20.

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Quatro crianças e um guarda esperavam em frente à portas prateadas de um elevador. Anne sabia que as outras três crianças, dois meninos e uma menina, eram como ela. Os quatro, por algum motivo, tinham sido escolhidos entre todas as crianças- que Anne tinha certeza, conseguia escutar pelas paredes.

Um deles era Thomas, no qual já tivera contato antes. A garota tinha cabelos escuros e olhos claros, estava acompanhada de um garoto alto e magricela.

A ruiva tomou um susto quando as portas se abriram. De cara reconheceu Dra. Paige e Chanceler Anderson, mas havia mais dois jalecos lá dentro.

-Eles são todos seus -disse o guarda. Então, sem esperar resposta, se virou e saiu pelo corredor onde eles haviam chegado.

As quatro crianças se entre olharam.

-Estamos muito animados com o que iremos mostrá-los hoje. -o Chanceler disse enquanto os convidava a entrarem no elevador, apertando o botão de descer em seguida. -Nós achamos que a melhor forma de explicar o que estamos planejando é mostrar a vocês pessoalmente. Vocês logo vão ver do que estou falando.

Um silêncio constrangedor se instalou no elevador. 

-Primeiro as apresentações, não? -dra. Paige começou com um sorriso simpático. - Esses são Katie Mcvoy e Julio Ramirez. Thomas e Anne, esses são Teresa e Aris.

Enquanto se cumprimentavam e trocavam sorrisos, o elevador se abriu. Quando Anne estenderia a mão para cumprimentar Aris ele se distraiu, levando o olhar através das portas.

-Onde estamos? - perguntou ignorando a ruiva completamente.

Era um salão grande, quase do tamanho de um ginásio, suas tubulações expostas acesas com luzes azuis. Estava vazio co a exceção de centenas de fios e tubos aguardando para serem conectados, e incontáveis caixas e materiais de construção

-Nosso plano -diz chanceler Anderson. -É que este seja o centro de comando do que estamos chamando de Testes de Labirinto. Deve ser finalizada nos próximos meses, já os labirintos daqui três ou quatro anos.

Testes de Labirinto? as crianças não entenderam nada. O chanceler se vira esperando alguma reação, então se dá conta.

-Nosso estimado chanceler se empolgou um pouco, -diz Dr.Paige - mas tudo bem. Estão vendo aquela porta ali? Atrás dela há um escadaria que vai nos levar a uma plataforma de observação temporária. Queremos mostrar a vocês uma coisa, depois explicar para que vai ser usada. Estão prontos?

Rapidamente os quatro acenam positivo com suas cabeças, animados com toda essa exclusividade. 

Um dos jalecos que Anne se lembrava se chamar McVoy, se aproximou de uma tela e começou a digitar algo. A porta em que todos estavam concentrados se abriu, criando uma corrente de ar que escapava do vasto espaço aberto a sua frente.

-Estou certa de que vocês terão muitas perguntas. -McVoy disse se colocando a frente da porta. -E podemos respondê-las, uma de cada vez. As coisas serão diferentes para vocês quatro a partir de agora. Vocês vão saber muito mais e vão ficar muito ocupados.

-Ocupados com o que? -perguntou Teresa. 

O chanceler Anderson escolheu responder essa.

-Vocês vão nos ajudar a construir esse lugar.

~

Em seu dormitório Anne fazia anotações sobre o labirinto. O experimento havia começado a pouco mais de um mês e seu trabalho aumentava cada vez mais. Apenas um indivíduo havia sido levado, o próximo seria preparado ainda essa madrugada, para que amanhã amanhecesse- sem se recordar ou ter qualquer lembrança sobre sua vida- em uma enorme clareira cercada de labirintos.

A ruiva tinha que admitir que ela achava tudo isso um tanto perturbador, mas todos os encarregados do experimento disseram que não duraria tanto- talvez menos de um ano- e após todos os resultados todos os indivíduos teriam suas memórias de volta.

Batidas barulhentas e apressadas na porta de metal fizeram Anne borrar completamente suas anotações, fazendo um risco que atravessava toda a folha de seu bloco.

Thomas sem esperar resposta abre a porta abruptamente, ofegante.

-Thomas, o que foi? -ela disse se levantando ainda com o bloco e a caneta em mãos- O que acon...?

-Estão levando o próximo indivíduo para a cirurgia do Dissipador.

Anne o encarava sem entender.

-E o que tem nisso? -olha em seu bloco, confirmando algo. -Está tudo nos conformes, é hoje mesmo que eles levariam...

-Anne, é o Newt que está sendo levado, -os batimentos da ruiva se aceleram. -ele é quem perderá as memórias hoje. Anne, ele não se lembrara de nada.

Jogando seu bloco e sua caneta em qualquer lugar do quarto ela corre pela porta, com Thomas logo atrás. Preciso ao menos me despedir ela pensa, eles não tem o direito de fazer isso comigo. Correu o máximo que pode na direção em que ela sabia a estaria levando para o local onde faziam todos esquecerem. 

Era como uma imensa enfermaria, com várias salas separadas, não seria difícil encontrá-lo já que logo de cara vira uma quantidade absurda de guardas, que impediam uma garota loira de entrar em uma das salas.

-Ele é meu irmão! -ela berrava. -Tenho o direito de vê-lo. -a garota tentava avançar sem sucesso.

Anne se aproximou da confusão, chamando a atenção da loira. 

-Lizzy, se acalme. Vamos dar um jeito de você ver Newt. -dizia baixo para que os guardas não ouvissem.

-Só o Newt me chama assim. -disse com um olhar feroz porém com lágrimas molhando todo o rosto. -Esse não é mais meu nome, me chamo Sonya.

Anne entendia o mau humor da garota, ela mesma estava com uma vontade imensa de nocautear todos aqueles guardas para ver seu namorado.

-Gostaríamos de ver o indivíduo A5 antes das preparações. -Thomas, que chegou logo depois de Anne, tentava soar o mais profissional possível. -Ordens de Ava Paige.

Um dos guardas se põe à frente.

-Senhor, as preparações já começaram. Creio que o Dissipador já fez efeito.

A ruiva jurou que nesse momento tudo parou. 

Sua respiração.

A choradeira de Lizzy.

Seu coração.

Thomas tenta a confortar mas está tão chateado quanto ela. Os guardas se afastam finalmente liberando passagem, Lizzy corre de encontro a sala.

As lágrimas que Anne estava segurando foram liberadas com muita intensidade com a visão de Newt deitado naquela cama, e ela não conseguiria acreditar que  eles não se veriam de novo por um bom tempo enquanto se voltarem a se ver Newt não terá uma mísera lembrança sobre os dois.

Não conseguia acreditar no quão mal isso causou para a garota que abraçara o irmão desacordado enquanto dizia repetidas vezes o quanto o amava.

E o pior de tudo: não conseguia acreditar que de certa forma, ela quem os estava causando isso.




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