blink.
Ávidas, suas mãos desceram pelo corpo dela, aproximando-a. Rayane não recuou, simplesmente deixando-se levar pelas carícias.
Sentiam, finalmente, um momento de felicidade em meio aquele inferno. Não havia outro lugar onde gostariam de estar naquele momento.
- Nora… - ela sorriu, recostando a testa na da garota.
- Isso é uma maluquice completa – Stuart riu, fechando os olhos por um segundo - o que minha família diria agora?
A moça segurou o riso quando Rayane arqueou a sobrancelha, numa tentativa fracassada de parecer sedutoramente persuasiva.
- Diriam que sua boca ainda está longe demais da minha.
Desta vez, Rayane arriscou-se mais, jogando o peso de seu corpo sobre Nora. Ambas caíram sobre a cama, gracejando, engalfinhando-se carinhosamente uma na outra.
- Se eles nos pegarem aqui… - Nora sacudiu a cabeça, risonha.
- Eles já estão nos obrigando a viajar contra a nossa vontade – Rayane sussurrou – o mínimo que podem fazer é nos dar alguma… privacidade…
A perna ferida, porém, a traiu inesperadamente, fazendo com que despencasse sobre Nora. Bastou para que a outra jovem se aproveitasse da situação, abraçando-a de modo terno.
- Acho que já começou essa luta na desvantagem, Blink…
Mergulhou o rosto sobre o ombro dela, deslizando uma trilha de beijos famintos por seu corpo. Rayane estremeceu, extasiada e ofegante.
- N-Nora…
Nora grunhiu.
- Só cale a boca, Ray… - exortou-a, continuando a acariciar o tecido de suas roupas.
- Espera… - corou – você…
Não pôde continuar. Com a destreza de uma bailarina, Nora desfez-se de duas roupas de cima, deixando-a apenas o discreto sutiã que vestia por baixo da blusa.
Emudecida, sem reação, Rayane assistiu-a prosseguir, fremindo contra o colchão, e sentindo o coração saltar dentro do peito.
Enrubescida, baixou o olhar timidamente, percebendo que Nora analisava sua recém-descoberta nudez, com um nítido deslumbre no olhar.
- Para de me olhar assim – pediu, sem graça.
- Por que? - disse, resfolegando – você é linda, Ray…
Congelou, num misto de satisfação e pânico, quando a mulher deslizou os dedos gentilmente pela área sensível de seu seio.
Rayane mordeu o lábio, reprimindo um gemido de prazer.
- Sabe o que eu sempre admirei mais em você? - a voz de Nora era um cicio rouco de admiração e carinho – foi essa sua capacidade de… amar. Seu altruísmo… a necessidade de ajudar outra pessoa… e eu me apaixonei justamente por isso… mais do que qualquer outra coisa que possa imaginar…
Emitindo uma lamúria afetuosa, Rayane novamente se aproximou, beijando Nora com inevitável urgência
Nunca havia se sentido daquela forma em toda a sua vida. O calor. O carinho. Uma onda crescente de desejo. Não havia imaginado que, em meio ao fim dos tempos, encontraria uma luz que lhe traria tamanha esperança e alegria.
Nora também sentia isso. Encontrar alguém que havia passado pelos mesmos sofrimentos havia mudado completamente suas expectativas sobre o futuro. Queria Rayane ao seu lado, numa união que transcendia qualquer contato físico, e poder partilhar para sempre uma vida com aquela garota tão especial.
- Ray…
A porta abriu-se de modo tão abrupto que Rayane quase não teve tempo de puxar os lençóis. Atônitas, ambas desviaram os olhares em direção à entrada do quarto, focalizando o olhar espantado de Renato.
Cavallone abriu um meio sorriso, nitidamente refreando uma expressão maliciosa.
- Ia avisar que a reunião já acabou… - seu tom de deboche era evidente – mas se quiserem terminar o que estavam fazendo… posso voltar mais tarde.
Rayane contraiu o rosto, vermelha de raiva e vergonha.
- Tá. Já entendemos – Nora veio em seu socorro, tão encolerizada quanto a garota – agora caia fora, figlio di una cagna!
Pela primeira vez, Renato gargalhou, sacudindo a cabeça e virando-se para sair do quarto – a tempo de evitar ser alvejado por uma das almofadas da cama.
Rayane repôs as roupas, ainda constrangida, fitando Nora com curioso espanto.
- O que você disse para ele?
Ouviu Nora bufar, enquanto ela ajudava-a a recolocar o sutiã no lugar.
- Digamos – brincou – que eu tenha insinuado que a progenitora dele era uma meretriz dissimulada e que ele foi fruto de um terrível acidente ocorrido durante um dos trabalhos dela.
Antes que pudesse se retirar do quarto, ouviu Rayane ofegar alto, finalmente compreendendo a indireta de Nora.
- Você chamou ele de filho da puta?
Nora balançou a cabeça, rindo, antes de finalmente deixar a suíte.
E Rayane jogou-se no colchão, sentindo o coração continuando a palpitar.
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Fênix Negra
FanfictionComo forma de retaliação pela derrota de seis anos antes, uma maldição ancestral - conhecida por outro nome e outra época - é trazida de volta por bruxos das Trevas, ceifando a vida de todas as crianças primogênitas do mundo bruxo europeu. Sendo um...