05.

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Um barulho alto e abafado acorda a menina de 5 anos de um sono profundo. Ela acorda assustada, praticamente pulando na cama. Ouve barulhos de coisas se quebrando quando se encontram com o chão, gritos abafados pelas paredes da pequena casa.

Mesmo assustada e sonolenta, a Anne tenta reconhecer os donos das vozes, até que o faz. São sua mãe e seu pai.

Eles haviam brigado bastante essa semana, devem estar no meio de outra briga agora, pensa tentando se acalmar.

Ela então só aguardou, com a cabeça abaixo do travesseiro. Os barulhos só aumentavam, o que a deixava cada vez mais assustada. A essa altura eles já deveriam ter se acalmado, afinal ambos teriam de trabalhar no dia seguinte, aquele emprego muito importante que eles nunca revelavam a ela.

Ela decidiu ver o que realmente estava acontecendo. Jogou longe seu travesseiro, calçou suas pantufas velhas e surradas que antes era semelhante a dois pequenos coelhos e foi em direção ao quarto dos pais.

Quanto mais se aproximava, mais os barulhos aumentavam. Agora ela conseguia entender o que falavam.

-ALICE, PARA COM ISSO! -Gritava o pai assustado. - O QUE ESTÁ FAZENDO? NÃO...

O barulho sessou de repente, como quando apertava o botão mudo, no controle da televisão.

Anne com sua mão na maçaneta, prestes a abrir a porta, recuou. A menina estava morrendo de medo. Engoliu em seco, receando que algo ruim teria acontecido.

Reuniu toda a coragem que existia dentro dela e virou a maçaneta, entrando no quarto.

A porta se abriu, permitindo a visão da mãe de costas, olhando para a cama e arfando, como se tivesse feito horas de exercício, em meio a escuridão.

-Mamãe? -Disse Anne com a voz fraca e baixa.

A mulher se virou, exibindo uma expressão de raiva em seu rosto e cabelos completamente despenteados. Sua camisola branca e suas mãos sujas de algo escuro e viscoso. A luz do luar que vinha da janela bruxuleava na face da mulher, a garota olha em seus olhos, a mãe estava fora de si.

-Mamãe, o que aconteceu? -Ela diz desesperada, já sentindo uma explosão de choro brotar em seu peito.

De repente a mãe muda de expressão, como se saísse de um transe. Ela vira de costas para sua filha novamente, levando as mãos ao rosto.

-O que eu fiz? O que eu fiz? -Ela sussurra desesperada, mais para ela mesma do que para a filha. Com as mãos tremendo ela começa a soluçar.

Anne finalmente se aproxima mais, assim ela consegue ver.

Seu pai, morto em cima da cama, sangue por todo o lençol.

O cheiro metálico do sangue a enjoava, ver o pai ali, morto, a deixava com uma mistura de sentimentos que uma garota de sua idade não deveria sentir.

Anne fica horrorizada.

-O QUE VOCÊ FEZ COM O MEU PAI? -Ela gritava, chorando, percebendo que a mãe fazia o mesmo.

Anne abre os olhos de repente, um grito alto sai de sua garganta. Ela se senta na cama arfando e com lágrimas nos olhos.

Isso foi alguma memória? Minha mãe teria mesmo matado o meu pai? Ela se questiona tentando voltar a respirar normalmente

Flash's do sonho passam por sua mente.

Suor escorria de sua testa, ela olha ao redor, confusa sem saber onde está. Quando seus olhos finalmente se acostumam com a escuridão ela se lembra. Estou em meu quarto na Sede, não no quarto que meu pai foi morto.

when the glade burns || tmr Onde histórias criam vida. Descubra agora