Tudo o que não fomos (Em Revisão)

Capítulo 3. Sorriso

 
_Como se escolhe um abacate?
 
  _ Daniel deixa isso aí, como que tu vai fazer vitamina sem liquidificador?
 
  _Verdade né? Vamo lá.
 
  _Vou dizendo tu vai pegando.

   Iríamos lavar a casa nova hoje, ela era bem menor e mais barata que a antiga, na verdade ela era do tamanho perfeito, afinal só morávamos nós dois lá.

  _Água sanitária, esponja, rodo, desinfetante.
 
_Qual ?
 
_Esse de talco é cheiroso, pano de chão e balde.
 
_Acho que foi tudo, não?

  _Cara acho que tamo esquecendo de algo.
 
_Qualquer coisa a gente volta depois.

   Pagamos e fomos pra casa nova, abrimos a casa e o cheiro de mofo reinava, passo direto pro banheiro e vou encher o balde, Daniel abre as portas de trás e começa a limpar o quintal.

   Terminamos de limpar tudo já era quase uma da tarde, compro duas quentinhas e sentamos no chão pra comer.

   No chão tinha algumas marcas de tinta, acho que de cabelo, que não saíram, apenas clarearam, a mudança chegaria por volta das trés da tarde, terminamos de comer e deitamos no chão mesmo, e por algum motivo eu sentia que muita coisa iria acontecer aqui, se eram boas ou ruins ai eu já não sabia.

   Depois de uma semana, eu já estava sem esperanças.

   Porque você pegou meu telefone se não iria ligar?

   Não fazia sentido pra min.

   Estava assistindo um anime qualquer, quando lembro que precisava enxaguar algumas roupas.

   Ponho uma música pra tocar enquanto passo água e estendo as roupas.

   De repente a música para, estranho, o celular tava totalmente carregado não tinha como ter descarregado, enxugo rapidamente as mãos no short, e vejo uma chamada de um número desconhecido.

  _ Aló? Quem é?
 
_Você me deu seu número esses dias.
 
_Achei que não fosse mais ligar.

   Então finalmente conversamos, você tinha uma voz risonha e me fazia rir fácil, quando perguntei seu nome você me respondeu Niel.

   Isso era nome de gente?

   Não, não era seu nome, é claro, era apenas um apelido, que por hora, estava de bom tamanho, quando você perguntou meu nome e eu disse Ana Natália você disse que era um belo nome para uma bela mulher e mais uma vez você me fez sorrir.

   Nossa conversa durou exatamente 20 minutos e 33 segundos, você me fez rir várias vezes e em uma dessas risadas, você comentou que o sorriso mais bonito, nesses seus 26 anos tinha sido o meu, na época, eu lembro de ter pensando momentaneamente, que aquilo era só pra me conquistar.

   O que obviamente funcionou.

   Percebi que suas respostas as vezes eram vagas, conclui então que você era tímido, o que era incomum pra alguém da sua idade.

   Tive que desligar e terminar minhas roupas, eu estava feliz e realizada, afinal após quase dois meses, tinha conseguido finalmente falar com o moço bonito, do sorriso fácil, precisava contar pra Kessy.

   Terminei rapidamente de estender as roupas, tomei um banho rápido e me arrumei, já estava quase com o pé fora de casa, quando ouço minha mãe falar.

  _ Não vai sair não, já vou colocar a janta.
 
_Mãe é rapidinho.
 
_ Tá vai, meia hora viu, vou contar .
 
_Certo, já disse que amo a senhora?
 
_Sei.

   Saio rápido fecho o portão dou um pulinho sentando na calçada, que era um pouco mais alta que altura dos meus quadris, fico em pé e começo a chamar em seu portão.

  _ Kessy, desce ai !!!
 
_Já vai, já vai, tô descendo.

   Contei tudo rapidamente para Kessy, que ouviu tudo atentamente com um sorriso no rosto, e que após o termino do meu breve relato sobre nós ela me faz uma única pergunta.

  _E aquele moreninho que anda com ele? Sabe qual era o nome ?
Ele é solteiro?

Eu sorri .
Kessy não era discreta, não é até hoje.

  Meu coração pulava de felicidade, finalmente tinha conversado com a morena, ela era simpática e ria fácil, me fez muitas perguntas, na verdade ela mal me deixou perguntar nada.

   Mas eu gostei de falar com ela, me arrependi de ter adiado tanto essa ligação, mais bem teríamos todo tempo do mundo.