Capítulo 7 - Renascimento

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Cidade de mezhgorye, Rússia – 23 de janeiro de 2053

O Sol surgiu no horizonte como se nada houvesse acontecido, com a tranquilidade de um astro que não se abala pelas pequenas mudanças em um planeta da sua galáxia. O mundo era plena destruição, coberto pelos restos mortais de sua própria existência. Esfacelado pela espécie que ele mesmo acolheu e criou, o planeta agora era puro remorso e dor.

Há alguns metros de profundidade, em um bunker militar encontrado, por acaso, alguns meses antes, três pessoas sobreviviam ao caos se perguntando quando seria o momento mais adequado para saírem.

– Eu não acho que devamos sair agora – disse Talya.

Talya Myakova era uma entre os três cientistas que se encontravam naquele bunker abandonado. Com seus cabelos pretos presos em um rabo de cavalo, ela caminhava de um lado para o outro por toda a extensão do bunker que, embora grande o suficiente para três pessoas, começava a parecer cada vez menor com o passar do tempo. O plano inicial era de usar aquele local para proteger os "figurões" do governo russo, antes da unificação dos governos, no caso de um ataque nuclear americano. Esse ataque nunca ocorreu, e agora três pessoas se encontravam ali protegidas de uma destruição muito maior.

– Já faz três meses que estamos aqui, Talya. Entendo que isso demora, mas precisaremos sair em algum momento. – Quem falava agora era Michael.

Após todo esse tempo de confinamento, Michael Phillips – chefe do laboratório onde aquelas pessoas trabalhavam antes dos eventos começarem – estava começando a sentir os efeitos de viver em um ambiente claustrofóbico. Do alto de seu 1,89 m de altura aquele galpão subterrâneo parecia ainda menor. E nem mesmo o azul de seus olhos ajudava a enxergar o que aconteceria a eles.

– Concordo com Michael, – acrescentou Diana, a terceira cientista presente naquele local – não acho que depois desse tempo todo ainda haja algo para nos preocuparmos. E de qualquer forma, mesmo que o mundo ainda esteja desabando lá fora, iremos morrer de fome aqui dentro uma hora ou outra.

– Tudo bem então, mas peguem o máximo de comida daqui que pudermos levar. Não sabemos o que nos espera lá fora.

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