Diego sentava-se na cama de baixo do velho beliche e lia novamente sua séria de livros preferidos, que era o que mais amava fazer. Quando terminava sua sessão de leitura ia escrever ou desenhar tudo que tinha visto como se estivesse em um treino diário para se tornar aquilo que mais desejava; ser escritor, ou quem sabe um ilustrador. Mesmo que seus pais dissessem que era ridículo um garoto de quatorze anos passar as tardes desenhando como uma criança sem noção de realidade, permanecia centrado, pois sabia que se tornaria um grande artista quando crescesse e teria que ler e fantasiar muito para alcançar esse objetivo. Entendia o porquê de o criticarem tanto, pois ninguém iria acreditar em sonhos se morasse em um minúsculo barraco de madeira na esquina de uma perigosa rua com mais quatro pessoas, que em seu caso eram o pai, a mãe, a irmã e a já de muita idade avó. Porém o que poderia fazer se não queria viver aquela realidade injusta?
Para seus pais ele era apenas uma perda de tempo, um sonhador desajustado. Seus lisos cabelos castanhos escuros caíam sobre os ombros magros e tremendamente brancos, o que refletia o estado de todo seu corpo e não chamava a atenção de ninguém, mesmo que tivesse olhos com um verde totalmente incomum. Porém não se importava com aquilo, pois preferia ficar em seu quarto lendo enquanto a irmã mais nova, Angélica, brincava com seus carrinhos, o que fazia o pai duvidar da opção sexual dos dois filhos ao mesmo tempo. Ela fazia sons estranhos com a boca enquanto andava com os carros de um lado a outro e quando encarava seu irmão com os animados olhos verdes, sorria largamente, como se estivesse satisfeita com a vida que tinha. Ao contrário dele, ela era linda, com pele levemente escura e cabelos lisos e muito bem arrumados. Enquanto passava o tempo no minúsculo quarto, sua mãe entra e os encara duramente:
____Acho que falei para ir comer já faz uns vinte minutos, por isso vão logo! E por favor, Diego, para de ler isso e faz alguma coisa mais interessante, meu filho!
Ele fuzila a mãe com o olhar; em que mundo alguém poderia achar que ler era desinteressante? Porém antes que reclamasse se lembra da situação que ela passava junto com seu pai, o que o força a sorrir e responder contra vontade:
____Vou agora, tô com fome mesmo. Vamos, Angélica? Se você vier comigo eu brinco com você mais tarde.
A menina dá um pulinho de alegria e abraça a perna do irmão que acabava de se por de pé:
____Você jura? Jura mesmo?
Ele sorri e acaricia sua cabeça:
____Eu juro! Mas só vou cumprir se você vier agora.
Dando um gritinho, ela corre na frente, passando entre a mãe e a velha porta. A mulher mostra um sorriso brando ao ver a filha passar, mas quando se volta para o filho, muda para uma expressão séria e pesada:
____Você fica, Diego, a gente precisa conversar sobre sua nova escola de novo.
Emburrado, o garoto se senta na cama pesadamente:
____Desencana mãe, a senhora sabe muito bem que eu não quero sair de lá.
Ela abaixa o triste olhar por um momento, mas ao respirar fundo torna a fitá-lo:
____Olha, filho, seu pai e eu não vamos conseguir manter você naquela escola e é por isso que tem que ir pra uma pública. Eu sei que fez muitos amigos, mas se não for desse jeito, não vamos conseguir sobreviver.
Ele sabia que estudava em uma escola particular, mas a mensalidade era tão ridícula que poderia ser chamada até de preço simbólico. Não tinha amigos lá, apenas gostava da ampla biblioteca e sair de lá seria perder todo aquele arsenal de informação. Inconformado, se levanta e responde já saindo do quarto:
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InMaster
FantasiCinco humanos serão transportados para Altarnia, um mundo entre o real e o imaginário, para enfrentar seus piores inimigos, as personalidades que eles mesmos criaram. O vencedor do torneio InMaster poderá se sentar no trono dourado e ter um desejo r...