Capítulo 5 - Fim da Terra

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A ideia parecera absurda no início, mas a partir do momento em que todas as partes do mundo começaram a se desfazer em terremotos, tsunamis e ventos tão fortes a ponto de derrubarem, sozinhos, prédios construídos com a mais alta tecnologia os humanos ficaram sem opções viáveis.

Ninguém esperava uma inversão geomagnética àquela altura. A última havia ocorrido há mais de 800.000 anos, e como as inversões haviam ocorrido com um intervalo de aproximadamente 200.000 anos de diferença entre cada uma, todos acreditavam que o planeta havia se estabilizado e que essas coisas não aconteceriam nunca mais. Mas eles estavam errados.

Muito se especulava sobre o que uma inversão dos polos magnéticos da Terra poderia ocasionar, mas as principais ideias diziam que a vida no planeta não seria afetada. Dizia-se que os campos magnéticos não desapareceriam caso essa inversão ocorresse, que isso nunca foi experimentado durante toda a vida na Terra. Mas todos esqueceram uma coisa que também não havia ocorrido neste gigante globo azul durante esse período de constante mudança entre norte e sul magnéticos: a presença devastadora do ser humano.

A ideia de que diversas inversões já haviam ocorrido, que isso não afetaria a vida na Terra e que a ocorrência desses eventos estava além do que podíamos ou não fazer, – mesmo que ninguém soubesse o real motivo das inversões ocorrerem – transformou a mentalidade do ser humano de modo que ninguém se importava mais com a fauna e a flora ou com o que ocorria a elas. Incontáveis espécies de animais e plantas foram extintas sem que ninguém sentisse o menor pingo de culpa. Os sinais de que tinha algo errado eram claros: o ar estava mais pesado, os mares mais revoltos e o calor aumentava. Mas nada disso era percebido. Os aparelhos de ar-condicionado ocultavam grande parte disso e não deixavam que essas mudanças fizessem diferença no dia a dia.

Então o inesperado aconteceu. O Homo sapiens vivenciou a primeira inversão geomagnética do planeta na sua presença.

Como esperado, a Terra não teve seus polos invertidos de maneira rápida e limpa. Diversos outros polos surgiram espalhados pelo planeta como se o próprio globo não se lembrasse onde norte e sul deveriam estar. O que não se esperava, era que o campo magnético que protegia a Terra dos ventos solares desaparecesse. Cientistas diriam que ele não desapareceu realmente, mas sua força foi diminuída de tal forma que foi como se ele simplesmente não existisse.

Em todos os eventos iguais a esse que já haviam ocorrido no planeta o campo se comportou da mesma forma. A diferença é que, na época dos dinossauros, a Terra era coberta por montanhas e árvores que protegiam e absorviam grande parte dos ventos solares e das radiações eletromagnéticas emitidas pelo Sol. Com a destruição provocada pelas pessoas e pelas empresas não houve nada que pudesse proteger o mundo da destruição. E como uma locomotiva que sai atrasada da estação, correndo para tirar o atraso, ela chegou.

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