Capítulo 24-*A verdade*

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Solidão, frio e dor. Era isso que Sergian sentia desde que deixara seu grupo para confrontar aqueles inúmeros inimigos armados. No primeiro momento, quando estava à frente deles, sentiu uma enorme sensação de dever cumprido, de estar sendo finalmente útil a alguém; só não esperava que fosse doer tanto. E agora, naquele breu vazio de vida, tinha a estranha sensação de que algo odioso estava sempre perto, o livrando da gélida sensação. Era confuso, pois por mais que não gostasse da presença que o ajudava, se sentia aliviado por ela estar ali, mas já que nada fazia sentido naquele inabitado lugar, era hora de acordar.

Ouvindo um murmúrio ao longe, abre os olhos aos poucos, até porque tinha uma incômoda luz piscando acima e isso não o deixava de forma alguma dormir em paz, mas antes escuta uma desesperada voz dizer:

____Mas que droga! Ele não merecia isso...

Outra pessoa chorava um pouco mais atrás, mas por quê? À frente vê alguns vultos borrados e, sem conter a curiosidade, pergunta com a voz embargada pelo sono:

____Quem não merecia o quê, Diego?

À sua frente estavam Diego, Ângela e Dave com expressões assustadas em seus rostos. O amigo se aproxima em lentos passos de Sergian com seus olhos muito abertos:

____Você... não tinha que estar morto, Sergian?

Sem entender, Sergian se levanta:

____Eu, morto? Por que eu tinha que estar morto?

De súbito Ângela corre e o abraça apertado, o fazendo corar e perder o ar dos pulmões. A força dela era tanta que podia jurar que se continuassem por mais alguns segundos de fato morreria, mas logo ela aninha a cabeça em seu ombro, o umedecendo com as lágrimas de alívio:

____Que bom que você tá vivo! Se cê não tivesse vivo eu ia ficar na fossa pra sempre...

Eles ficam naquela posição por um momento até que ela percebe o que estava fazendo e se separa de uma vez, empurrando-o com força o suficiente para que caísse de costas:

____Cê é um merda! Quem mandou ir sozinho? Se fizer isso de novo eu vou dar oitenta socos nas suas bolas!

Sabia que era apenas uma ameaça, mas só o fato de imaginar fazia doer do mesmo modo. Vendo a nítida preocupação nos olhos da garota e o enorme alívio em Diego, se levanta e diz com um singelo sorriso:

____Me desculpem, mas eu achei que tinha que fazer alguma coisa. Eles iam encontrar vocês, por isso eu fiz o que fiz. É justo já que eu estava devendo aquela da competição.

O único que permanecia emudecido era Dave, que tinha uma expressão enigmática no olhar. Como de costume ele coça o queixo e pergunta:

____Senhor Sergian, como pode estar vivo? Será algum tipo de catalepsia ou doença de quase morte? Bom, o que na verdade mais me intriga é fato de suas roupas estarem em farrapos, mas seu corpo, intacto.

Não tinha percebido, mas sua roupa estava mesmo furada em vários pontos. Aos poucos, forçando sua mente, se lembra dos vários tiros que conseguiu defender e os muitos que não pôde evitar, mas não se recorda de ter morrido, se é que era possível ter memórias disso:

____Não tenho ideia de como estou vivo, senhor Dave. Eu nem sei que lugar é esse ou como fui trazido pra cá. Só lembro de levar muitos tiros e da escuridão. Será que alguém me protegeu e me resgatou?

Diego pensa um pouco e logo diz:

____Pode ter sido alguém dos Protetores de Altarnia. Não é a missão deles é fazer com que nós fiquemos sempre bem?

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