Capítulo 3

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Eu estou em um jardim, tem todo tipo de flor, de todo tipo de cor, algumas eu reconheço, mas outras não. O cheiro que exala delas é incrível, assim como a fonte que se encontra no centro do jardim. Me sento em um banco perto da fonte e tento aproveitar o sol na minha pele.

- Oi. – Dou um pulo quando alguém senta ao meu lado. É Miguel. – Não precisa se assustar, eu só vim conversar.

- Ah. – É a única coisa que consigo dizer. Abaixo a cabeça e fico olhando meus pés.

- Desculpe por ter sido grosso.

- Como assim? – Pergunto sem entender sobre o que ele falava.

- Mais cedo no colégio. Eu sei que você não deve ter me reconhecido, acho que por isso fui tão grosso e mal-humorado, mas eu devia ter sido mais gentil.

- O-o que? No colégio? – Me levanto e começo a me lembrar do que aconteceu no colégio, mas se isso é um sonho, porque ele falaria sobre o colégio? Sendo um sonho eu posso fazer com que ele acabe, então fecho meus olhos e me concentro em acordar.

Mas então escuto uma risada.

Abro os olhos e ele está na minha frente, rindo da minha cara.

- Tá rindo do que?

- De você. – Ele continua rindo, mas quando vê minha cara de raiva para. – Desculpa, não devia rir.

- É, não devia. E porque eu te reconheceria? – Digo levantando o queixo, mas então lembro do sonho e começo a ficar vermelha.

- Eu acho que não devo... – Antes de terminar de falar ele vê meu rosto enrubescendo. – Você lembra! – Ele grita agarrando meus ombros. – Você lembra!

- Eu não, eu não sei do que você tá falando. – O pior de tudo é que eu sei que minhas bochechas estão revelando toda a verdade, cada vez que eu falo que não me lembro eu fico mais vermelha.

- Então porque tá toda vermelha? – Ele diz dando um sorriso largo que me faz parar e ficar olhando feito uma boba, quase babando.

Ele vê no meu momento de distração a confirmação de que precisa e me pega pela cintura e me puxa para perto, me surpreendendo com um abraço apertado.

- Faz tanto tempo que eu achei que não se lembraria.

- Espera. – Dou um passo para trás pra poder olhar para ele. Ele é realmente alto. – Como assim faz tanto tempo?

- Você, você não lembra que...? Se você não lembra porque ficou vermelha?

- Eu... – Não sei o que dizer, mas então lembro que isso é um sonho. – Isso é um sonho certo? Mas não é igual ao outro. – Começo a andar de um lado pro outro. – Mas porque você continua a aparecer?

- Como assim eu continuo aparecendo? Igual ao outro?

Ele me olha confuso - mas garanto que não tão confuso quanto eu.

Eu continuo andando e isso começa a me angustiar, eu não estou entendendo mais nada. Paro e olho para ele. Parece tão real. Vou até ele e toco seu rosto, quando faço isso ele arregala os olhos e depois os fecha. A sensação da pele dele parece real, mas aquilo é real? Ou um sonho?

- O que eu tô fazendo aqui, Miguel?

- Como assim? – Ele abre os olhos mas segura minha mão em seu rosto.

- Aqui. – Gesticulo com minha mão livre para o jardim. – Isso é um sonho?

- Sim, é um sonho, mas nem por isso ele deixa de ser real.

- Hein? É um sonho ou é real? Porque os dois não dá. – Ele suspira, mas algo passa por sua mente e ele solta minha mão e se aproxima.

- Quando você disse que era igual ao outro, você se referia ao sonho? – Ele espera uma resposta minha então balanço a cabeça. – Quer dizer que você teve outro? – Balanço a cabeça novamente. – Com quem?

- Você.

- Quando?

- Ontem. Foi por isso que fiquei vermelha quando você disse que não te reconhecia, por que eu reconheci, mais do que isso, eu tinha acabado de fazer um desenho seu quando te vi e não acreditei no que eu via. Eu pensei que estava enlouquecendo, ainda acho isso na verdade.

- Você fez um desenho meu? – Ele pergunta com um sorriso nos olhos.

- Er... fiz. – Porque meu rosto gosta tanto de ficar vermelho? Isso já está irritando.

- Eu quero ver. – Ele dá um passo em minha direção.

- Porquê?

- Porque sim. – Mais um passo.

- Eu não-não sei.

- Por favor. – Ele está tão perto que consigo sentir sua respiração do meu rosto e isso me desconcentra.

- Eu... Er... Não tô com ele.

- Então você leva pro colégio amanhã que eu pego.

- Hum, pode ser, eu acho.

- Ok.

Ele me segura pela cintura e sinto que vai me beijar, mas antes que ele encoste o rosto no meu acordo num pulo, com o coração acelerado.

- Merda.

Porque eu continuo sonhando com ele? Esmurro o travesseiro, viro para o outro lado e volto a dormir.


A Escolhida - COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora