5 - De pé atrás

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Ele fica próximo o suficiente para estender a mão e apresentar-se...

— Eu sou Kane! - Uau.

— Angel! - Eu não estava muito confortável por saber que estava sozinha com um estranho.

A sua mão é grande e forte, confortável demais para se cumprimentar assim, ele exalava perigo por todos os poros e o perigo sempre foi o meu ponto fraco.

— Como conheceste este lugar?

— O dono é amigo do meu avô e ele trouxe-me cá algumas vezes.

— Humm. - ele parece pensar em algo.

— E tu? - a pergunta sai disparada da minha boca.

— Eu? - ele parece atrapalhado com a pergunta - Eu vi o teu carro e resolvi saber se estavas bem.

— É, então acho que vou andando.

— Eu acompanho-te ao carro.

Seguimos em silêncio até ao parque de estacionamento e cada um entrou no seu veículo, todo o caminho até à vila eu fui escoltada e só fiquei sozinha o desde o bar da vila até à casa do meu avô. Ele é estranho, quem será esse tal Kane?

Segunda feira, nove da manhã e o avô já está lá fora a trabalhar no duro, ele está a construir uma pequena casa em madeira para guardar o material, era impossível ele estar quieto um minuto, acordei de bom humor por isso decidi arranjar-me um pouco mais que o normal com vestido curto mas ténis e despeço-me do avô porque tenho uma encomenda para entregar e se Brandon sonha que eu me esqueci do seu pedido, eu estou frita. Vou até à cafetaria onde Alice está sozinha no balcão, quando lhe entrego os presentes do meu irmão os olhos dela brilharam como dois diamantes e para provar tanta alegria eu tirei uma foto que enviei para Brandon.

— Eu adorei os presentes, não era necessário!

— Alice não nos conhecemos à muito tempo mas eu preciso saber o que tu achas do meu irmão.

— Eu não sei, ele é lindo, romântico e inteligente, quando o vejo fico nervosa e o meu coração bate muito forte.

— Ok eu entendi é a tua primeira paixão certo?- ela fica corada de imediato - Ei não tem mal nenhum nisso.

— Vou fazer panquecas para nós duas, senta-te que eu já levo.

— Com um copo de leite simples e fresco por favor.

Sentei-me numa mesa e lia a resposta de Brandon quando senti um grupo de pessoas passar, era um grupo de homens jovens onde George também se incluía, estavam fardados e pareciam ser todos colegas, o agente apenas acenou com um bom dia, talvez por estar fardado e com os colegas. Levantei-me para ir ajudar a Alice com os pedidos, coitada ela não tem mãos a medir e mesmo depois de olhares atrevidos eu servi todos bem calada e bem comportada e só passado longos minutos é que tivemos tempo para sentar a comer e a falar um pouco. Ela estava muito preocupada com o pai e ao que parece o irmão está sempre a trabalhar, ao que parece ele não tem o bom relacionamento com o pai por isso fica tudo a seu cargo dela, coitada! A mãe deles morreu quando ela nasceu, deve ser difícil para uma menina crescer sem uma figura materna, eu nunca me viria sem a minha querida mãe, Alice tem vinte e dois anos tal como eu mas é muito inexperiente o que lhe dá um ar de adolescente, para ajudar ela veste vestidos floridos com ténis e um rabo de cavalo, entendo agora o porquê do seu ar angelical fascinar o meu irmão, não há meninas assim na nossa cidade.

Deixo ela trabalhar em paz mas combino de regressar no dia seguinte para fazermos algo juntas visto que ela terá alguém que a ajuda na cafetaria duas vezes por semana, vou até ao mecânico da vila que é grande amigo do meu avô e encomendo um novo conjunto de pneus porque sei que embora os meus sejam novos vão ficar gastos depressa com as corridas.

Volto ao local onde encontrei Michael e onde fiz a corrida que foi interrompida pela polícia, preciso treinar um pouco, tenho o meu portátil ligado ao carro para ver como se comporta com algumas das alterações que fiz algum tempo atrás, sim engenharia mecânica era o meu sonho. Algum depois tempo um carro aproxima-se, um carro que nunca vira antes na vila, passo ao seu lado e travo bruscamente ao encarar George. Paramos o carro e cada um saí dos mesmos, ele já não está fardado, que raio...

— Boas manobras! - que sorriso lindo.

— Estava a testar algumas alterações.

— Então sempre és uma mecânica? - ele ri, porquê os homens acham piada a uma mulher que entende de máquinas?

— Sim é a minha paixão.

— Uma mecânica e corredora! - gelei com as suas palavras.

— Eu não corro!

— Angel não é preciso mentir eu tenho certeza disso. - Ele parece saber demasiado sobre mim.

— E se fosse?

— Sabes que não há problema nenhum! - ele vem até ao meu lado e encosta-se ao meu carro tal como eu estou.

— Problema nenhum Sr polícia! - Não acredito nas suas palavras.

— Fazemos assim eu guardo o teu segredo para que não tenhas problemas com autoridades enquanto que tu fazes umas apostas por mim, preciso de dinheiro extra! - Não estou a gostar da ideia, algo me diz que vou ter problemas.

— E se eu não aceitar?

Ele coloca-se na minha frente e pega numa mecha do meu cabelo que delicadamente coloca por trás da minha orelha mas em seguida sorri com maldade, volta para o carro dando partida e desaparecendo deixando um problema nas minhas mãos. Lá se foi a vontade de continuar a testar o carro por isso regresso a casa mesmo na hora de almoço e acabo por ajudar o avô a terminar a sua casinha de jardim, troquei algumas mensagens com a minha família e Alice antes de ir deitar. Saio de casa no dia seguinte bem cedo e vou buscar Alice que quer ir até à cidade para comprar algumas roupas, maquilhagem e outros artigos femininos, almoçámos num restaurante fast food e depois ela passou no cabeleireiro para mudar um pouco o visual que eu amei, decidimos regressar só no final do dia e eu até convidei ela para jantar lá em casa mas ao que parece Alice está preocupada com o pai que está pior a cada dia.

O avô deixou o jantar pronto mas tinha um bilhete a avisar que tinha ido ter com o Joe o dono do bar da vila, eles estavam a arranjar qualquer coisa lá no bar, assim sendo eu não janto e convido Michael para sair, ele está na cidade que fica a uma hora de caminho mas eu não me importo de conduzir tanto tempo para jantar num bom restaurante. Visto algo bonito que comprei hoje, faço uma maquilhagem e saio rumo ao bar para avisar o meu avô porque ele deixou o telemóvel em casa como sempre, já são 19:40 e eu quero chegar cedo à cidade.

Estaciono o carro na porta d bar que embora seja cedo já está a meio gás, na porta estão algum senhores da vila que conheço por serem amigos do avô e que cumprimento rapidamente mas ao entrar vejo Kane no bar a falar com o avô e Joe...

— Olhem como cresceu a bela Angel! - Joe saí de trás do balcão para me abraçar fazendo todos olharem para mim.

— Boa noite Joe, já tinha saudades disto! - olho à volta e vejo que ele tem modernizado o bar.

— Vais sair querida? - o meu avô pergunta quando lhe passo o seu telemóvel para a mão.

— Vou jantar com um amigo na cidade mas não te preocupes já sou crescidinha.

— Juízo menina, já sabes sem multas nem batidas. - o meu avô é exagerado.

— Vou tentar avô! - Mando um beijo a todos e saio do bar deixando para trás o olhar inquiridor de Kane.

Anjo de dia (Livro2)Onde histórias criam vida. Descubra agora