Prólogo.

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Sem revisão.


Prólogo.

Connor McBrian.

Corro pelas escadas em direção ao meu quarto.

Papai chegou bêbado outra vez. E se quando está sóbrio ele desconta todo seu ódio por mim, me batendo com o seu chicote de couro e corda usado nos cavalos, quando está bêbedo então...

Alcanço o quarto e entro no cômodo escuro. Fechando a porta levemente, para que não faça barulho. O silêncio grita em meus ouvidos, e posso escutar meu coração batendo fortemente em meu peito.

Minha mãe morreu ao me dar a luz, e meu pai culpa-me disso. Ele a amava, mas eu acabei com seu amor, com sua vida. Disse-me isso muitas vezes nos últimos 12 anos.

Jogo-me na pequena cama e agarro meu travesseiro. Às vezes, eu sentia falta de um abraço ou de um afago. Via meus amigos da escola com suas mães e queria isso. A senhora Davidson, a governanta da casa, dava-me isso às vezes. Mas não era a mesma coisa.

Moramos em uma fazenda nos limites de West Orange. Uma cidade de pouco mais de três mil habitantes no sudeste do Texas. E por isso, não era segredo de ninguém que eu apanhava todos os dias. E o fazia porque merecia, por ter matado minha doce mãe.

Com o tempo, eu aprendi a ficar fora do radar. Escondia-me principalmente no celeiro, pois adorava os cavalos. Era como se tivéssemos uma ligação especial, eu não entendia bem.

A senhora Davidson ajudava-me quanto a isso, a me esconder. Ela era como uma mãe para mim, mas não podia interferir quando o meu pai batia-me. Então somente me ajudava a cuidar dos ferimentos depois, ou a me esconder antes disso.

O velho Davidson, marido da senhora Davidson, sempre me deixa ajudá-lo na fazenda. Mas meu pai não sabe disso. Ele não gosta que eu mexa em suas coisas, e isso inclui a fazenda, e os animais que tem nela.

Mas Davidson diz que isso será meu um dia, então tenho que aprender os ossos do oficio.

Ouço os gritos de meu pai e estremeço. As feridas em minhas costas ainda estavam frescas da surra do dia anterior.

Eu não era o único alvo de seus ataques de fúria. Os funcionários da fazenda também o eram, mas precisavam muito dos empregos que meu pai oferecia, para simplesmente largá-los.

A Nona, que era como chamava à senhora Davidson quando estávamos a sós, dizia que eu tinha que me esforçar na escola, para que pudesse ir embora da nossa pequena cidade.

Ir longe do meu pai.

Então eu o fazia. E não via a hora de poder sair daqui.

Não tinha nada que me segurasse aqui. Eu não tinha amigos, as pessoas realmente me evitavam na cidade, e mesmo tendo somente dozes anos, eu entendia que elas o faziam porque tinham medo do meu pai, ou simplesmente achavam certo me odiar, já que ele o fazia. Ele mandava em toda a cidade, e não queria que ninguém se aproximasse de mim, como punição por deixá-lo sem esposa.

Os únicos que burlavam seu decreto era os Davidson, fazendo com que minha vida fosse um pouco menos solitária.

Seis anos mais tarde.

Hoje era a formatura do colegial. Finalmente sairia dessa cidade, desse inferno que era viver na fazenda.

Eu já era grande o suficiente. Meu pai não me batia mais, agora eu sabia me defender do seu chicote. Mas ele sempre arrumava outros meios de vingar-se. Como obrigar-me a trabalhar até a exaustão, e não me dando dinheiro para nada. E enquanto os outros iam para a escola em seus carros velhos, eu andava duas horas até ela.

Amar um anjo (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora