Como se caísse pesadamente em seu corpo, Rilarc abre os olhos de uma vez sentindo uma incômoda pontada em sua nuca. Confuso e olhando ao redor, não via nada além das pútridas árvores negras com quatro espécies de caminhos tomados por um estranho breu e o mesmo fétido filete de água envenenada que seguia sinuosamente por eles. A neblina permanecia densa, mas agora parecia pesada, sufocante, quase palpável. Se levantando com dificuldade devido à tontura que sentia, pensa no que tinha ocorrido. Pelas lembranças soltas em sua mente, sabia que tinha derrotado os mercenários e tomado o forte, sendo logo em seguida derrotado por uma feiticeira. Fora isso não fazia ideia do acontecido ou sequer de onde estava. Vendo que não ganharia nada parado ali, saca sua espada e começa a andar pelo pântano a procura de alguém de seu grupo.
Seguindo pelos vários caminhos tomados pela escuridão, o cavaleiro segue por meia hora em todas as direções sem ter sucesso em sua busca. Porém o que o mais preocupava era perceber que sempre voltava para o mesmo lugar. Respirando fundo e sentindo a densa névoa gelar seus pulmões como um frio veneno, toma outra direção e retorna a sua caminhada determinado a encontrar algum companheiro. Pensava em como eles deveriam estar, ou pelo menos se estavam ali. Não temia que estivessem mortos, pois o pouco tempo que passou com eles era mais que suficiente para saber que não cairiam por qualquer besteira, por isso não desistiria de encontrá-los, demorasse o tempo que fosse.
Ao voltar pela vigésima vez ao mesmo lugar, o cavaleiro nota que uma das árvores a sua frente era diferente das outras. Ela era mais clara e firme, sendo até possível dizer que era normal. Se aproximando dela, nota que estava gravado em seu grosso tronco um recado provavelmente feito à faca: "O caminho correto é por onde a neblina se torna mais fraca e menos sufocante". Confuso, Rilarc olha ao redor para ver se havia alguém escondido por ali e por coincidência nota que em uma das quatro entradas a neblina estava de fato menos densa, sendo possível até ver um pouco mais além. Porém, mesmo com a confirmação da dica, não segue de imediato. Em sua exaustiva caminhada não se lembrava de ter visto antes uma árvore mais clara ou um espaço com menos névoa. Confuso, pensa no que Matt faria em seu lugar, já que ele tinha solução para tudo e refletindo por um momento, conclui que aquelas perguntas nunca seriam respondidas enquanto estivesse parado.
Ao percorrer aquele caminho, percebia que a neblina ficava menos densa a cada passo que dava, sendo possível respirar melhor. Porém, ao atravessar o escuro local e seguir por poucos minutos olhando tudo ao redor com desconfiança, o cavaleiro volta ao mesmo lugar onde tinha visto a árvore mais clara. Aturdido, nota que a única diferença ali era que a névoa estava mais fraca. Se dirigindo à estranha árvore em passos cuidadosos, percebe que ela estava mais clara e suas folhas mais numerosas e vivas, porém o mais intrigava nela era a nova e simpática frase gravada em seu tronco: "Ótimo! Agora que chegou até aqui, porque não segue pelo caminho onde a água não tem cor?". Com a estranha sensação de que estava sendo observado, o cavaleiro olha ao redor e vê que todos os caminhos tinham a mesma água roxa, tóxica e sem vida. Porém, ao olhar com mais atenção, nota que em um deles ela era límpida, clara, até se arriscando a dizer que era normal. Se pondo a pensar no que deveria fazer, decide seguir a dica dada pela árvore, mesmo que aquilo parecesse uma armadilha. A medida em que caminhava nota que não sentia mais o mau cheiro, o que poderia significar que o veneno tinha se esvaído. Se aprofundando ainda mais no escuro caminho, Rilarc chega novamente ao mesmo lugar, só que agora a neblina quase não existia e a água era totalmente normal. Olhando tudo ao redor com uma forte desconfiança, se vira para a árvore mais uma vez e nota que era agora estava mudada, pois sua madeira tinha mais cor e suas folhas apresentavam um forte verde mais vigoroso. Se aproximando com cautela, lê sua mensagem sabendo que teria mudado, "Impressionante! Mais uma vez tenho que te parabenizar, mas infelizmente o jogo ainda não acabou. Porém fique alegre, pois é a penúltima etapa. Agora siga pelo caminho onde as árvores possuem mais vida!". Rilarc se vira e nota que todas as árvores eram iguais e ao examinar todos os caminhos tem certeza de que não havia a menor diferença entre elas. Seja o que fosse que estivesse fazendo aquele estúpido jogo, não tinha o ajudado a passar daquela parte. Impaciente, quase volta para novamente ler o recado, porém para de imediato quando uma folha amarelada e luminosa cai perto de seus pés e flutua na límpida água. Se abaixando para pegá-la, sente o gentil calor dela aquecer seus dedos. Olhando para cima, nota que algumas árvores daquele caminho tinham pouquíssimas folhas desse mesmo jeito, todas escondidas em meio à escuridão pútrida de tantas outras folhas mortas. Se sentindo um pouco mais aliviado, mesmo sem saber se era de fato para estar seguindo aqueles recados, Rilarc se põe a seguir a trilha com velocidade e nota que a cada trecho que passava as árvores iam ganhando cor e vida. Suas folhas ficavam cada vez mais amarelas e brilhosas e seus troncos mudavam do negro sem vida para um vermelho claro e vivo. Sentindo um pouco mais de esperança, o cavaleiro corre com mais velocidade e chega mais uma vez ao local que esperava; a clareira com quatro caminhos. Agora tudo estava mudado. Não havia neblina alguma, o que facilitava a visão, e as árvores pareciam estar tão vivas que poderiam começar a brilhar a qualquer momento quando banhadas por aquela pequena água límpida. Tornando-se novamente para a mesma árvore, vê que agora ela estava maior que todas as outras e suas raízes tomavam o chão com força e delicadeza. Ao se aproximar o recado que estava gravado em seu tronco brilha singelamente em um azul claro sereno: "Estou sem palavras com seu absoluto desempenho! É impressionante que tenha conseguido isso tão facilmente, o que prova sua tamanha inteligência e fé. Mas agora o último teste se faz necessário, pois preciso da minha floresta de volta tanto quanto necessita da sua liberdade. Corte esta árvore ao meio e eu o libertarei!". Sem se conter o cavaleiro ri do último desafio, pois não esperava que fosse tão fácil. Ele tinha cortado árvores em toda sua vida para colher lenha para esquentar a comida, pelo menos em sua falsa vida tinha feito isso. Agora só deveria reproduzir este feito para poder sair da floresta e não teria dificuldade alguma em fazer isso.
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InMaster
FantasíaCinco humanos serão transportados para Altarnia, um mundo entre o real e o imaginário, para enfrentar seus piores inimigos, as personalidades que eles mesmos criaram. O vencedor do torneio InMaster poderá se sentar no trono dourado e ter um desejo r...