Capítulo 22 - O plano

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Reunidos na instalação militar onde costumavam trabalhar, os Novos agora tentavam recolocar tudo em funcionamento. Já fazia alguns meses desde que a inversão geomagnética havia virado o planeta do avesso e o recolocado no lugar novamente. Agora, tudo o que restava espalhado pelo mundo eram os restos mortais dessa guerra. Os equipamentos dos laboratórios e os objetos de menor valor como mesas e cadeiras estavam completamente destruídos, impossíveis de consertar. Placas de Petri e tubos de ensaio quebrados dividiam espaço com telas de computador e lâmpadas estilhaçadas pelo chão. Se havia um lado positivo no meio de todo esse caos é que esses objetos não seriam tão necessários nesse momento. Todos os experimentos que necessitariam a utilização daqueles materiais estavam reunidos nos seres que agora arrumavam toda essa bagunça. A parte elétrica, a fiação e os cabos de ligação, entretanto, esses sim eram extremamente importantes e graças a uma pequena ajuda do acaso estavam, na sua maioria, protegidos embaixo da terra e livres da interferência de qualquer intempérie.

Enquanto Znaniye e Somneniye estavam ocupados na sala de controle reconstruindo alguns computadores, Prochnost se encaminhava para as instalações subterrâneas do Centro de Pesquisas Subterrestres do Exército. Sabia que dificilmente algo teria sido danificado por lá e foi correspondido por suas expectativas. Desceu as escadas e encontrou a sala de manutenções intacta. Todos aqueles tubos por onde os cabos passavam se entrelaçavam num emaranhado de metal que mais lembrava um labirinto de fios do que parte de uma instalação militar. Mas Prochnost não estava interessado naqueles tubos no momento. Para seus companheiros ele havia descido apenas para uma checagem de rotina, para verificar se havia algum cabo solto, algum tubo partido ou alguma fiação exposta. Sua mente, entretanto, estava direcionada para outro equipamento ali naquela sala, um aparelho com um poder que ninguém imaginaria.

Surgindo do chão como um monumento, um computador se erguia em uma pequena bancada retangular, nos fundos da sala de manutenção, que mais lembrava um troféu em um pedestal. Antes de toda a tragédia, da destruição da Terra e da quase extinção dos seres humanos, aquela extensão do exército se comunicava frequentemente com o governo unificado, sendo um dos centros militares de maior confiança do Imperador Carlos Marques. Embora corressem muitos boatos sobre a existência de um esquema secreto envolvendo aqueles militares, o que ocorria no Centro de Pesquisas Subterrestres do Exército não era oficialmente de conhecimento do público. Além de pesquisas que poderiam levar a população a um estado de pânico, como o próprio Projeto NOVA, aquela ala militar era responsável por garantir que a humanidade se mantivesse segura. E isso incluía possíveis tomadas de poder capazes de resultar em guerras civis ou outros tipos de rebelião que pudessem ameaçar o estado de segurança mundial. Sendo assim, o CPSE era o responsável por ter acesso à praticamente todos os sistemas de defesa de todo mundo, e isso levava até aquele computador, aquele pequeno objeto que estava à frente de Prochnost como se aguardasse pelo retorno do seu líder. Daquela pequena bancada era possível controlar todos os sistemas que ele precisasse, mas naquele momento Prochnost só se importava com um sistema em específico: o sistema do Serviço Espacial Russo.

Ligou o disjuntor ao lado da bancada, apertou um pequeno botão no computador e esperou. Para sua surpresa foi recebido com a tela verde característica da inicialização do sistema. Algo bem próximo de um sorriso começava a se formar em seu rosto. Estava tudo funcionando perfeitamente. Acessou os arquivos do Serviço Espacial e viu que a comunicação com os foguetes russos ainda estava funcionando. Ótimo, precisaria se esforçar menos do que havia planejado. Tinha todos os meios para atingir seus objetivos e tudo o que precisava agora era colocar seu plano em ação.

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