Capítulo 7-*Persistência*

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"Rauling era um goblin asqueroso, fétido e de um insuportável ego, mesmo sendo o menor de sua raça. Todo seu povo o odiava e o queria longe, fechando portas e janelas ao seu passar. Porém, quando o dragão controlador do fogo Reedus decidiu que era hora de eliminar a repugnante raça dos goblins, ele foi o único a enfrentá-lo, sendo engolido em uma única mordida. Entretanto, dizem que ao devorar Rauling, o dragão teve uma enorme dor de estômago, o que o fez abandonar a ideia de extermínio e voltar para seu reino totalmente humilhado. Por isso Rauling é cultuado como herói de seu povo até hoje, por ser um goblin de ego insuportável e de uma autoestima invejável, a ponto de doer barriga de dragão."

Lenda goblin usada para justificar o termo "De doer barriga de dragão"



Fitando as inúmeras bolsas no chão e pensando no peso de seu escudo, Sergian ainda permanecia imóvel tentando entender o que estava acontecendo. Na verdade tinha até entendido, só não queria aceitar ter que carregar tudo aquilo, parecia injusto e pesado demais. Enquanto mantinha sua mente ocupada com aqueles pensamentos, nem percebe Diego se aproximar e dar um leve soco em suas costelas, o que o faz se dobrar de dor:

____Descontando por hoje cedo, idiota queimado.

Sergian queria revidar, mas a covardia e o peso do escudo não deixavam. Mas algo ali estava estranho, pois parecia que Diego não queria brigar, na verdade ele parecia muito calmo, até mesmo chateado. Se abaixando e recolhendo desanimado as bolsas no chão, ele diz:

____Daqui a pouco eles vão sumir de vista e a gente precisa chegar nesse tal dormitório o mais rápido possível. Sério mesmo, não tô afim de vacilar agora não.

Embasbacado, o garoto não conseguia acreditar no que estava vendo. Diego estava mesmo sendo quase normal com ele? Há quanto tempo isso não acontecia? Mas logo o rapaz justifica tal estranheza quando completa levando metade da carga em seus ombros:

____Eu tô morrendo de fome e não quero comer esse pão esquisito que o velho separou. Fome me deixa meio sem vontade de fazer as coisas como, te bater, te xingar, te ameaçar... você entendeu, eu preciso de energia pra fazer tudo isso. Por isso vamos logo!

Aborrecido, Sergian se abaixa e recolhe as bolsas restantes. Se tinha entendido bem, quando Diego estivesse sem fome iria voltar ao normal e as agressões voltariam a acontecer. Sentindo uma ponta de preocupação com uma possível futura surra, não consegue deixar de pensar "Você deveria ficar com fome pra sempre". Olhando para frente via que o general e os outros tinham sumido do nada e aquilo era um problema, pois não fazia a menor ideia de onde seria tal dormitório. Diego começa a correr enquanto ele ainda lutava para dar alguns passos vagarosos. O peso era tanto que parecia surreal que ainda estivesse de pé. Vendo que Sergian não conseguia andar, o rapaz esbraveja à frente:

____Manchado, anda mais rápido aí! Quero chegar no lugar ainda hoje!

Não querendo ser um empecilho, Sergian faz mais força e consegue dar uma corrida lenta, que era melhor que nada, mas ao olhar para frente nota que tinha perdido Diego de vista também, o que não era tão ruim assim. Fazendo o caminho de volta e passando entre algumas casas com médias árvores ao redor, sente o suor e o cansaço preencherem seu corpo, era peso demais. Ao fechar os olhos para tenta pegar mais fôlego, tropeça em algo e cai secamente, derrubando todas as bolsas. Sentindo que o joelho estava de alguma forma molhado e ardendo, olha ao redor a procura do que tinha provocado aquilo e logo vê um alto e esguio garoto de cabelos cacheados loiros e olhos perversamente negros. Ele se vestia como um aprendiz de escudeiro e se aproximava com um cruel semblante que ele conhecia muito bem. Sergian se levanta sentindo um pouco de dor pelo corpo e encara melhor o rapaz, perguntando timidamente:

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