Capítulo 5-*A astúcia do veterano*

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Sergian abre os olhos lentamente, mas logo se sente incomodado pela claridade do local. Se acostumando aos poucos nota que estava novamente deitado na grama, só que de mato alto desta vez. Gostava da sensação de dormir ao ar livre, mas isso já estava se repetindo demais. Olhando ao redor, se vê em meio a uma floresta de mata fechada e densa, onde o sol penetrava delicadamente entre os poucos espaços das enormes árvores que balançavam harmoniosamente com o suave vento. Ao se levantar, sente um pouco de tontura e logo ouve algumas vozes conversando por perto, e pela quantidade de gírias, sabia quem falava naquele exato momento:

____... bizarro esse lance de teleporte. Cê tá em um lugar e quando pisca tá em outro. Quero passar por isso de novo não, muito ruim, na maior.

Sergian se vira de uma vez e vê Ângela de pé ao lado de uma grande árvore conversando com Dave e Diego, que pareciam concordar com ela. Ao avistar Diego, o garoto não consegue deixar de pensar no porque de dele estar ali. Ele não parecia o certo tipo de pessoa que tinha uma imaginação fértil, e vê-lo ali era no mínimo desconfortável. Com um profundo suspiro não consegue deixar de pensar que o destino não ia muito com sua cara.

Dave nota que Sergian já estava de pé e logo mostra um sorriso que crescia na medida em que se aproximava:

____Então já acordou, senhor Sergian! Já faz algum tempo que está dormindo, por isso resolvemos deixar que descansasse e também aproveitamos para repousar e conversar um pouco sobre este novo mundo e os últimos acontecimentos, que em minha opinião, não poderiam ter sido mais esplêndidos!

Sergian não sabia que tinha dormido, a sensação que tinha era a de acabar de chegar e pousar ali. Mas sua sonolência e a reação débil de seu corpo diziam que a afirmação do velho era verdadeira. Sem muito pensar sobre isso, resolve de maneira tímida se juntar ao grupo:

____Obrigado por cuidarem de mim. Mas... mudando de assunto, há quanto tempo estamos aqui? E afinal, onde estamos mesmo?

Ângela vê o garoto se aproximar e afasta alguns passos, ficando perto de Diego, que logo revela um sorriso maldoso e satisfeito ao ver aquilo. Sergian apenas ignora, pois já conhecia esse tipo de gente e ficava feliz em não compartilhar de proximidade. Mas Dave vê aquela cena com pesar, e logo após um suspiro cansado, responde:

____Bom, senhor Sergian, de acordo com a posição do sol estamos por volta de duas horas aqui, a maior parte delas dormindo, é claro. E em relação ao local exato, não sei dizer onde nos encontramos. Mas pela leitura que fiz do terreno posso dizer que existe uma cidade aqui perto, pois há uma estrada logo mais à frente que leva a saída da floresta. Se somar isso ao fato de termos visto alguns mercadores passando há poucos minutos atrás, pode-se dizer que deve ser uma cidade grande, é o que eu acredito estar certo.

O garoto ouve tudo e afirma pensativo. Se virando para ver melhor a floresta, algo o faz estudar com atenção cada mínimo detalhe do local. Sem saber por que, examina as árvores, a estrada e até mesmo a grama. Inúmeras possibilidades lhe vinham à mente, uma sobrepondo a outra, e logo pôde concluir com uma certeza que não sabia de onde vinha:

____O senhor tem razão. Tem uma cidade mais à frente sim, e posso dizer que é uma das grandes, com muralhas, cavaleiros e tudo. Pelo que parece também é uma cidade bem antiga, pelo menos eu acho que é...

Sem ter ideia de como sabia daqueles fatos, o garoto se sente confuso e para de falar aos poucos até se calar por completo. Dave o observa de forma analítica, como se pesasse cada palavra dita por ele, e Diego, desconfiado, pergunta maldosamente:

____Como é que você sabe que tem tudo isso mais à frente, Manchado? Você nem saiu do lugar pra falar essas coisas. Vamos confiar em você não, é melhor a gente sair e ver por nós mesmos.

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