Capítulo 24. Depois

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   As provas parciais já se aproximavam, e apesar de focada em estudar eu não havia deixado de sair uma vez ou outra com Luciana, que a propósito já não morava mais conosco ela acabou conhecendo um rapaz de Minas Gerais e agora morava lá, mais vinha de 15 em 15 dias aqui ver a família e amigos.

Por um lado eu achei Bom, depois da nossa discussão por causa do Júnior o clima ficou insuportável ao ponto de nossos pais já estarem percebendo que algo de errado não estava certo.

Depois que passamos mais tempo sem nos ver e nos falar nossa relação melhorou consideravelmente, em uma tarde de sexta feira estava eu deitada no sofá quando Luciana chega junto de algumas amigas, curiosa me levanto e consigo escutar uma delas falando sobre o quanto "ele " estava bonito e o quanto "ele" parecia ser um baita fogo na cama, minha irmã riu e disse que ainda preferia o tio em vez do sobrinho.

Saio da janela de casa e começo a pensar, e pensar, minha cabeça parecia uma bomba relógio pronta pra explodir, não sei se vocês sabem como é a sensação mais enquanto meu estômago revirava eu lembrava daquela festa em que eu fiquei mais próxima do Júnior, lembrava do sorriso dele e dos seus olhos cor de âmbar, eu não conhecia ninguém com os olhos daquela cor, era como se quanto mais feliz ele ficava mais claro os olhos dele se tornavam, animada Luciana entra em casa e vai tomar banho, eu meio pensativa ainda vou  fazer um café e depois vou para o quarto deitar, o que foi em vão, não consegui dormir.

1 mês depois.

   Entediada observava o professor explicar mais uma vez o novo conteúdo de física que ao meu ver era algo muito simples, entediada jogo uma bolinha de papel em Marcelo que dormia de cabeça baixa na final da sala, ele não acorda, volto a encarar o professor que ainda explica o mesmo cálculo, ponho os fones de ouvido e baixo a cabeça.

   Acordo com o celular vibrando, número desconhecido, penso licença e vou atender lá fora, minha escola tinha três andares, eu estudava no segundo, minha sala ficava no corredor principal de forma que pelas grades poderíamos observar o movimento na rua lá em baixo, caminho rapidamente até o final do corretor passando pelas salas de aula, atendo o celular e me sento na janela no final do corredor.

_Alô? Quem é?

_Pocha eu esperava um "oi meu amor" ou quem sabe "que saudade".

_Júnior?  É você?  Que saudade eu tava de ouvir tua voz, queria tanto te ver.

_Eu também quero te ver minha menina, estou aqui pertinho da tua casa onde você tá?

   Conversamos durante mais ou menos 15 minutos e enquanto caminhava vagarosamente em direção a aula maravilhosa daquele professor o sinal tocou, corri em direção a minha sala peguei a mochila e ainda consegui sair primeiro do que outros, desci as escadas quase correndo, na verdade, não corri pelo simples fato de vários alunos estarem descendo devagar e conversando sentados na escada, apesar dos diversos avisos em letras vermelhas e garrafais pelos corredores de  "NÃO PARE NAS ESCADAS !" .

   Poesia acústica tocava alto em meus ouvidos, e demorei cerca de 4 minutos pra descer dois lances de escadas e mais 5 minutos para pegar um ônibus em direção ao meu bairro, para minha sorte o ônibus passavam a todo momento na avenida na lateral do Colégio. Exatemente o tempo da música.

Sentei no mesmo local de sempre na segunda cadeira após o cobrador, bem do lado do sol, o vidro da janela fazia um som irritante e eu tentava ignorar colocando os fones no máximo, eu gostava de sentar aqui era confortável e eu podia apoiar meus pés na divisória do ônibus.

Pus a música para repetir  e me acomodei na cadeira observando as árvores no canteiro da avenida movimentada, o multidão de alunos com suas encomodas mochilas da Petit Jolie ou mesmo da Nike com o blusão e parte dos livros na mão, eis o motivo pra preferir as mochilas estilo militar elas cabiam tudo, nada de levar livros na mão, 40 minutos depois eu estava descendo do ônibus tirei os fones e pus na bolsa de longe avistei um carro parado uma esquina antes da minha casa, era um carro vermelho de modelo antigo mais extremamente bem conservado estranhei mais segui em frente.

   Ao passar pelo carro percebi que alguém dormia despreocupado no banco do passageiro, cheguei mais perto e reconheci a pulseira gasta nas cores do reggae, cheguei ao lado do carro e bati na janela, Júnior acordou num pulo e se endireitou, abrindo um sorriso safado.

_Então esse era o seu plano pra me deixar apaixonada?

_Primeiranente surpresa ! - falou abrindo a porta do carro e se pondo em pé - e sim, você acertou esse era o meu plano, além do meu charme e carisma.

_Belo plano me esperar dormindo no carro, eu ia passando direto sabia? Não sabia que você andava colecionando relíquias.

_Gata é uma longa história - ele disse enquanto alisava o capô do carro - esse carro erado meu velho sabe - ele passou o dedo em local onde já não havia mais pintura - ainda não tive coragem suficiente pra vender, mais concordo com você ele já tá bem velho.

   Derrepente era como se eu tivesse levado um choque de realidade, olhei novamente pra ele seus olhos pareciam mais duros suas olheiras maiores tinha alguns músculos a mais, mas ainda assim estava bem magro, me aproximei dele e o abracei, ele ficou parado depois retribuiu o abraço me apertando em seus braços e me tirando momentaneamente do chão, enterrei meu rosto em seu pescoço e sorri, ele me pós no chão e me deu um beijo no canto da boca.

_Quando eu te vejo de novo ? - perguntei esperançosa.

_Eu te ligo, e se cuida.

Ele entrou no carro e arrancou com tudo, a poeira subiu e eu segui o meu caminho em direção a minha casa, feliz mais com a certeza de que ele tinha mudado muito, e não tinha sido pra melhor.

Tudo o que não fomos (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora