Capítulo 2 - A criação

467 32 0
                                    

Nicolas Watt era um grande fã de literatura, principalmente dos clássicos, e colocar uma parte tão importante desse projeto em funcionamento o fez lembrar de um livro antigo, que havia lido ainda quando criança, no qual um médico tentava dar vida à uma de suas criações: um novo ser criado a partir de partes de cadáveres humanos. Mas haviam muitas diferenças entre o livro e o que estava realmente acontecendo naquele laboratório. A primeira diferença era que Watt não pretendia dar vida à um novo ser. A ideia era fortalecer o homem atual de tal forma que viver na Terra não se tornasse uma árdua missão de sobrevivência, e fazer isso, mesmo nos tempos atuais, ainda era de um grau de dificuldade gigantesco.

A outra diferença estava no cenário. As circunstâncias em que o planeta se encontrava não deixavam escolha para Nicolas, de tal forma que a sobrevivência de sua criação representava, também, a sobrevivência de toda uma outra espécie: a sua.

Não era um trabalho fácil, e Nicolas ficara com a parte mais difícil: juntar todas as ideias compiladas por uma equipe ao longo de anos de pesquisa para tornar o ser humano capaz de sobreviver em um ambiente hostil. Tudo foi friamente calculado para que nada desse errado, pois, caso contrário, não haveria uma segunda chance. Os ossos seriam substituídos, sem a fragilidade do cálcio; os pulmões modificados de forma a fazer uso não apenas do oxigênio, mas também do nitrogênio e do dióxido de carbono e a pele reforçada para aguentar o calor extremo e suportar as variações solares, de modo a proteger o corpo tanto na presença quanto na ausência da luz solar. Seriam feitas apenas as alterações estritamente necessárias à sobrevivência, além de que a forma humanoide permaneceria a mesma. Tudo para proteger uma das poucas coisas que seriam mantidas: o DNA humano.

Terra NovaOnde histórias criam vida. Descubra agora