Capítulo 4 - Ninguém pode saber

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– Senhor? – A voz vinha da porta em frente à mesa de mogno africano da Sala Central.

– Diga. – O imperador Carlos Marques se virou para encarar a figura esguia do seu assessor de imprensa. Sua sala tinha uma vista para o oceano atlântico da qual ele nunca se cansava.

O centro da Terra.

O encontro da Linha do Equador com o Meridiano de Greenwich era considerado o centro do planeta, e não existia lugar mais adequado para se situar o Governo Único: um sistema governamental gerido exclusivamente por forças do exército, que agora era apenas um, dividido por todo o planeta. A Casa Azul era o palácio desse governo. Situada sobre as águas, era completamente sustentável e, ao mesmo tempo, imponente.

– O Marechal Stewart quer falar com o senhor.

– E qual é o assunto?

– Ele disse que é confidencial, mas que é de extrema urgência. Ele está aguardando o senhor na sala de projeções.

– Estou a caminho.

O imperador Carlos era o militar de mais alta patente quando o exército russo tomou o poder em 2033. Ao contrário do que muita gente esperava, a tomada do poder foi feita, em sua maioria, de forma pacífica. Dezenas de reuniões entre os líderes de inúmeros países haviam definido o poderio russo como superior e, assim, mais capaz de gerir todo o planeta. Atualmente, a tomada de decisões e o poder em si eram divididos entre líderes das antigas nações, de modo que a Rússia apenas tinha iniciado todo o processo.

Parada sobre a elevação no centro da sala, a imagem do Marechal Stewart era projetada por sistemas de comunicação holográficos.

– Imperador, tenho más notícias. – A voz do Marechal era de um pesar palpável.

– Espero que não seja falta de verba. Não estou podendo gastar...

– Vamos todos morrer.

– Claro que vamos, o projeto do Dmitry Itskov deu errado. – brincou o imperador.

– Estou falando de destruição mundial. 

– Oh! – A objetividade de Stewart pegou o imperador de surpresa. – Isso é sério?

– Temo que sim, senhor. – O Marechal explicou toda a situação, inclusive o Projeto NOVA. – Devíamos informar a imprensa sobre isso.

– De maneira nenhuma. Isso afundaria o planeta em caos e desespero.

– E o que faremos então? Não há salvação para isso.

– Deixem que terminem suas vidas como se nada estivesse acontecendo. Eles merecem passar suas últimas horas em paz. E vamos torcer para que eles estejam fazendo jus à máxima de "viver cada momento como se fosse o último".

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