Capítulo 21 - A verdade

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Estavam de volta à sua base de operações, que agora era considerada sua casa, após a conversa que tiveram naquele centro militar. Suas cabeças giravam com tudo que tinham ouvido. Não conseguiam imaginar que o surgimento daqueles três seres impossíveis seria uma surpresa pequena quando comparada à informação que agora eles possuíam.

Prochnost havia revelado tudo o que sabia, mais do que isso, havia mostrado os dados que comprovavam aquilo que ele falava. Simplesmente pensar no que aquela informação acarretava, em tudo que estava escondido deles por todos esses anos, era simplesmente aterrorizante. Durante toda a existência humana, uma dúvida cruel se perpetrava de geração em geração, preenchendo nossos sonhos e se alimentando de nossa imaginação. A pergunta, que guiava pesquisas científicas e trabalhos de ficção com a mesma intensidade, agora havia sido exposta àqueles cientistas, e a resposta era ao mesmo tempo surpreendente e frustrante. Estavam sozinhos no universo. O cosmos que antes abrigava uma infinidade de vida havia sido trazido à beira da extinção por seus antigos moradores. Uma infinidade de espécies erradicada pela guerra, planetas reduzidos a nada além de poeira e cinzas, os destroços vagamente sendo consumidos pelo sol e queimando na atmosfera enquanto a humanidade dava seus primeiros passos por um planeta órfão. A Terra se tornou o último local abrigando vida em todo o sistema solar e por falta de cuidado os seres humanos quase destruíram isso também. Agora, à beira do precipício, caminhando sobre as cinzas da civilização, aqueles seis habitantes eram a última esperança de ressurreição para a humanidade. Segundo Znaniye, a decisão precisava ser tomada pelos três cientistas, os Novos não podiam interferir. Todas as alterações que sofreram os distanciaram da humanidade de forma que não podiam tomar as decisões por uma raça da qual não faziam mais parte. E a decisão agora pesava sobre as costas daquelas três pessoas naquela casa caindo aos pedaços. Tinham os meios necessários para restaurar a vida, mas precisavam escolher: devolver a vida na Terra da mesma forma como era conhecida ou plantar a semente da fertilidade nos outros planetas e fornecer à humanidade possíveis irmãos e irmãs? Possuir o domínio de todo o universo ou dividi-lo com seres que não podiam sequer imaginar no que se transformariam? Devolver à vida a raça que destruiu o próprio planeta, ou as raças que destruíram quase todo o universo atacando uns aos outros?

Agora, deitado em um colchão duro no chão do seu quarto, Michael pesava todas essas opções e sua cabeça doía só de imaginar as duas possibilidades de futuro. Sabia que a decisão não cabia apenas a ele, mas não conseguia deixar de pensar em seu papel como líder do que restava de sua equipe. Sabia que o voto de minerva estaria com ele. Talia era desconfiada demais para apostar o futuro da humanidade em uma atitude que não sabiam o resultado. Provavelmente acreditava – conhecendo os seres humanos, e pelo que tinha ouvido Prochnost falar do passado da via láctea – que a única coisa certa nessa jogada é que ela resultaria em mais guerras. Acharia melhor ensinar a humanidade a ser uma espécie melhor, a achar um propósito em todo esse caos antes de oferecer a oportunidade de coexistirem com seres de outros mundos. Michael sabia exatamente o que ela diria: "meu Deus, nós quase nos matamos! Mal conseguimos coexistir com as espécies do nosso próprio planeta, o que vocês acham que vai acontecer ao adicionar outras espécies de outros planetas nessa equação?". Então não precisavam se reunir para que ele tivesse certeza da decisão de Talia. Diana, por outro lado, era otimista demais, esperançosa demais. Sempre via o melhor nas pessoas, queria acreditar no lado positivo de toda decisão que era tomada, por pior que ela fosse. Então, Michael também tinha certeza de que Diana apostaria no melhor de todos os mundos e que adoraria ver aquele futuro esperançoso que Prochnost a havia prometido. Mas ele também sabia que havia muitos outros fatores a serem levados em consideração antes de tomar uma decisão que afetaria tantas vidas. E isso tirava seu sono. Estaria pronto para tomar a decisão certa quando a hora chegasse? Poderia decidir sobre o futuro de toda uma raça? Preferia acreditar que sim, mas sabia a verdadeira resposta para essa pergunta.

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