Capítulo 17-*O peso*

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Sergian olhava fixamente para o grupo inimigo à sua frente e via o sorriso estampado no rosto de cada um, mesmo que Vanessa estivesse a ponto de chorar ao ver Rilarc tão ferido. Existia neles uma aura, uma felicidade que não queria captar, mas que sua consciência o forçava a ver. Tinha falhado miseravelmente e quando seu grupo mais precisou, teve medo e foi totalmente ineficaz; assim como sempre foi. Não queria acreditar e nem sentir, mas também conseguia ver os sentimentos deles, a tristeza, revolta, raiva, tudo por sua culpa. Olhando para trás, vê que Ângela gemia de dor e se mexia levemente, estava bem, por isso não iria até ela agora, pois tinha vergonha do que tinha feito, vergonha do que era.

Cécalo reaparece imponente no centro da ponte juntamente com os outros dois juízes, um a cada lado. Mostrando um frio sorriso satisfeito que não escondia seu prazer em ver aquela carnificina, diz de braços abertos:

____Oh, mas que glorioso evento pude presenciar! Devo parabenizar o esplêndido desempenho de ambos os grupos e ressaltar que estou extremamente feliz em ver que ambos os times deram tudo de si para realizar o objetivo aqui proposto. Porém temo dizer que o tempo avança e é preciso seguir em frente, por isso venhais ao centro para receberem as premiações.

Sergian se vira e vê que Diego tentava ajudar Dave a se levantar, mas o velho, mesmo ferido, faz um gesto com a mão e se levanta sozinho:

____Acredito que se eu fosse derrubado por pouca coisa assim não estaria aqui hoje, senhor Diego. Por isso, muito obrigado, mas sou bem capaz de cuidar de mim.

Era impressionante ver que mesmo naquela idade ele ainda possuía tanto vigor a ponto de ignorar a dor dos tiros recebidos. Respirando fundo e tomando um pouco de coragem, Sergian resolve ajudar Ângela, e ao se aproximar da garota e do velho sente uma enorme energia negativa. Seu escudo estava imensamente pesado, carregado pela culpa como nunca esteve antes, mas mesmo assim podia carregá-lo. Passando pelo velho que mancava enquanto segurava o peito ferido, o escuta dizer friamente:

____Sua inutilidade se mostrou impressionante, senhor Sergian, e posso dizer que me deixou mais que decepcionado, também deixou impressionado. Acredito que devemos rever quem queremos em nosso grupo.

Ele nada responde, não tinha argumento contra aquilo e por isso as lágrimas brotam quentes em seus olhos. Revoltado, Diego toma a frente:

____Caramba, Dave, ele fez o que pôde! Você sabe que Sergian tem medo de fogo, é só olhar pra cara dele e vai perceber que isso foi algo muito traumático! Não faz sentindo botar a culpa nele, até porque todos aqui, mesmo feridos, estão bem.

O velho fita o rapaz com o mesmo ódio selvagem que mostrara na competição:

____Estamos bem? Você realmente acredita que estamos bem, senhor Diego? Olhe o estado da senhorita Ângela! Bastavam dois centímetros para a direita para não a termos mais conosco! Perdemos a primeira competição e posso dizer com toda minha convicção que não irei tolerar perder novamente! Não vim para este mundo para ser um perdedor! Agora eles sabem qual é a fraqueza de Sergian e vão usar isso contra nós em todas as competições. Isso virou uma competição de três contra quatro.

Achando tudo aquilo injusto, Diego ia rebater, mas é interrompido por Sergian que diz de cabeça baixa e ocultando o rosto com vergonha:

____Chega, Diego, foi culpa minha mesmo. Mas por agora vamos cuidar das prioridades e depois conversamos sobre isso com mais calma.

Os dois olham para ele com sentimentos diferentes e opostos, mas viam que ele tinha razão, tinha outros assuntos a resolver. Tomado pelo peso, Sergian vai até Ângela e de perto vê que ela tinha as costas queimadas e pelo tamanho do ferimento a cicatriz iria ser grande. A garota mordia os lábios, gemia de dor e soltava alguns palavrões com frustradas lágrimas nos olhos; não chorava pela dor do fogo e sim por ter perdido a competição. Repousando o pesado escudo no chão, se abaixa e toca levemente seu braço:

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