Capítulo 6-*A Cidade dos Cavaleiros*

5 5 0
                                    


No pouco tempo em que tinha chegado naquele novo mundo, Sergian já havia encontrado seres que nunca poderia imaginar existir fora de seus pensamentos. Mas mesmo assim ainda não tinha visto o que mais desejava; um cavaleiro. Ele sabia que de tudo que era incrível ali, os cavaleiros eram algo de menor importância para todos os outros. Porém para ele, que sempre se imaginou como um grande guerreiro, isso significava a realização de um grande sonho. Por isso era torturante esperar o dia amanhecer em volta de uma irritante fogueira acompanhado por três silenciosas pessoas que lhe eram totalmente estranhas e às vezes, desagradáveis. Mas se só tinha isso para fazer, não havia o porquê de se queixar.

Dave e Ângela estavam sentados em um troco de árvore bem perto do fogo, já Diego tinha arranjado um manto muito grosso e estava deitado sobre ele há algum tempo. Pelo que parecia, estava chateado com seu "desempenho" em meio ao sequestro, por isso sequer se virava para ver o que os outros faziam. Como de costume, Sergian se mantinha longe das chamas, usando uma das bolsas como almofada para sentar no chão. O mais estranho naquela situação era que ninguém falava há algum tempo, criando um clima desagradável. Porém, para aliviar a tensão, Sergian tenta puxar um assunto, mesmo que timidamente:

____O dia... foi estranho, não é mesmo?

Aquela era uma das frases mais faladas quando não se tinha nada para falar, mas de súbito todos, com exceção de Diego, dirigem o olhar para ele. Sem saber o que dizer e sentindo uma estranha pressão, completa:

____É...tipo, seres estranhos, poderes, sequestro. Muita coisa, não é mesmo? O que me lembra, obrigado a vocês dois pela ajuda. Foi impressionante de verdade.

Ângela torce a boca e responde rispidamente:

____Fui obrigada a tirar o seu da reta. Por isso agradece não, valeu?

Dave pega um pedaço de pão e mordisca delicadamente, dizendo em seguida:

____Mas sua atuação nos impressionou, senhorita Ângela. Derrubou dois dos três inimigos com extrema maestria usando os princípios do boxe, pelo que pude observar. Com quem aprendeu a lutar de forma tão bela?

Nesse momento Diego se vira e observa a garota com curiosidade. Sem perceber, Sergian também fazia o mesmo, pois queria saber como ela podia ser tão boa. Olhando ao redor e se sentindo de certa forma pressionada, Ângela joga um galho que estava ao seu lado no fogo e responde visivelmente envergonhada:

____Foi a minha mãe quem me ensinou. Ela era uma boxeadora peso-leve que conseguiu o título mundial em menos de três anos, coisa que ninguém mais fez. O sonho dela era que eu fosse uma grande boxeadora também, por isso me ensinou tudo que eu sei sobre a luta. Depois de alguns acontecimentos... eu tive que melhorar sozinha.

Duas coisas impressionavam Sergian naquele momento. A primeira era o fato de Ângela não ter usado gírias enquanto contava a história e a segunda era ele saber quem era sua mãe:

____Sua mãe é a campeã mundial Sarah Macgrinder? Ela não era uma mulher normal, era épica! A velocidade dos golpes e o balanço que fazia enquanto lutava eram perfeitos. Nunca foi derrubada e nunca teve um combate que a fizesse lutar com tudo que tinha. Até os homens tinham medo de enfrentar ela no ringue. Uma lenda, sem dúvidas.

Ao ouvir aquilo a garota mostra um belo sorriso alegre e ele pôde ver pequenas covinhas em suas bochechas, como se antigamente ela tivesse o costume de sorrir. Se levantando de uma vez e ensaiando alguns animados socos no ar, ela diz empolgada:

____Mano, cê não viu nada. Ela tinha um golpe especial, era um "corckscrew" com impulso e a inclinação certa que se pegasse, "boomm", era nocaute no mesmo segundo. Eu quase aprendi, mas não consigo fazer quem nem ela. Ninguém consegue superar minha mãe quando o assunto é meter porrada!

InMasterOnde histórias criam vida. Descubra agora